O que é lastro? Conheça o conceito e seu funcionamento
Se você investe há algum tempo ou se acompanha os artigos do Blog do Gorila, provavelmente já se deparou com a expressão “lastro” ou “ativo lastreado”.
Esse conceito é utilizado em diversos temas de economia e investimentos, mas você sabe o que é lastro? Para entender tudo sobre essa palavra, continue a leitura do artigo.
O que é lastro?
Imagine que você está começando a se “aventurar” no mundo das moedas digitais. No entanto, ainda tem muito receio de lidar com tamanha volatilidade e novidade. Por isso, prefere iniciar com moedas que se atrelam com ativos do “mundo real”, para se acostumar com a dinâmica das criptomoedas e ter uma certa garantia de que seu dinheiro não sofrerá mudanças muito drásticas.
O exemplo acima é o funcionamento das stablecoins, as moedas digitais que buscam manter certo equilíbrio na carteira do investidor, na maioria das vezes, a partir do lastro com outros ativos! A partir dele, conseguimos entender que lastro é uma garantia do valor de determinado ativo, ou seja, o atrelamento de um ativo com outro para que ele se mostre mais seguro e “palpável”.
Sendo assim, é correto considerar que lastro é uma forma de agregar valor a algo, que pode ser um título, uma promessa futura ou uma novidade do mercado. É uma maneira de relacionar ativos, garantindo que a produção de um seja equivalente ao dinheiro em caixa.
Como funciona o lastro?
Agora que você já sabe o que é lastro, vamos para a parte mais “prática”, exemplificando o seu funcionamento. Basicamente, o lastro se baseia nessa ideia de garantia. Partindo desse pressuposto, entende-se que os ativos que têm lastro buscam, em geral, vincular-se a outro ativo a fim de apresentar certa segurança.
Para esclarecer de vez o funcionamento desse conceito, que tal um pouco de história? Até meados de 1970, os bancos centrais baseavam seu lastro em estoque de ouro ou prata. Ou seja, o dinheiro emitido era diretamente ligado a uma porcentagem do ouro ou prata estocados.
Sendo assim, os clientes confiavam naquela garantia em cofre para sacar as quantias em conta. Hoje, porém, as moedas fiduciárias em geral (dólar, euro, real…) não apresentam mais lastro, a garantia é a confiança na instituição bancária emissora do papel.
Voltando ao exemplo das stablecoins, que é mais atual, a USD Coin, que se atrela ao dólar, segue a proporção de 1:1. Portanto, cada USD Coin emitida é equivalente a quantidade de dólares em caixa, o que é a garantia da moeda digital.
Ou seja, se houver 1 bilhão de tether, há 1 bilhão de dólares no caixa da instituição emissora de cripto. Da mesma maneira que há cerca de 50 anos a quantidade de moedas disponíveis no banco era equivalente a de metais preciosos.
Investimentos que têm lastro e como ele se aplica
Sabendo o que é lastro e como ele funciona, confira abaixo alguns tipos de investimentos que fazem uso desse conceito.
Fundos de investimento
No caso dos fundos, os próprios ativos que os compõem são o lastro. Em FIIs, por exemplo, a garantia de valor no mercado é dada por meio dos ativos imobiliários que preenchem a carteira. Esse lastro pode variar em títulos, ações, câmbio, a depender da modalidade de produtos que formam determinado fundo.
Ações de empresas
As ações são, em linhas gerais, partes do capital social da empresa. Ao adquirir um papel de uma instituição, o investidor tem a garantia dessa participação. Sendo assim, o lastro de uma ação é a parcela da empresa a qual garante ao investidor a participação nos ganhos (proventos).
CRI e CRA
Os certificados de recebíveis imobiliários e de agronegócio são lastreados em créditos dos respectivos setores. CRIs podem ter créditos imobiliários ou bens físicos como lastro, enquanto CRAs podem ter créditos do setor ou até meios de produção agropecuária (instrumentos, ferramentas, utensílios, produtos…).
LCI e LCA
As letras de crédito imobiliário e de agronegócio são lastreadas em operações financeiras dos respectivos setores. Ou seja, hipoteca, alienação de imóvel ou até a quantia financeira arrecadada pelas LCIs pode servir de lastro. Bem como financiamentos, insumos, maquinários e produtos de agronegócio no caso das LCAs.
Criptomoedas
Como citado acima, algumas moedas digitais também têm lastro e elas são chamadas de stablecoins. Ele varia entre atrelamento com moedas fiduciárias, commodities e outras criptomoedas (há também as não algorítmicas, que não se atrelam a ativos, mas a algoritmos). No meio digital, esse tipo de moeda é importante para manter a estabilidade.
Ouro e metais preciosos
Não há negociação desse tipo de metal diretamente na bolsa. Por isso, sua dinâmica é baseada no lastro. Assim, nas corretoras de valores, compram-se títulos equivalentes à quantidade de metal e eles servem como o lastro dos produtos.
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Qual a importância do lastro em relação aos ativos?
Como visto acima, o lastro é uma importante forma de vincular ativos e de torná-los, de certa forma, mais palpáveis aos investidores. A compreensão da importância do lastro é notória ao analisarmos o funcionamento da impressão de moedas em um país.
Quem nunca ouviu (ou até mesmo falou) que basta imprimir mais moedas para resolver os problemas e acabar com a pobreza? Resolver esse problema não é tão simples assim…
Essa impressão só pode ocorrer se houver lastro, ou seja, se a produção de riquezas do país for equivalente à quantidade de dinheiro impresso. Caso contrário pode ocorrer um cenário de hiperinflação, no qual a moeda perde seu valor e a economia toda se desestabiliza.
Saiba mais:
Inflação 2022: por dentro da alta generalizada dos preços
Então, o lastro é importante pois gera equilíbrio e segurança nas operações e na dinâmica econômica.
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