[Expert XP 2023] Bitcoin: o futuro do dinheiro?

A ascensão do Bitcoin tem o potencial de trazer várias implicações significativas para o sistema financeiro global e o conceito tradicional de dinheiro. Na Expert XP 2023, a maior feira de investimentos do mundo, Diego Kolling, fundador da NodeRunners Brasil e sócio da Soares Assessoria e Empreendimentos, e Fernando Ulrich, da Liberta Investimentos, debateram sobre suas perspectivas futuras com o advento da criptomoeda.
Kolling definiu o Bitcoin como uma possibilidade de reorganização social, onde os poderes podem ser distribuídos de forma mais justa, enquanto Ulrich sintetizou a moeda como a possibilidade de liberdade monetária.
Os especialistas afirmaram que o papel do Bitcoin na geopolítica e no cenário global é maior do que as pessoas imaginam. Kolling teceu críticas ao fato das reservas de valor do mundo serem dívidas e as poupanças serem linhas de crédito para governos. Ele argumentou ainda que a dívida mundial chega a U$ 400 trilhões, o que é contraditório ao PIB mundial de U$ 101 trilhões. “As moedas fiduciárias estão fadadas a recorrer ao seu valor intrínseco, que é zero”, disse.
Ulrich complementou falando que a limitação que o Bitcoin impõe dentro de sua rede (de 21 milhões) traz uma escassez verificável e autêntica, enquanto “outras moedas continuarão sendo impressas a deus-dará”.
“Há muito valor em uma moeda que não pode ser diluída e não pode ter sua política monetária por ninguém. 40% do dólar em circulação foi impresso nos últimos dois anos”, completou Ulrich. O especialista disse ainda que durante a crise de 2008 e a pandemia “alguns trilhões de dólares foram impressos em poucas semanas e a base monetária americana mais que dobrou em alguns meses. É esse tipo de evento que alça o Bitcoin ao estrelato”.
“Se a moeda do mundo pode ser bagunçada desse jeito, esse arranjo atual é o melhor para a humanidade?”, perguntou.
CBDCs vs Bitcoin
Durante o painel, os especialistas foram questionados sobre a comparação entre as moedas digitais e as CBDCs – sigla para Central Bank Digital Currency, que corresponde a moedas dos bancos centrais, como o DREX, por exemplo.
Os dois convidados se mostraram desfavoráveis à ideia. “São o pior dinheiro que a humanidade já viu”, disse Kolling, enquanto Ulrich pontuou que as CBDCs são a antítese das moedas digitais, pois não são descentralizadas.
“Se é para ter um dinheiro programável, que ele esteja em uma instituição neutra”, afirmou Kolling. “Discordo desse arranjo pelo perigo que ele representa para a liberdade das pessoas […] Preferiria que a inovação sempre ficasse com o setor privado”, continuou.
Os riscos da moeda digital
Apesar da defesa sobre o Bitcoin, os convidados não deixaram de falar do risco de contraparte. O Bitcoin tem como grande inovação a descentralização, mas “isso traz uma grande responsabilidade: saber guardar com segurança”, disse Kolling, que também citou a máxima “not your keys, not your coins” para falar da terceirização da custódia das moedas.
Ulrich afirmou que o Bitcoin não tem risco de crédito, mas existe o risco implícito na variação de preço. “Você não deve aplicar em Bitcoin nada que você usaria em 6 meses”, aconselhou.
Sobre as tendências em relação à moeda, o especialista disse também: “O risco não é você ficar de fora de uma tendência. A adoção [do Bitcoin] se parece mais com a adoção da pólvora – quem ficar por último vai ser subjugado. Demorar para entender o Bitcoin é trágico”.
Este artigo foi útil?