Confiança como alavanca de crescimento e criação de valor

Existem vários estudos acadêmicos e aplicados mostrando que há forte correlação entre confiança entre agentes econômicos e crescimento.
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Por Sérgio Goldman - 19/02/2024
3 min de leitura

Eu recebo os e-mails diários do Seth Godin, renomado especialista em marketing e autor de diversos livros.

Nesta semana, em um dos seus e-mails, ele menciona uma pesquisa organizada pelo Brookings Institute, que tinha por objetivo medir a mudança de confiança da população norte-americana, entre 2018 e 2021, em relação a governo, ONGs, empresas etc.

As mudanças de confiança em relação a 20 “nomes” foram medidas.

Em todos os “nomes” levantados houve perda de confiança.

Três empresas faziam parte do universo medido: Amazon, Google e Facebook.

Para as 3 houve queda na confiança.

Existem vários estudos acadêmicos e aplicados mostrando que há forte correlação entre confiança entre agentes econômicos e crescimento.

Gostaria de mencionar dois desses estudos:

“The link between trust and economic prosperity: repairing the global erosion of trust has economic advantanges”
Deloitte Insights – Ira Kalish, Michael Wolf and Jonathan Holdowsky

“The elusive quest for growth in Latin America and the Caribbean – The role of trust”
IDB – Carlos Scartascini e Joanna Valle Luna

E no Brasil, será que o nível de confiança da sociedade em relação a seus diferentes atores é alto, baixo ou muito baixo?

Com base no último levantamento do Índice de Confiança Social – Instituições, produzido pelo IPEC, o nível de confiança geral no Brasil em julho de 2023 estava em 59 pontos (de uma faixa de 0 a 100). Entre 2009 e 2023, o índice teve um máximo de 59 em 2020 e 2023 e um mínimo de 44 em 2018.

As três instituições melhores avaliadas foram Bombeiros (87 pontos), Polícia Federal (70 pts) e Igrejas (70 pts).

As 3 piores avaliadas foram: Partidos Políticos (34 pts), Congresso Nacional (40 pts) e Sindicatos (48 pts).

Como players do mercado e da economia, sabemos que existe um baixo nível de confiança entre os agentes e isso tem impactos relevantes sobre a economia e sobre o mercado financeiro.

Para a economia, baixa confiança significa menor potencial de crescimento.

É mais uma forte evidência que para o país crescer de forma sustentável, não é suficiente focarmos APENAS nos aspectos macroeconômicos.

No mercado financeiro como um todo, onde confiança deveria ser uma commodity, passar confiança para sua contraparte acaba sendo uma vantagem competitiva.

Existe uma série de situações no mercado brasileiro onde o relacionamento comercial pode levar a perda de confiança:

  • Baixa qualidade na prestação de serviço sem que o prestador se responsabilize por ter deixado o cliente insatisfeito;
  • Não cumprimento de prazos e outros combinados;
  • Conflitos de interesse;
  • Empresas não dando a cara para bater após desempenho operacional e/ou das ações no mercado;
  • Etc.

Para as empresas listadas, sugiro que seja dada maior atenção ao tema confiança dos seus stakeholders.

Quando o mercado perde confiança em relação a uma determinada empresa, observa-se forte queda das ações e uma dificuldade enorme para conseguir reverter essa tendência de queda. Algumas situações clássicas para perda de confiança no mercado de ações:

  • Prometer muito e não entregar;
  • Não aparecer perante o mercado em época de notícias ruins;
  • Sumir quando a ação cai muito mais que o mercado;
  • Rotação excessiva de executivos;
  • Enrolar mais que explicar.

Sobre o colunista

Sergio Goldman é colunista no Blog do Gorila e possui mais de 30 anos de experiência no mercado de capitais da América Latina com foco em Equity Research, Distribuição de Renda Variável e Wealth Management. Possui vasta experiência na venda de produtos de renda variável para investidores institucionais locais e estrangeiros, tendo trabalhado em instituições financeiras como Baring Securities, Bear Stearns, Santander, Unibanco e Safra. Desde junho de 2023 atua com gerenciamento de portfólios na Barra Peixe Investimentos. Entre 2019 e 2023 atuou como gestor do FIA Esh Prospera, e entre 2014 e 2016 contribuiu na coluna Palavra do Gestor do jornal Valor Econômico. Formado em Engenharia Eletrônica pela PUC-RJ, tem mestrado em administração na COPPEAD, escola de negócios da UFRJ.

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