Humor na B3 melhora ainda mais no início de julho

Na semana passada, comentamos sobre o desempenho positivo da bolsa brasileira no 2T23.
Recapitulando: o Ibovespa acumulou alta de 16% no período enquanto o índice de small caps subiu ainda mais: 25%.
Abrindo o jornal Valor Econômico ontem, me deparo que as seguintes manchetes na seção de finanças:
“Nível de aperto de juros faz mercado ver chance de corte agressivo da Selic”
“Bolsa deve buscar níveis mais altos, diz Legacy”
“Sistema tributário simples é crucial para destravar crescimento, diz presidente da B3”
Se juntando a estas manchetes do Valor Econômico de hoje, venho notando também uma série de players do mercado dizendo que mesmo com a alta recente do preço de diversas ações, o valuation consolidado continua bastante depreciado.
O principal argumento é a comparação do nível atual de múltiplo Preço/Lucro quando comparado ao seu histórico.
Ainda no Valor Econômico, alguns dias atrás, havia um artigo com os resultados de uma pesquisa, feita com 20 instituições financeiras, perguntado qual a expectativa de cada uma delas para o Ibovespa no final de 2023.
A média das respostas foi 127.000 pontos enquanto o intervalo das respostas ficou de um mínimo de 113.000 pontos e um máximo de 140.000 pontos.
Considerando o nível de fechamento do Ibovespa na 6ª feira, 7/7/23, de 118.898 pontos, na média das respostas da pesquisa, 127.000, o upside esperado para o Ibovespa seria de 6,8% ou 14,1% anualizado.
O comentário aqui é que este nível de retorno esperado não parece tão atraente assim se considerarmos os níveis atuais de juros tanto de curto quanto de médio e longo prazos.
Entretanto, como argumentamos anteriormente, o humor dos investidores continua a melhorar…
Já comentei em outros artigos que estou mais cético do que a maioria em relação às perspectivas do mercado de ações no Brasil.
Meu ceticismo advém de dois fatores principais:
- Não vejo o crescimento de médio prazo do PIB brasileiro acelerando de forma sustentável e,
- A visibilidade do cenário macro para 2024 a meu ver permanece limitada.
Com isso, não estou dizendo de maneira alguma que o investidor não deve ter posições em ações brasileiras.
O que estou sugerindo é que o investidor seja bastante seletivo e busque se posicionar em empresas com management de qualidade e que estejam negociando com desconto atraente em relação ao seu valor justo.
Além disso, ter pensamento crítico para analisar as manchetes de economia e finanças também é uma atitude prudente.
Na dúvida, busque o conselho de algum profissional do mercado financeiro.
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Sobre o colunista
Sergio Goldman é colunista no Blog do Gorila e possui 30 anos de experiência no mercado de capitais da América Latina com foco em Equity Research, Distribuição de Renda Variável e Wealth Management. Possui vasta experiência na venda de produtos de renda variável para investidores institucionais locais e estrangeiros, tendo trabalhado em instituições financeiras como Baring Securities, Bear Stearns, Santander, Unibanco e Safra. Desde 2019 atua como gestor do FIA Esh Prospera. Entre 2014 e 2016 foi contribuidor da coluna Palavra do Gestor no jornal Valor Econômico. Formado em Engenharia Eletrônica pela PUC do Rio Janeiro, tendo mestrado em administração na COPPEAD, escola de negócios da UFRJ.
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