[Expert XP 2023] O Real Digital e suas influências

A Expert XP 2023, o maior festival de investimentos do mundo, contou com Fernando Amaral, vice-presidente de produtos e inovação da Visa, e Jochen Mielke, CEO da B3 Digitas, para discutir como o real digital – Drex – irá impactar o mercado.
A ideia de introduzir uma moeda digital emitida pelo Banco Central (CBDC – Central Bank Digital Currency) pressupõe a criação de um blockchain para que haja um ambiente digital para as negociações.
“Não vai ser aberto como o blockchain do Bitcoin”, esclareceu Mielke. O “livro-razão” do Banco Central é do tipo permissionário, isto é, somente as instituições autorizadas irão conseguir acessar o sistema e emitir a moeda.
“Enxergo o Drex como uma construção em cima de uma estrutura que existe hoje”, disse o CEO da B3 Digitas. “Não acho que o Drex vai substituir o PIX, ele veio para complementar”, acrescentou.
Os especialistas explicaram que o grande valor que a moeda digital tem é a programabilidade do dinheiro. Quer dizer, a capacidade de dar instruções para o dinheiro para que o pagamento seja feito em determinadas condições.
Amaral exemplificou falando sobre a compra e venda de um carro, onde muitas vezes existe a preocupação do vendedor em entregar o veículo antes de receber o pagamento e do comprador em pagar antes de receber a propriedade. O Drex oferece uma solução programável para isso, onde o contrato é executado somente quando ambos os eventos ocorrem simultaneamente.
Como o Drex afetará o mercado tradicional?
Mielke declarou que ainda é bastante difícil responder como o mercado tradicional será afetado. Contudo, partindo do conceito de programabilidade, é preciso que haja outros ativos tokenizados “para fazer a troca e pagamento”. Além disso, existe a questão regulatória: será preciso estudar quais ativos podem estar disponíveis no ambiente tokenizado.
O CEO pontuou ainda que será preciso rever o papel das atuais instituições do mercado no ambiente descentralizado e avaliar o sentido econômico. A proposta é que o Drex dê mais segurança e barateie as transações, mas isso pode variar conforme as condições do mercado, disse. Fora isso, parte da premissa é que o Drex será pareado ao real físico para garantir menos volatilidade.
“Temos que nos perguntar também quais as novas oportunidades que o Drex pode trazer para o mercado tradicional. Quais oportunidades que se abrirão? O que será trazido de complementaridade à dinâmica atual?”, instigou Mielke.
Os especialistas afirmaram que inicialmente haverá pouca mudança, mas que o futuro que nos aguarda é onde tudo é mais fácil porque a tecnologia assumirá o papel de carregar o fardo que hoje está sobre o indivíduo.
Os riscos existentes na implementação do real digital
Mielke enxerga dois riscos na implementação do real digital. O primeiro diz respeito ao valor do Drex. Apesar dos testes piloto estarem acontecendo de forma acertada, “não é uma tecnologia testada do ponto de vista do valor que ela traz para o negócio”, afirmou.
Ainda, “outro risco que enxergo é o de acertar na regulação. É preciso acertar uma regulação que não seja muito pesada ao nível de limitar o sistema, mas que também não seja muito leve a ponto de colocar em risco o investidor e o consumidor”, lembrou Mielke.
É necessário estudo para continuar avançando na discussão
Os painelistas declararam que o Brasil é um dos seletos países que está avançado na discussão sobre CBDC. Ainda assim, é necessário continuar estudando.
“É um momento de entender com profundidade, estudar e ajudar o outro a entender. O potencial é enorme”, disse Amaral.
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