Diversificação de investimentos no exterior: aprenda a montar sua carteira

Veja o que é preciso para ter diversificação de investimentos fora do Brasil. Especialista ensina a começar e analisa cenário global.
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PorEdnael Ferreira - 14/10/2021
Atualizado em 27/07/2022
8 min de leitura

Já ouviu falar em diversificação de investimentos no exterior? Com essa estratégia, você segue o ditado de nunca colocar todos os ovos em uma única cesta.

Convidamos Guilherme Telhado, COO da V10 Investimentos, para falar sobre o assunto e ensinar como montar uma carteira com foco na diversificação internacional.

O que significa diversificação de investimentos e qual a sua importância?

Diversificação de investimentos é a estratégia que consiste em aplicar em ativos financeiros diferentes. Ela pode ser usada por investidores de todos os níveis de experiência, conhecimento e patrimônio. 

Vale para todo mundo por seu objetivo ser balancear a carteira de investimentos para reduzir riscos e aumentar ganhos. E quem é que não quer isso, não é mesmo?

Quando você distribui o dinheiro em vários ativos diferentes, a queda de um deles afeta somente parte do seu patrimônio. E ainda é possível que a valorização de outro ativo da carteira compense o prejuízo da queda. 

Por outro lado, se todo seu patrimônio está atrelado a apenas um tipo de ativo, o perigo aumenta. Nesse caso, uma queda brusca pode colocar tudo a perder ou trazer grande prejuízo, pois todo o seu risco fica condicionado a um único produto financeiro.  

“A ideia de diversificar carteira é literalmente dividir a sua posição de investimentos em ativos que não são correlacionados”, diz Telhado.

“É ter um pouco de renda fixa, um pouco de renda variável, um pouco de moeda […].  E balancear essa carteira de modo que um risco tende a compensar um pouco o outro”, exemplifica.

Diga-me em que investes e eu te direi quem tu és 

Telhado alerta que “Antes de ter os ativos, é muito importante […] estudar o perfil de risco”.

Sendo assim, é fundamental compreender o quanto de risco você está disposto a correr através do teste de suitability.

Ele classifica o investidor como conservador, moderado ou agressivo. Por exigência da CVM, todas as instituições financeiras devem oferecer aos clientes os ativos adequados aos seus perfis. Então é bastante comum que corretoras tenham questionários que os clientes devem responder para ter uma experiência mais personalizada em suas plataformas.

Os perfis de investidor

Em linhas gerais, a definição de cada perfil de investidor é a seguinte:

  • Conservador: tem maior aversão a risco, por isso prefere ativos de renda fixa, que apresentam baixo ou nenhum risco e certa rentabilidade.  
  • Moderado: está disposto a correr certos riscos em troca de um pouco mais de rentabilidade, mas a sua segurança continua sendo importante. Investe em renda fixa e em alguns ativos de renda variável.
  • Agressivo: corre maiores riscos em troca de uma rentabilidade igualmente maior. A maior parte de seu patrimônio está em renda variável. Devem ter maior conhecimento do mercado financeiro e inteligência emocional para lidar com as ocasionais perdas que farão parte do seu modo de investir.

Leia também:
Finanças comportamentais: Você investe de forma racional?

Com o conhecimento de seu perfil, o investidor pode montar uma diversificação de investimentos que corresponda a sua realidade. Depois disso, é preciso pensar na liquidez de sua carteira, isso é, na facilidade e velocidade que os ativos têm de virar dinheiro novamente.

Cada investidor terá uma necessidade de liquidez diferente. Há ativos que podem ser resgatados a qualquer momento, outros em apenas em dias úteis ou ainda depois de um prazo pré-estabelecido. 

“A gente tem que fazer umas mesclagem de todos esses componentes: risco, liquidez e os produtos disponíveis no mundo inteiro para montar uma carteira diversificada”, afirma Telhado ao ensinar os primeiros passos para uma diversificação de investimentos com foco internacional

Por que investir no exterior?

Existem várias as razões que tornam vantajoso o investimento fora do Brasil, algumas delas são:

  1. Preservação do poder aquisitivo: aplicando em moedas estrangeiras, sobretudo o dólar, o patrimônio é menos afetado com eventuais crises do real.
  2. Proteção contra crises políticas: a política brasileira impacta os investimentos do país. Se os investimentos forem feitos em países com políticas mais estáveis, há menos chances de perder dinheiro.
  3. Mercados maiores: estima-se que o mercado estadunidense, por exemplo, seja 33 vezes maior que o nosso. Logo, há uma imensa variedade de ativos que podem ser adquiridos. 
  4. Potencial do dólar: a moeda estadunidense é a mais forte do mundo e influencia a economia global. Além disso, é mais estável que o real, pois tem maior controle inflacionário ao longo do tempo. 
  5. Exposição ao mercado internacional: há também oportunidades de rentabilidade. Fatores sociais, políticos e tecnológicos podem favorecer mercados internacionais e é possível surfar nesses cenários com a diversificação no exterior.
Ao investir fora do Brasil, a carteira  fica mais protegida, pois não fica condicionada somente ao cenário nacional. Além disso, é possível aproveitar melhores oportunidades em mercados de outras partes do mundo. (Foto: Andreahast / Envato).

Quais são as formas de investir fora do Brasil?

A diversificação de investimentos no exterior pode ser feita através de ativos brasileiros. Telhado explica que existem vários fundos nacionais que investem direto nos Estados Unidos, na China, na Europa, entre outros mercados.

Também existem os  ETFs, que também são fundos, mas replicam índices de mercado. É possível encontrar ativos desse tipo que replicam benchmarks internacionais. Além de BDRs, certificados que representam ações de empresas emitidas no exterior. 

Por outro lado, há a possibilidade de investir diretamente no exterior. Para isso, é necessário abrir uma conta numa corretora do país correspondente. 

“E o brasileiro pode fazer isso tranquilamente, dentro da lei, não tem o menor problema. Pode ter contas lá fora. A única coisa que tem que observar é a legislação dos países para não quebrar nenhuma regra e não deixar de pagar nenhum imposto”, esclarece Telhado. 

Leia também:
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O que é melhor: BDRs ou investir no exterior?

Com o que começar a diversificação de investimentos no exterior?

Telhado aconselha: “Para quem quer começar a colocar o pé lá fora […] pode fazer a compra de um ETF do S&P 500”.

 “O IVBB11 é um ETF que vai te entregar a rentabilidade do índice S&P 500 dolarizado”, pontua. “Ele te dá uma proteção cambial, porque está dolarizado. Você está aplicando, basicamente, nas 500 maiores empresas listadas na bolsa americana”.

“Mas, novamente, tem que obedecer muito o perfil de risco. Nada de ficar colocando todo o dinheiro num ativo desses porque, querendo ou não, é bolsa, pode cair e pode subir, tem lá seus riscos”, adverte.

Atenção na hora de trazer o dinheiro do exterior para o Brasil

Telhado avisa que a diferença entre ativos brasileiros e estrangeiros pode tornar inviável o processo de trazer o capital investido pra cá.

Ao vender BDRs, por exemplo, o dinheiro cai na conta em até 2 dias.

Já no exterior, o dinheiro cai na conta estrangeira. Caso você queira usá-lo aqui, será preciso trazê-lo de volta. Esse processo pode ser desvantajoso por causa das taxas.

A taxa de câmbio e impostos são pagos tanto para mandar o dinheiro, quanto para trazê-lo. “Então é preciso pensar muito”, conclui.

Leia também:
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Um pouco de contexto: entendendo o que está acontecendo no mundo antes de investir

Para investir com sucesso, é preciso conhecimento. Por isso, aplicações fora do Brasil precisam ser acompanhadas de estudos sobre o que está acontecendo lá fora. Na nossa live, Telhado respondeu algumas perguntas sobre o cenário econômico internacional.

Questionado sobre a China, o especialista diz que a situação está delicada.“É uma questão não tão econômica e mais política”, analisa.

 “O governo chinês está entrando em atrito com grandes empresários e, com isso, grandes empresas chinesas que têm suas ações no mercado financeiro”.

Telhado exemplifica analisando a Alibaba, maior plataforma de comércio online no mundo. O presidente da companhia, Jack Ma, chegou ficar três meses longe do público devido à tensão com o governo. Como resultado, as ações da empresa caíram bastante.

”É uma empresa que dá lucro pra caramba. Pode ser uma oportunidade? Pode. Mas como é uma questão do governo, não sabemos quando isso vai ser resolvido e como vai ser resolvido”, diz.

Além disso, “Outra questão que coloca um pouco de risco na China é a relação comercial com os Estados Unidos. Ela veio com tapas e beijos com o Trump. Agora com o Biden não ficou muito claro como que vai ser”, acrescenta.

“Acho que é uma grande oportunidade, porém o risco está muito grande nesse momento”.

A diversificação de investimentos de Guilherme Telhado e da V10 Consultoria Financeira

No encontro, o consultor financeiro falou também sobre como está distribuindo os ativos mundialmente no cenário que estamos vivendo.

“Nós estamos mais com uma exposição no mercado americano no momento. No nacional, estamos privilegiando renda fixa até 1 ano, justamente para ficar com a liquidez boa no pré-eleitoral. Estamos colocando no percentual de CDI e IPCA, porque a Selic está subindo e a inflação não está cedendo de jeito nenhum.”

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Selic e inflação: entenda de uma vez por todas a relação entre elas!

Nas ações do Brasil, Telhado está investindo no chamado pacote de recuperação econômica pós-Covid. Isso envolve ações dos setores de varejo, viagens e consumo. Ou seja, “Tudo que pode se beneficiar numa recuperação mais forte da nossa economia”. 

“Nos EUA, a gente tem focado muito nas grandes empresas, mas sem concentrar demais em Apple, Google etc. Essas empresas de tecnologia surfaram muito na onda de liquidez imensa que tanto os governos americano e europeu e bancos centrais mundiais colocaram no mercado. Então, são empresas que estão com os múltiplos extremamente esticados. Se parar essa injeção de capital, e uma hora vai parar, elas podem sofrer muito”

“Então estamos focando muito no pacote de recuperação da economia americana também”, completa.

De modo geral, Telhado e a V10 estão mais focados nos EUA e deixando um pouco de lado Europa e Ásia. “China mora no coração, mas o risco está alto, então estamos fora no momento”, conclui. 

Leia também:
Veja como eventos do governo americano e do mundo impactam o 2° semestre

Quer entender mais sobre a diversificação de investimentos? Assista à live na íntegra

Para ficar por dentro de outros destaques, veja a live completa sobre diversificação de investimentos com foco internacional, com Guilherme Telhado:

Use o Gorila para controlar seus investimentos no exterior!

Aprendemos que diversificação de investimentos é importante, tanto dentro quanto fora do Brasil. 

Para diversificar é preciso aplicar em vários ativos diferentes e através de plataformas distintas. Isso pode causar confusão. Mas só se você ainda não usa o Gorila

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*Texto escrito sob supervisão de Álvara Bianca

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