The Merge da Ethereum: qual o impacto para o investidor?
Se você investe em criptomoedas, é possível que esteja acompanhando notícias sobre o The Merge da Ethereum. Mas o tema é um tanto técnico e nem todo investidor conhece profundamente as nuances estruturais dos criptoativos, não é mesmo?
Por isso, convidamos Robinson Dantas, cofundador do Gorila e especialista em criptofinanças, para trazer uma visão prática sobre os possíveis desdobramentos do The Merge no mercado cripto, mais precisamente os impactos no Ether (ETH).
Embora seja um momento ainda muito especulativo para a criptomoeda, neste artigo você vai entender melhor como os fatores técnicos desse evento podem impactar a trajetória do Ether no curto e no longo prazo. Confira.
Saiba mais:
Melhores criptomoedas para investir em 2022
Afinal, o que é The Merge?
The Merge é uma atualização do blockchain da Ethereum – a maior em toda a história da rede até hoje. O objetivo principal do The Merge é alterar o mecanismo de consenso proof of work (PoW) para proof of stake (PoS), melhorando a segurança da rede e a sua eficiência energética.
Se você está se perguntando como isso funciona, vamos a uma definição rápida:
Proof of work (PoW) ou prova de trabalho
Mecanismo de consenso para aprovar transações no processo de mineração de diversas criptomoedas. Ou seja, é o processo em que os mineradores competem entre si e usam a capacidade das suas máquinas de alto desempenho para a resolução dos cálculos matemáticos complexos que verificam as transações – do Ether, no caso da Ethereum.
Ao completar a prova de trabalho, os mineradores recebem Ether – hoje, a recompensa é avaliada em cerca de três ETH a cada bloco de transações validado, segundo o Cointelegraph.
Proof of stake (PoS) ou prova de participação
O novo mecanismo para o qual a Ethereum está migrando tem outra forma de recompensa. No PoS, os blocos não são minerados, e sim construídos; dessa forma, os validadores – que são os próprios mineradores – são recompensados com taxas pelo processamento de transações. A prova de participação é mais ágil e consome menos energia do que a prova de trabalho.
O primeiro passo do The Merge foi dado nesta semana. Foi iniciada a fusão da Beacon Chain (rede de testes da migração do PoW para o PoS) com a rede principal da Ethereum (mainnet), processo intitulado Bellatrix.
Agora, os validadores já podem começar a criar blocos na rede. Contudo, ainda não haverá nenhum impacto prático para os usuários. A fase Paris – que vai acontecer entre 10 e 20 de setembro – essa, sim, vai concluir o The Merge e tornar quase impossível a mineração via prova de trabalho, dando início ao mecanismo de prova de participação.
Confira:
Febraban Tech: 5 tendências para o setor financeiro
Respostas sobre o The Merge
A seguir, confira os comentários do cofundador do Gorila, Robinson Dantas, sobre os impactos do The Merge para quem já possui Ether na carteira ou tem interesse em investir neste criptoativo.
Menor consumo energético levará à valorização imediata do Ether?
O novo ETH consumirá menos energia. A projeção é que com o The Merge o consumo energético da Ethereum seja reduzido em mais de 90%. Certamente, esse é um dos movimentos em linha com as tendências ESG, entretanto, por se tratar de um ativo de alta volatilidade e características específicas, entendo que não terá impactos relevantes nas estratégias de alocação de investidores institucionais.
Saiba mais:
Conheça os Fundos ESG: alternativa de investimento sustentável
Escalabilidade do Ether e o custo das transações
No curto prazo o The Merge não deve aumentar a escalabilidade do ETH, nem reduzir os custos das transações – isso deve ocorrer com a implementação do sharding. Neste momento, está sendo trocado o algoritmo de consenso.
O foco após o The Merge será o sharding, mas vai depender do quão rápido e estável a rede vai estar para esse processo acontecer. Isso deve ocorrer em algum momento em 2023, espero que aconteça até o final do primeiro trimestre do próximo ano.
Mas… o que é sharding?
Quando falamos em blockchain, significa dividir a rede em fragmentos individuais. Na prática, particionar bancos de dados possibilita mais transações rodando em paralelo, tornando a rede mais escalável e rápida. O objetivo final é aumentar a escalabilidade da Ethereum mantendo a rede segura e descentralizada.
Como fica o preço do Ether após o Merge?
Especula-se que a redução de emissão de ETH possa desbalancear a oferta e a demanda de tokens no mercado. O que acontece é que com Merge a inflação vai diminuir bastante, pois haverá menos ETH sendo emitido.
Antes a moeda era emitida para os mineradores e validadores, mas após o Merge será emitida somente para os validadores, a uma taxa muito menor. Em contrapartida, ETH era destruído diariamente para ajustar custos.
Dessa forma, essa taxa se regula normalmente, podendo levar à estabilidade. O ETH ganho pelos mineradores era vendido diariamente no mercado para virar dólar. Essa pressão de venda, combinada a menos ETH sendo emitido, pode criar uma condição favorável para o seu preço subir ao longo do tempo.
Em relação a preço, muito se dará ao bom progresso da implementação do The Merge e posterior ritmo de trabalho para implementar as outras funcionalidades propostas, tal qual o sharding.
Mineração vs. staking: qual beneficia mais o validador?
Com o Merge, o incentivo econômico para os validadores da rede muda da mineração para o staking. O algoritmo de consenso atual é o poof of work (PoW), ou seja, o minerador precisa performar um trabalho e mostrar o resultado. Esse trabalho é computacionalmente intenso e utiliza muita energia elétrica e hardware dedicado, de alto custo.
O novo algoritmo é o proof of stake (PoS), em que para poder votar e, eventualmente validar uma ou mais transações, o validador precisa colocar os seus ETH em risco. Ou seja, se votar em algo para enganar a rede, os ETH que colocou em garantia serão perdidos como uma penalização. Esse ETH será revertido para a rede. Portanto, os incentivos mudaram.
No PoW o risco de perder dinheiro estava no investimento feito e na eficiência alcançada, no PoS, o risco está em votar em algo errado ou tentar enganar a rede.
Definição de staking
Staking é a prática de manter o Ether travado em uma blockchain durante um período determinado de tempo, a fim de validar transações e tornar a rede mais segura. Como recompensa, o validador recebe Ether por meio das taxas de rede geradas pelos usuários.
Confira:
Criptomoedas 2022: o perfil de quem investe
Retorno anual aos validadores após o The Merge
Antes, os validadores ganhavam dinheiro sendo eficientes no PoW, agora, vão ganhar sendo honestos no PoS. É mais uma forma de alocar os recursos e ganhar uma APR (taxa percentual anual). A APR para os stakers após o The Merge tende a aumentar, pois o dinheiro que ia para os mineradores agora vai para os validadores.
Impacto nos ETFs
Em relação a ganhos e perdas, ETFs vão refletir o que acontecer com o ativo que eles possuem em suas carteiras. Alguns ativos são mais sensíveis e voláteis do que outros. ETFs com ativos DeFi, por exemplo, geralmente são mais voláteis que o próprio ETH e podem ter sua variação ampliada em relação ao ETH.
Leia mais:
Ether poderá fazer frente ao Bitcoin?
São tecnologias diferentes e que possuem propósitos diferentes. Bitcoin foi o primeiro e tem um escopo de utilização reduzido. Já o ETH veio alguns anos depois, com aprendizados do Bitcoin e com uma proposta mais ampla, proporcionando um ecossistema maior e mais complexo.
Leia também:
Criptomoedas: Bitcoin x Ethereum x Litecoin – Entenda as diferenças
Atenção a golpes
Fiquem atentos a mensagens requerendo algum tipo de ação do detentor de ETH. Vale ressaltar que nenhuma ação é requerida por ninguém, em nenhum momento. O The Merge vai ser transparente para os usuários.
Ether valoriza com The Merge
Após o primeiro passo do The Merge, a fase Bellatrix, a cotação do Ether subiu. Nos últimos dias, o criptoativo valorizou cerca de 8,60%. Hoje, 9 de setembro, cada Ether vale aproximadamente US$ 1.728,60, ou R$ 8.900,04.
Apesar da expectativa dos investidores sobre uma possível valorização do ETH com o The Merge, vale lembrar que os últimos meses vem sendo severos para as criptomoedas – analisamos o cenário do inverno cripto recentemente em uma live no canal do Gorila no YouTube.
Portanto, ao menos até que o Merge seja concluído, vale reforçar o momento ainda bastante especulativo.
Acompanhe suas criptomoedas através do Gorila
Depois de entender mais sobre o The Merge e os seus impactos no Ether, chegou a hora de ter praticidade com os seus criptoativos. Utilize a plataforma do Gorila para centralizar num só lugar suas criptos, além de ativos de renda fixa, renda variável e offshore.
Aproveite para seguir as nossas mídias para ficar por dentro de conteúdos sobre o mercado: Facebook, Instagram, Twitter , LinkedIn e Telegram!
Este artigo foi útil?