Febraban Tech: 5 tendências para o setor financeiro
Realizada na Bienal de São Paulo, no Parque Ibirapuera, de 9 a 11 de agosto, a Febraban Tech 2022 (antiga Ciab Febraban) teve a sua primeira edição presencial desde a pandemia.
Como não poderia deixar de ser, o evento trouxe as tendências para o setor financeiro. E contou com a participação de diversas empresas e profissionais, dos mais variados setores.
Entre expositores, palestrantes e visitantes, um consenso: mercado financeiro e tecnologia nunca estiveram tão conectados. Berçário de inovações tecnológicas, o setor vem ganhando uma nova dinâmica com o Open Finance. O tema foi debatido em um painel pelo CEO do Gorila, Guilherme Assis, com representantes do Itaú Unibanco, Sicoob, Belvo e Spiralem.
Assista na íntegra:
Os painelistas comentaram a implementação do Open Finance e as novas soluções que vêm tornando o ambiente cada vez mais competitivo – processo que traz diversidade de produtos e serviços e, consequentemente, beneficia os clientes. Em uma de suas contribuições no debate, Assis destacou a natureza do Open Finance:
“Novos negócios nascem de duas formas: por analogia, quando se traz referências e inspirações da indústria como um todo, ou por princípio, inerente à natureza humana. O Open Finance vem por princípio, porque caminha na direção do desejo do cliente”, afirmou.
A seguir, confira 5 tendências para o setor financeiro discutidas na Febraban Tech. Além de um bônus com projeções de tecnologias disruptivas abordadas pelos painelistas ao longo do evento!
1. Open Finance
O Open Finance foi praticamente onipresente nos debates sobre tecnologia e finanças da Febraban Tech. A agenda possibilita aos bancos a criação de ecossistemas capazes de entregar ao cliente uma jornada completa, repleta de serviços que vão além das operações financeiras.
No presente, a fase ainda é de implementação e ingresso gradual das instituições financeiras, enquanto na outra ponta os usuários compartilham dados de forma opcional, conforme a LGPD. As empresas estão aprendendo sobre jornadas, consentimento e tráfego de dados e ainda há um potencial muito grande pela frente.
O foco será cada vez mais na experiência do cliente – serviços como gerenciadores de finanças pessoais e de investimentos, por exemplo, são tendências no setor financeiro. É justamente o mercado em que atua o Gorila, pioneiro na seara de controle de investimentos.
Conheça o Gorila:
“As experiências vão melhorando e novos modelos de negócios vão surgindo. Começamos antes do Open Banking fazendo integrações via APIs e vemos uma evolução do mercado, com as instituições possibilitando as trocas de dados. Provavelmente daqui a 2 anos veremos o potencial total do Open Finance no Brasil, há muitos frutos para colher”, disse Assis.
Bruno Diniz, cofundador da Spiralem, concordou com o CEO do Gorila – para ele, boa parte do discurso sobre os benefícios do Open Finance ainda está no campo operacional, mas chegaremos à fase experiencial, com impactos em interfaces e uma reinvenção da maneira como controlamos a nossa vida financeira.
2. Experiência do cliente
O foco na experiência do cliente não é nenhuma novidade no mercado, mas foi evidenciado na Febraban Tech que continua sendo forte tendência. Muitos dos congressistas fizeram questão de reforçar que a experiência será o fator mais importante de fidelização do cliente diante da comoditização de soluções. Ou seja, da massificação da oferta de produtos e serviços financeiros entre os players do mercado.
Neste sentido, temos o exemplo das contas digitais. Após a democratização deste produto por bancos e empresas oriundas de outros setores que ingressaram no setor de finanças, já existem mais contas digitais do que brasileiros: são 250 milhões, sendo que 115 milhões foram abertas em 2021.
Jeferson Honorato, CEO do Next, falou mais sobre as contas digitais durante o painel sobre a hiperpersonalização da jornada do cliente na Febraban Tech. “O desafio das empresas agora é manter o cliente nas plataformas, […] vem a necessidade de agregar serviços além dos financeiros”, afirmou.
Honorato destacou também a importância da oferta de soluções self service e a necessidade de sustentação do índice de resolutividade de problemas dos clientes nos maiores patamares possíveis. Por fim, comentou o impacto da análise preditiva de dados como diferencial competitivo:
“[Os players] precisam ser organizados para gerar insights e melhorar as soluções para os clientes. O desafio é atender o cliente da melhor forma, sendo preditivo, se possível. O mercado todo está nesse movimento.”
A opinião de Honorato converge com a de Assis, no sentido de que há uma necessidade de mostrar com clareza para o cliente como está sua vida financeira e agregar insights para que ele possa gerir melhor suas finanças.
Com o Open Finance, além dos players poderem atuar na educação financeira dos clientes, vão aprimorando sua capacidade de oferta de produtos de investimentos.
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3. Personalização com uso de dados (automação, IA e análise preditiva)
Para aprimorar a experiência do cliente é preciso oferecer máxima personalização, e os dados permitem níveis cada vez mais elevados de entendimento do comportamento dos usuários. Mas, para obter sucesso nessa estratégia, é necessária a capacidade de lê-los, e não somente a coleta.
68% dos dados coletados não são utilizados pelas empresas, porque mais de 80% deles estão subaproveitados nas diferentes áreas – um problema mais cultural do que tecnológico.
No painel da Febraban Tech sobre o uso de dados na tomada de decisões escaláveis, Marcela Vairo, diretora de Dados, IA Apps e Automação da IBM Brasil, opinou sobre o potencial dos dados recentes, ainda pouco explorados, segundo ela.
“Tem que engajar o cliente à medida que ele está navegando, com dado quente. É o momento de rever a arquitetura para olhar o dado onde quer que ele esteja, e investir em agilidade com a automação.”
Com volume de dados exponencial e muitos inputs e cenários acontecendo simultaneamente, a inteligência artificial (IA) é a tecnologia que viabiliza o uso eficaz dos dados para a customização de soluções para os clientes.
Por outro lado, Eduardo Sasaki, Chief Data Officer (CDO) do Santander Brasil, pondera que os dados têm que estar em todo ecossistema e gerar valor para todos os players.
“O desafio, agora que sabemos mais sobre o cliente, é devolver a ele o valor. O dado estruturado do Open Finance não tem equivalência com o modus operandi das empresas, por isso, o tratamento e a governança é de cada um, que decide o que usar do Open Finance […]. E a quantidade de dados pela frente é exponencial, com sensores e metaverso”, previu.
Confira:
O jogo virou ou não para as fintechs?
Análise Preditiva
Diante deste cenário em que as instituições financeiras já possuem dados dos clientes – e que também conta com regulação via LGPD, refinar as ofertas e comunicações com os clientes por meio de análise preditiva é um dos desafios.
Se a predição de inadimplência já é feita com efetividade há algum tempo pelas instituições financeiras, a capacidade de ler o comportamento humano continua sendo um obstáculo, segundo Sasaki.
“A vontade de comprar passa. Como modelar esse tipo de instabilidade? Com capacidades tecnológicas, sim, mas tem que mudar a forma de pensar. Abrir mão da acuracidade para falar com o cliente no momento certo”, afirmou, reforçando a visão de Marcela Vairo sobre a utilização de dados recentes para comunicação efetiva com o cliente como uma tendência.
4. Banking as a Service (BaaS)
O aumento da competição no setor financeiro vai além das instituições financeiras, com players de diferentes setores ingressando na arena. Fato que leva à exploração de novos caminhos em Banking as a Service (BaaS).
A oferta de soluções financeiras somente por bancos e empresas de crédito ficou no passado – com o avanço tecnológico da indústria e a regulação do setor, a capacidade de distribuir produtos financeiros estendeu-se para empresas do varejo, entre outros setores.
E quem viabiliza esse movimento são principalmente as fintechs, que vem recebendo investimentos robustos nos últimos anos para prover infraestrutura a esses entrantes.
No painel da Febraban Tech sobre BaaS nas instituições financeiras, Antonio Soares, CEO da Dock, comentou sobre as tendências que enxerga no setor financeiro. “A primeira onda de BaaS habilitou muitas fintechs e trouxe inclusão financeira […]. Tem, sim, concorrência, mas tem colaboração. BaaS não é só conta digital e cartão de crédito, há espaço para empréstimo imobiliário, veículos. E assim nascem parcerias, cada um entrando com aquilo que tem expertise.”
A efetividade das provedoras de BaaS na solução das dores dos usuários, inclusive financeiras, as coloca em destaque, uma vez que entregam esses atributos aos parceiros. Em sua maioria fintechs, essas empresas servem de espelho para os próprios bancos, que já estão de olho nessa oportunidade.
Mas, no momento, as parcerias estão se mostrando mais vantajosas para os players do setor, pois permitem somar forças e foco total no cliente.
“A briga será na experiência, com features e serviços para os clientes. Veremos mais parcerias e empresas especializadas resolvendo problemas difíceis. Vale a pena para uma instituição consumir de um parceiro em vez de criar tudo dentro de casa”, opinou Assis, CEO do Gorila.
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5. Beyond Banking
Outro conceito que é tendência no setor financeiro e que chamou a atenção na Febraban Tech deste ano foi o beyond banking, que é a atuação dos bancos e fintechs a partir de um modelo de serviços financeiros que pressupõe parcerias e tecnologia. Com a expansão do setor, novamente a inovação é a mola propulsora para as instituições buscarem maior destaque no mercado com suas soluções.
O beyond banking é um conceito novo, mas conjuga tudo que abordamos anteriormente: análise e uso de dados, novas tecnologias e pacotes de serviços complementares fornecidos por meio de diferentes provedores (APIs).
É o caminho para bancos e fintechs expandirem portfólio além do universo de finanças, agregando marketplaces e soluções voltadas ao estilo de vida do cliente.
Ao trazer a agilidade de empresas de tecnologia para seus produtos, as instituições financeiras do setor conseguem acelerar o desenvolvimento e o lançamento de novas soluções, o que pode ser um diferencial na conquista dos clientes.
Assim como o BaaS, o beyond banking permite ao banco ou instituição financeira focar na estratégia digital para agregar valor para o cliente.
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Bônus Febraban Tech: tecnologias disruptivas
Estima-se que metaverso, web3 e NFTs criarão US$ 1 trilhão em receitas anuais. Mas ainda não está tão claro como o ecossistema de serviços financeiros vai aproveitar esse cenário repleto de desafios e oportunidades.
Essas tendências do setor financeiro ainda vão amadurecer, contudo, muitas empresas do segmento estão interessadas na ideia de descentralização e digitalização via blockchain. E o interesse é o primeiro passo para que possam compreender o espaço que irão ocupar no mundo digital.
O metaverso
Thammy Ivantes Marcato, sócia-diretora de inovação e transformação da KPMG no Brasil, trouxe dados animadores para quem está de olho no metaverso ao longo do painel que conduziu sobre o tema na Febraban Tech.
Com base na metodologia de projeções de futuros e na premissa de que 80% das interações sociais poderão acontecer no metaverso em 2042, a especialista apresentou cenários para a utilização de recursos financeiros no ambiente digital e destacou que grande parte da transformação do setor se deve à descentralização.
Gil Giardelli, estudioso de inovação e economia digital, apontou que a transformação dos ativos digitais está causando uma grande mudança, a chamada web3, que é o próximo estágio da internet. Essa versão será marcada pela descentralização da rede, em uma realidade na qual os ativos digitais, as finanças descentralizadas (DeFi) e o metaverso serão elementos fundamentais.
No encerramento da Febraban Tech, o presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, afirmou que a tokenização do sistema financeiro é a principal tendência – segundo ele, estamos saindo do mundo do account base para o mundo token base, no qual há transferência de valor de coisas do mundo físico para o digital, de forma que tais ativos sejam verificáveis e transferíveis com transparência e segurança.
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