Rússia e Ucrânia: como a guerra afeta o preço das commodities
Nas últimas semanas, o mundo inteiro tem se chocado com os desfechos da guerra entre Rússia e Ucrânia. Para além de todo rastro de horror e terror que uma guerra implica, o mercado também se atenta às possíveis consequências sobre as cadeias produtivas globais.
Levando em consideração que os dois países são fortes produtores agrícolas e possuem grandes reservas de fontes energéticas não renováveis, como gás natural e petróleo, uma das consequências diretas do conflito entre Rússia e Ucrânia é a disparada do preço de diversas commodities no mercado internacional.
Além do surgimento de incertezas pelo lado da oferta, promovidas tanto por dificuldades de logística, destruição de capital fixo ou perda de mão de obra, a implementação de sanções contra a Rússia por diversas nações também faz com que a demanda sobrecarregue outros países.
Para saber quais são as principais consequências da crise geopolítica nas commodities mundiais e como o Brasil é afetado pela oscilação dos preços internacionais, fique neste artigo.
Guerra entre Rússia e Ucrânia: Energia
Petróleo
Mesmo antes da erupção dos conflitos armados, o preço do barril do petróleo já se encontrava inflado devido ao aquecimento da demanda mundial pela retomada da atividade em diversos países com a mitigação da pandemia.
A Rússia é um dos grandes fornecedores de petróleo para o mundo e, principalmente, para a Europa. A descontinuação do fornecimento internacional poderia levar ao desabastecimento de energia em alguns países e acelerar o processo de transição energética como consequência.
Após a invasão, no dia 25 de fevereiro, o barril chegou à cotação de US$ 100, maior patamar em sete anos, e, desde então, o país encontra dificuldades para encontrar compradores, com o preço bastante abaixo do mercado internacional.
Após autoridades americanas mencionarem embargo ao produto russo, o petróleo BRENT ultrapassou US$ 139 no último domingo, dia 6 de março. Desde a metade de janeiro, a variação do barril BRENT já superou 40%.
Gás Natural
Tal como o petróleo, a Rússia é um grande exportador de gás natural para a Europa, responsável por 40% das importações do continente.
A incerteza em relação a distribuição do produto e às sanções impostas pelo ocidente, como contra o gasoduto russo Nord Stream 2, fizeram com que o preço da commodity disparasse nas bolsas internacionais.
Após o ataque russo à usina nuclear ucraniana Zaporizhzhia, maior da Europa, a cotação do gás TTF, referência europeia, atingiu novos recordes, superando EUR 200 por MWh.
Guerra entre Rússia e Ucrânia: Agronegócio
Trigo
O trigo vem sendo uma das commodities mais afetadas pelo conflito. Tanto a Rússia quanto a Ucrânia se posicionam entre os maiores exportadores de trigo do mundo. Apenas para a safra de 2021/22, o USDA projetava que ambos os países exportariam 59 milhões de toneladas.
As incertezas relacionadas ao fornecimento do grão ao resto do mundo fizeram com que o preço da commodity disparasse, acionando o limite superior de alta pelo 5º dia seguido. Desde janeiro, seu preço já se valorizou mais de 70%.
Apesar de não corrermos tanto risco de desabastecimento por conta da produção argentina, a alta dos preços já afeta empresas do setor, como a dona da Piraquê, que já perdeu quase R$ 700 milhões em valor de mercado.
Milho
Rússia e Ucrânia também são grandes exportadores de milho, respondendo por cerca de 19% do comércio global.
Embora o Brasil, como grande produtor, possa se beneficiar da redução da oferta internacional e da elevação dos preços, o produto deve ter maior peso no bolso do consumidor final.
Soja
Assim como o milho, o Brasil é um grande exportador de soja e o aumento dos preços pode beneficiar o mercado agro doméstico.
Ainda, a Ucrânia é o maior exportador de óleo de girassol do mundo e uma quebra da cadeia produtiva pode fazer com que os consumidores substituam-no por óleos derivados de outros grãos.
No entanto, a soja também é o produto brasileiro mais importado pela Rússia, o que pode implicar uma redução da demanda pela commodity nacional. Desde o final de janeiro, o valor da soja futura já subiu 21%.
Fertilizantes
Além dos bens agrícolas em si, a Rússia também é uma potência na exportação de nutrientes derivados do nitrogênio, do potássio e do fosfatado, essenciais na composição de fertilizantes.
Para o Brasil, a quebra dessa cadeia implicaria grandes prejuízos para o mercado agro, uma vez que o país importa cerca de 80% dos fertilizantes utilizados nas suas culturas.
Na última sexta-feira (04/03), a Rússia pediu a suspensão da exportação dos produtos por conta de problemas de logística amplificados pela guerra.
Outros produtos afetados pela guerra entre Rússia e Ucrânia
Embora a guerra não afete diretamente a produção de commodities como açúcar e algodão (soft-commodities), o impacto sobre o petróleo gera uma série de efeitos secundários.
Diante da alta dos preços do petróleo, a demanda por biocombustíveis, como o etanol, produzidos através da cana, milho e soja, aumenta em desfavor da produção do açúcar. Com a redução da oferta de açúcar pela maior utilização da biomassa para combustíveis, observa-se uma aceleração no preço do produto.
O algodão também viu seus preços acelerarem uma vez que as fibras naturais passaram a ser uma alternativa atrativa frente ao aumento do preço das fibras sintéticas.
Outro setor afetado também deve ser o de carnes. Além da Rússia ser uma forte importadora da carne brasileira, principalmente de frango, a elevação do preço dos vários grãos mencionados no artigo encarece a cultura de animais pelo aumento do custo da ração animal.
Infelizmente a guerra gera uma série de consequências negativas que não se limitam aos agentes envolvidos. O mercado internacional e o preço das commodities devem seguir bastante voláteis até que o conflito chegue ao fim e que as cadeias produtivas sejam restauradas, o que ainda deve levar um tempo.
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