Certificado CFP: confira os destaques da Planejar 2022

O Congresso reuniu economistas e profissionais certificados CFP para debater economia, mercado financeiro e o panorama da certificação no Brasil.
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PorDaniel Keny - 10/11/2022
Atualizado em 04/11/2022
8 min de leitura

No dia 24 de outubro, ocorreu o Congresso Internacional Planejar 2022, evento que reuniu economistas e profissionais certificados CFP para debater economia, mercado financeiro e o panorama da certificação no Brasil.

Responsável por formar profissionais e promover o processo de certificação CFP no Brasil, a Planejar é uma das entidades de planejamento financeiro filiadas à FPSB (Financial Planning Standards Board), instituição norte-americana que gerencia o controle da marca CFP® fora dos Estados Unidos.

Um dos temas centrais do evento foi o crescimento da categoria e do campo de atuação dos planejadores financeiros no Brasil. Além disso, os especialistas abordaram alguns fatores determinantes para o profissional certificado CFP atuar com efetividade no cenário atual. Os principais insights foram:

  • A análise do passado é fundamental para entender o futuro;
  • O processo de inflação e alta de juros culminará em recessão global, impondo mais desafios para os investidores. Diante desse cenário, o profissional certificado CFP reforça seu papel na entrega de melhores resultados para os clientes;
  • A política fiscal brasileira vai determinar, em grande medida, o comportamento do mercado local.

A seguir, confira os temas de maior destaque no evento e o contexto no qual se inserem os tópicos acima. Boa leitura!

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Dicas para o profissional certificado CFP

Segundo o ranking FPSB, existem 230 mil CFPs no mundo. O Brasil é o quarto colocado neste ranking, conta com 8.500 planejadores financeiros e a estimativa é de que, em 2023, o número cresça para 10 mil. EUA (92 mil), China (27 mil), Japão (24 mil) e Canadá (17 mil) lideram a lista.

Segundo Noel Maye, CEO da FPSB, a organização enxerga nos próximos anos uma convergência cada vez maior entre o planejador financeiro e os serviços automatizados. O futuro híbrido, com consultores com valor diferenciado, surge como caminho e vem afastando o medo da indústria de que o serviço humano pudesse ficar obsoleto.

“Aprendemos que não dá para competir com o computador. Mas, sim, podemos ser os melhores profissionais humanos. E a certificação forma os melhores consultores do mercado“, afirmou Maye.

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A psicologia financeira, empática e construtiva, foi destacada como a melhor forma de construir relações fortes com os clientes. Para o especialista em finanças e certificado CFP Paulo Colaferro, essa forma de atuação modernizada – somada à formação de qualidade, credencia o planejador financeiro.

“Hoje é desafiador [convencer o cliente], precisa de muito fundamento e tem que discutir tudo com ele. É preciso muita habilidade emocional. O conhecimento sobre finanças evoluiu muito entre os investidores, portanto o atendimento personalizado é o grande diferencial do planejador financeiro”, analisou.

O CFP no cenário atual

Diante de um mundo efervescente em acontecimentos políticos e econômicos, um dos papéis do certificado CFP é proporcionar ao seu cliente tranquilidade para a tomada de decisões de investimentos. Outra característica dos tempos atuais é a demanda dos clientes por maior participação no planejamento, em atuação conjunta com o CFP. 

Para além dos ganhos financeiros, a confiança é o benefício que os clientes mais buscam. “A nova geração de clientes é muito bem informada, eles buscam respeito e colaboração. É o futuro do planejamento financeiro”, observa Maye. 

Contudo, Colaferro alerta que, no Brasil, ainda predomina o mercado onde as instituições avaliam seus colaboradores mais pelo volume de vendas do que pelo atendimento focado nas necessidades de cada cliente:

“Nossa comunidade de certificados vai levando conhecimento para o mercado. Vamos fazer cada vez mais propagandas e eventos para mostrar ao cliente final o valor de um certificado CFP”, destaca.

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Olhar para o passado

Em um debate no qual os participantes reconheceram a importância do conhecimento sobre o histórico financeiro como a chave para gerar melhores resultados, o consultor de investimentos Mark Higgins defendeu a necessidade do estudo de eventos do passado.

“Olhem para o passado e não ouçam tanto o barulho diário das notícias. É mais útil saber mais do passado para planejar o futuro”. Higgins afirmou que a história tende a se repetir de forma cíclica, assim, permite olhar para crises anteriores e não replicar os mesmos erros. 

O consultor destacou, ainda, a resiliência do mercado. Ele trouxe o exemplo da pandemia, que “levou os investidores a venderem de forma agressiva suas ações em 2020, sem entenderem que os bancos centrais fariam de tudo para combater uma queda do mercado.”

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Guerra e inflação: ensinamentos

Raphael Palone, certificado CFP e sócio da FK Partners, fez referência à pesquisa de Daniel Gilbert conhecida como “a ilusão do fim da história” – o estudo mostra que as pessoas subestimam as mudanças futuras, enquanto suavizam o passado – por exemplo, as grandes crises econômicas.

Após a Primeira Guerra Mundial, a inflação disparou com a impressão de moeda pelo governo para estimular a economia. No ano passado, o Fed fez o mesmo no pós-pandemia, mas a inflação não baixou e houve uma demora para subir juros”, explicou Palone.

Ao analisar os anos após a Primeira Guerra Mundial, nota-se alta taxa de empregabilidade, salários altos, fábricas a todo vapor e preços subindo. Esses fatores, segundo Higgins, causaram a inflação que se viu a seguir, levando a uma grave depressão financeira em 1921. 

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Para ele, o cenário é semelhante ao que temos hoje. “Em 2021, houve o movimento de subida dos juros dos Bancos Centrais. Interessante relembrar que a inflação começou a subir exatamente como foi após a Primeira Guerra. Os BCs subiram as taxas sem coordenação entre si e a resposta econômica a esse aumento de juros é igual.”

Recessão à vista

Contudo, Higgins acredita que a crise não será tão grave como a de 1921, embora tenha potencial para ser “bem dolorosa”. O consultor entende que os bancos centrais falharam no uso das reservas e na política fiscal no pós-pandemia.

Tais falhas devem impactar o estabelecimento do equilíbrio financeiro diante dos choques econômicos da atualidade até que, enfim, encontre-se o nível correto de inflação. Porém, estaremos diante de uma recessão. 

“Nos últimos 17 meses, houve um acúmulo de juros e chegaremos ao ponto de deflação e recessão econômica, que acontecerá em breve”, prevê Higgins.

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Brasil: o que esperar da economia nos próximos anos?

Neste debate, o economista Carlos Kawall elencou três temas centrais: a inflação global; as políticas restritivas adotadas pelos BCs, com taxas de juros internacionais ainda subindo; e a geopolítica global, com foco na Europa e na desaceleração do crescimento da China.

O economista destacou a característica da inflação americana de crescer alimentada pelos salários nominais. Kawall afirmou que os juros elevados vão ditar a desaceleração do crescimento dos EUA, que deve ser de 0,4% em 2022 e 2023. Enquanto a China cresce na faixa de 3% no mesmo período.

Diante do cenário internacional limitante para o crescimento dos países emergentes, Kawall defende a necessidade de “zelar pelos nossos fundamentos macroeconômicos e fiscais”. Para ele, o Brasil tem espaço para se inserir como o grande “fornecedor do mundo ocidental” e o novo governo precisa entender essa circunstância.

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Política fiscal brasileira

Roberto Dumas, mestre em economia com mais de 30 anos de experiência no mercado financeiro, concordou com a premissa de que o aspecto fiscal será o fiel da balança. Dumas afirmou que o Brasil não pode elevar os gastos:

“Tem que ter olhos de lince para política fiscal expansionista, o mercado está dando waiver para essa política fiscal, mas terá que ter arcabouço fiscal antes do waiver e muito cuidado na utilização dos bancos públicos.”

Sergio Vale, mestre em economia e comentarista de economia da CNN Brasil, opinou em conformidade com seus colegas no debate. “A questão fiscal não tem como não ser o ponto central de atenção em 2023. Quando a gente fala dela, estamos falando de algo amplo, que é a estabilidade macroeconômica”, disse.

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Agronegócio: motor da economia

Na visão de Kawall, o agronegócio vem ajudando a dinamizar a economia brasileira nos últimos anos. Como grande produtor de commodities, o Brasil vem se beneficiando do contexto internacional de escassez de matérias-primas, que é um efeito colateral da retomada econômica após a pandemia.

Se por um lado prejudica a atividade nos países desenvolvidos, por outro, beneficia os grandes exportadores, como o Brasil. Para reforçar essa tese, Vale afirmou que a renda está crescendo nos estados do agronegócio – segundo o economista, em locais como Mato Grosso e Goiás, o agro responde a 70% do PIB.

“Com a explosão de preços, injeta-se riqueza nesses locais. A renda agrícola, até 2019, sempre foi em torno de R$ 600 bilhões, agora estamos em R$ 1,3 trilhões, isso gera um impacto de renda que não é nada trivial”, disse o economista.

Vale ainda ressaltou o potencial existente para o Brasil na ampliação dos negócios com a Índia, que é um mercado com enorme potencial de consumo. Outra oportunidade que o economista enxerga é o aumento da demanda por etanol e açúcar no sudeste asiático.

Mercado de capitais

No ano passado, foram emitidos R$ 722,2 bilhões em ativos mobiliários, recorde para um único ano, segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O resultado significa um crescimento de cerca de 66,7% ante 2020.

Na B3, já são mais de 5 milhões de contas de pessoas físicas abertas, mostrando que o  número de contas e CPFs acompanha o crescimento do mercado de capitais. 

Kawall lembra que, até alguns anos atrás, os bancos públicos mediavam grande parte do crédito e, em sua opinião, a alocação era mal feita. Com a maior disponibilidade do mercado de ações no Brasil, hoje mais investidores podem participar da bolsa, do mercado de renda fixa, papéis incentivados, entre outros ativos.

Vale finalizou sua participação no debate convergindo com o certificado CFP, Mark Higgins, sobre a importância de  “olhar o que não deu certo nos últimos anos” para evitar retrocessos.

O economista ainda pontuou que se houver estabilidade fiscal nos próximos anos, o BC poderá reduzir as taxas de juros para um dígito, fortalecendo novamente o mercado de capitais. 

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Segundo a FPSB, a convergência entre o profissional certificado CFP e os serviços automatizados será cada vez maior.

Portanto, saber utilizar as ferramentas tecnológicas para tornar as rotinas de trabalho mais eficientes e o atendimento do cliente completamente personalizado é um grande diferencial para o planejador financeiro.

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