É um bom momento para fazer investimentos no exterior?

O Gorila levantou dados sobre investimentos no exterior que mostram a preferência daqueles com menos dinheiro por esse tipo de ativo. Convidamos o especialista em mercados globais, Marink Martins, para analisar e comentar todos os achados do levantamento. Confira.
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Por Daniel Keny - 03/08/2022
Atualizado em 22/08/2022
6 min de leitura

Recentemente, comentamos aqui no blog sobre o importante movimento do Itaú no mercado – o banco comprou a corretora Avenue, que foca em investimentos no exterior. Aproveitamos a deixa para listar 10 corretoras para investir no exterior.

Em paralelo, a equipe de Business Intelligence do Gorila levantou dados sobre investimentos fora do Brasil. Ao analisá-los, observamos um comportamento mais agressivo dos investidores que possuem menos de R$ 20 mil e uma redução sutil nos investimentos daqueles com patrimônios acima de R$ 300 mil.

Marink Martins, especialista em mercados globais e estrategista da empresa de serviços financeiros MyVOL, nos ajudou a traçar correlação entre os dados e o mercado de investimentos para que, enfim, pudéssemos responder: afinal, é um bom momento para fazer investimentos no exterior? Confira.

O que mostra o levantamento do Gorila sobre os investimentos no exterior?

Fonte: Gorila

No intervalo de um ano, entre abril de 2021 e de 2022, apenas 3,8% dos usuários fizeram investimentos no exterior. A porcentagem é baixa, embora tenha havido um tímido crescimento de 0,8% no período.

Além disso, dados de 2021 do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostraram que a proporção de investimentos no exterior em relação ao PIB do Brasil era de 3,7%. Assim, é fácil ver o potencial de crescimento desse mercado.

Mas, por que ainda tão poucos brasileiros incluem na carteira de investimentos ativos internacionais? Para Marink Martins, a resposta passa pela educação financeira.

“Além do ponto de vista tributário, que gera um certo receio, existe um viés de investir no que é mais familiar, essa tendência se chama home country bias [viés doméstico]. Sendo assim, com melhor educação financeira, o investidor que mantiver a mente aberta vai tirar vantagem das oportunidades que surgirem ao diversificar geograficamente os investimentos.”

Confira:
Ações no exterior: 14 empresas que abriram capital foral

O potencial da diversificação geográfica na hora de investir

Apesar do potencial existente em mercados mais maduros e menos voláteis do que a bolsa brasileira, vale lembrar que a alta da inflação e dos juros ao redor do mundo, exacerbada pela guerra na Ucrânia, deve impedir o crescimento dos investimentos no exterior em 2022.

Dados da B3 já mostram queda no volume de vendas de BDRs e ETFs no primeiro trimestre do ano, denotando a aversão ao risco do investidor. Marink, defensor da tese de diversificação geográfica, orienta:

“Venho dizendo que é hora de vender ativos nos Estados Unidos e comprar em mercados emergentes. No curtíssimo prazo está turbulento, devido à valorização do dólar. Mas, no longo prazo, com um fim de ciclo expansionista nos EUA, com recessão ou desaceleração, vejo os mercados emergentes performando bem melhor.”

Saiba mais:
Diversificação de investimentos no exterior: aprenda a montar sua carteira

Marink destaca o potencial do mercado asiático: “Com os BDRs e ETFs disponíveis na B3, o investidor pode investir na Ásia, que é um mercado que tem uma boa perspectiva no horizonte longo. Na China, vejo perspectiva positiva já no curto prazo. Apesar das tensões da covid, a atuação intervencionista do governo deve resultar em um segundo semestre mais positivo – e, se a China performar bem, é positivo para o Brasil.” 

Mas e quanto aos títulos do tesouro americano?

Com o ciclo de alta da taxa de juros nos Estados Unidos, muitos se perguntam se é o momento de investir nos títulos do tesouro americano, que está pagando mais aos investidores e é um dos ativos mais seguros do mundo. A exposição ao dólar ajuda a proteger a carteira da volatilidade do câmbio.

Embora seja bom para prevenir riscos, os treasuries não são indicados por Marink, caso o objetivo seja rendimento. “No passado distante, os treasuries representavam uma ótima defesa de carteira. Hoje é diferente, com a inflação elevada, há muita incerteza. Quer investir em renda fixa? Minha sugestão é que avalie aqui, dentro da nossa própria curva de juros”, opina.

Fonte: Gorila

Quem tem menos, arrisca mais nos investimentos no exterior

Os dados do Gorila mostram que aqueles que têm menos de R$ 20 mil investidos arriscam mais, alocando 21% do patrimônio em investimentos no exterior. O que leva quem tem menos a arriscar mais?

Na opinião de Marink, o menor patrimônio se relaciona, também, com a faixa etária. “Esse segmento com patrimônio abaixo de R$ 20 mil é mais jovem, dados da B3 mostram que essa faixa de investidor cresceu muito”. Para o estrategista de investimentos, a questão comportamental pesa na escolha dos ativos para esse público:

“Quanto mais jovem, o investidor estará mais ancorado em marcas como Apple, Tesla, Google, Facebook. Essas empresas eram caras, negociavam a múltiplos esticados, nada mais natural que testemunharmos um declínio. É natural alocarem dinheiro em ideias disruptivas, assim como fazem com o varejo eletrônico aqui no Brasil”, diz.

Os dados da B3 mencionados por Marink mostram que 26% dos investidores da bolsa têm entre 18 e 24 anos. O perfil médio dos novos investidores, que ingressaram na B3 entre 2019 e 2020, também é jovem: 32 anos, com renda mensal de até R$ 5 mil e com visão de longo prazo, disposto a manter suas posições mesmo com a alta volatilidade do mercado.

Uma pesquisa da Financial Conduct Authority (FCA), órgão regulador financeiro do Reino Unido, mostra dados que convergem com a opinião de Marink. Segundo a FCA, três quartos dos investidores mais jovens (menos de 40 anos) dizem que se sentem competitivos ao investir em produtos de alto risco, como criptomoedas e títulos de dívida com alto retorno.

Leia também: 
Criptomoedas 2022: confira o perfil de quem investe

E quem tem mais… vem reduzindo os investimentos

No gráfico acima, também é possível observar que houve queda no número de investidores com patrimônio acima de R$ 300 mil em investimentos no exterior, de 16% para 14,5%. Mas quais fatores econômicos explicam essa redução de volume na faixa de investidores com mais dinheiro?

“Uma parte dessa queda é justamente a diminuição do preço relativo dos ativos internacionais, principalmente nos EUA. Conforme se desvalorizam, a participação dos investidores com mais renda na velha economia ganha espaço”, afirma Marink.

O estrategista da MyVOL define como velha economia aquela ligada aos produtores de commodities, empresas tradicionais e indústrias. “A velha economia, em termos relativos, vem performando melhor do que as empresas disruptivas. Vivemos a old economy revenge [revanche da velha economia, em tradução], ou seja, as empresas tradicionais, como a Petrobras, estão performando muito bem”, explica.

Na leitura de Marink, assim se “reduz o espaço para investimentos mais ousados fora do Brasil”. Conforme a nossa análise das melhores ações no primeiro semestre de 2022, é possível observar que destacaram-se na bolsa empresas consolidadas dos setores bancário, de seguros, energia e commodities:

AltasTickerEmpresaVariação
1CIEL3Cielo65,93%
2ELET6Eletrobras PNB47,04%
3ELET3Eletrobras ON40,85%
4HYPE3Hypera Pharma36,39%
5BBSE3BB Seguridade30,06%
6BEEF3Minerva Foods28,46%
7CPFE3CPFL Energia26,45%
8BBAS3Banco do Brasil21,47%
9PETR4Petrobras PN19,31%
10PETR3Petrobras ON19,06%

Quanto alocar em investimentos no exterior?

Fonte: Gorila

Os usuários do Gorila que possuem investimentos no exterior alocaram, no último ano, em média 15,4% da carteira nestes tipos de ativos.

Na visão de Marink, não há percentual ideal – é o perfil do cliente que conta. “Idade, apetite ao risco e horizonte de tempo de investimentos são fatores determinantes, mas confesso que poderia contemplar de 0% a 50%, é relativo”, pondera.

Ao conhecer o próprio perfil, o investidor pode diversificar a carteira de investimentos conforme a sua realidade, considerando suas necessidades de liquidez, isto é, a velocidade com que os ativos se tornam dinheiro novamente em caso de resgate; e risco, olhando o quanto cada ativo pode impactar os resultados da carteira como um todo.

Vale a pena fazer investimentos no exterior? Quais os melhores ativos?

Com a Selic a 13,75% ao ano, a renda fixa vem sendo o destino de grande parte dos investidores brasileiros, já que oferece bom rendimento com baixo risco. Por outro lado, a taxa de juros dos EUA no intervalo de 1,5% a 1,75% pode ser interessante para a proteção da carteira, devido à segurança que a diversificação em dólar traz.

Entretanto, para quem busca diversificar mais a carteira e tentar maiores retornos financeiros, garantir exposição internacional por meio de ETFs e BDRs, diretamente na B3, é um bom caminho.

“Neste momento, sou a favor de que a alocação internacional privilegie ativos asiáticos, como o ETF XINA11 ou o BDR BEWJ39, para investir na economia japonesa. Nos EUA, o ETF IVVB11”, recomenda Marink.

“O investidor local deve focar no índice como um todo, acho mais seguro do que focar em setores específicos ou tentar praticar diretamente a seleção de ações fora do país”, completa.

Controle seus BDRs e ETFs no Gorila

Depois de investir em ações, BDRs e ETFs, é essencial organizar os investimentos. A melhor maneira de fazer isso é com o Gorila: você tem em um só lugar a composição da sua carteira, incluindo renda variável, renda fixa, criptomoedas e mais. 

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