[Expert XP 2023] Revolução, “modinha” ou apocalipse das máquinas: o futuro da IA

A Inteligência Artificial (IA) emergiu como uma das forças mais transformadoras e debatidas de nossa era e está indiscutivelmente remodelando a maneira como vivemos e fazemos negócios. Para falar sobre o impacto dessa mudança de paradigma, a Expert XP, maior feira de investimentos do mundo, convidou Marcio Aguiar, diretor da Nvidia na América Latina, e Nicholas Bennett, sócio e analista de tecnologia da WHG.
A conversa foi conduzida por Henrique Esteter e Lucas Collazo, hosts do Stock Pickers, maior podcast sobre mercado financeiro no Brasil.
Muito se fala na chamada “Quarta Revolução Industrial”, expressão utilizada para descrever mudanças significativas na economia e sociedade impulsionadas pela convergência de várias tecnologias avançadas. Essas tecnologias incluem a Internet das Coisas (IoT), a robótica avançada, biotecnologia, dentre outras. E nesse processo a IA tem sido o invento que desempenha o papel mais primordial.
Para Aguiar, essa análise não é um exagero: “estamos trabalhando nisso há tempos, mas agora que o mundo nos descobriu. Não acho que é uma moda, não acho que é uma bolha. Nós estamos dando condições a várias empresas, sejam pequenas ou grandes, a se modernizarem e se tornarem competitivas”.
O salto de 200% no valor dos papéis da Nvidia (NVDA) chamou a atenção dos investidores para o boom da IA.
Os cálculos estatísticos necessários para otimizar o processamento da IA generativa são feitos por meio de GPUs – unidades de processamento gráfico – devido a sua capacidade de executar operações paralelas. Atualmente, a Nvidia é a principal fornecedora de GPUs e de conectividade de rede Infiniband que interliga GPUs, o que coloca a empresa em posição de liderança na corrida.
A companhia foi a que mais se beneficiou do ponto de vista de valorização de mercado desde o ChatGPT. “Não podemos ter dúvidas de que a Nvidia é a grande vencedora da corrida das IA. Foram U$ 27 milhões de receita no ano passado e esse número deve ir para U$ 100 milhões”, afirmou Bennett. O analista pontuou ainda que a companhia vai gerar em caixa livre o equivalente ao market cap da Intel.
O sócio da WHG também chamou a atenção para a Amazon e o Google, provedores de nuvem que são os grandes compradores da Nvidia e democratizam a IA.
Apesar da liderança, a Nvidia está atenta à concorrência. “Desde a nossa fundação, a Nvidia não era a única que fabricava GPUs. Havia 53 empresas que faziam isso no Vale do Silício. Hoje os nossos parceiros/competidores precisam dos nossas GPUs. A nossa plataforma de hardware é para múltiplos propósitos. Estamos bem cientes do papel que temos na indústria e estamos focados em continuar sendo pioneiros”, falou Aguiar.
Bennet, contrabalanceando, chamou a atenção para aspectos de incerteza em relação à Nvidia, como o fato da fabricante das GPUs da companhia estar localizada em Taiwan (correndo o risco China) e a incerteza sobre a sustentabilidade da receita da empresa de 2025 em diante.
Sobre o perigo dessa revolução, Bennett acredita que qualquer processo histórico desse porte tem algum impacto na questão empregatícia. Porém, o analista citou um estudo da McKinsey que mostra que desde os anos 60 não houve perda total de empregos com uma revolução de tecnologia. “Acreditamos que haverá um mix de empregos”, afirmou.
“O que poderia ser um risco existencial seria outra pandemia, o superaquecimento. Acho que a IA ajudará a gente a resolver esses problemas”, acrescentou Bennett.
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