Expectativas para a Bolsa Brasileira no 2S23

O desempenho da bolsa norte-americana continuará sendo um driver importante para o desempenho da nossa bolsa. Em termos domésticos, temos 3 fatores relevantes.
Foto de perfil do autor
PorSérgio Goldman - 04/07/2023
3 min de leitura

Vamos começar o artigo olhando para o que ocorreu no 1S23 na bolsa brasileira:

O Ibovespa fechou o 1S23 acumulando uma alta de +7,6% enquanto o índice de small caps subiu +13,2% no mesmo período. 

A maior parte destes ganhos aconteceram no 2T23; neste período o Ibovespa valorizou +15,9% enquanto o índice de small caps ganhou +25,1% no período.

É importante ter em mente que uma parte relevante desses ganhos vieram como consequência da forte alta das bolsas norte-americanas no período.

O S&P500 acumulou alta de +15,9% no 1S23 e de +8,4% apenas no 2T23.

Já o Nasdaq, registrou ganhos mais expressivos impactados pelo “hype” em relação a inteligência artificial; o índice teve alta de +31,7% e de +15,3% no 1S23 e no 2T23 respectivamente.

Agora podemos conversar sobre minha visão para a bolsa brasileira nos próximos 6 meses.

Primeiro tenho que comentar que não gosto de pensar em períodos tão curtos como 6 meses.

O horizonte para investir em bolsa está mais para 6 anos do que para 6 meses.

Mas vale expor para vocês minha visão sobre o que estará impactando o preço dos ativos brasileiros no novo semestre.

O desempenho dos principais índices de ações na bolsa norte-americana continuará sendo um driver importante para o desempenho da nossa bolsa.

Dada a forte alta observada nos últimos 6 meses, considerando que o cenário para juros nos EUA permanece incerto, é provável que haja uma correção de preços no futuro próximo.

Em termos de drivers domésticos, gostaria de chamar a atenção de 3:

  1. A trajetória da Selic. Na próxima reunião do COPOM, em 1 e 2 de agosto, é bem provável que o BCB decida por um corte na taxa Selic. A dúvida é qual será o tamanho do corte: 25 ou 50 bps. Se houver corte de 50 bps, o mercado de ações deve reagir positivamente. Após esta reunião, haverá mais 3 reuniões do COPOM no ano. Cortes mais agressivos serão bem recebidos por investidores de renda variável (apesar de eu achar que mais relevante para bolsa é o comportamento das taxas longas);
  2. Aprovação do arcabouço fiscal. O mercado já conta com sua aprovação. Mas faltam ainda algumas confirmações sobre a versão final que será aprovada. Apesar de no curto prazo a aprovação do arcabouço fiscal seja levemente positivo, no médio prazo teremos que esperar para ver o desempenho das contas públicas sob o novo regime fiscal, e
  3. Reforma tributária. Governo federal, muitos políticos e importantes figuras do mercado brasileiro estão muito otimistas com a aprovação da reforma tributária e seus impactos sobre as perspectivas de crescimento econômico no país. Eu estou cético, tanto com o timing para aprovação (pode levar mais tempo do que o esperado), quanto com os seus efeitos sobre o crescimento econômico.

Concluindo, eu diria que estou mais cauteloso com o desempenho do mercado de ações do que a média do mercado. 

O Valor Econômico publicou reportagem ontem (3/07/23) com pesquisa feita junto a 20 instituições financeiras questionando onde estará o Ibovespa ao final de 2023. As estimativas variaram entre 113.000 e 140.000 pontos, com média de 127.000. Na média, o índice teria um ganho de 7,5% em relação ao 1S23.

Como mencionei anteriormente, não trabalho com expectativa para o fim de 2023 pois acredito em investir em ações específicas onde eu espere auferir ganhos bem acima do custo do capital próprio em pelo menos 3 anos. 

Leia também:
Brasil precisa crescer mais e de forma consistente
Brasil continua com mega desafio em competitividade

Sobre o colunista

Sergio Goldman é colunista no Blog do Gorila e possui 30 anos de experiência no mercado de capitais da América Latina com foco em Equity Research, Distribuição de Renda Variável e Wealth Management. Possui vasta experiência na venda de produtos de renda variável para investidores institucionais locais e estrangeiros, tendo trabalhado em instituições financeiras como Baring Securities, Bear Stearns, Santander, Unibanco e Safra. Desde 2019 atua como gestor do FIA Esh Prospera. Entre 2014 e 2016 foi contribuidor da coluna Palavra do Gestor no jornal Valor Econômico. Formado em Engenharia Eletrônica pela PUC do Rio Janeiro, tendo mestrado em administração na COPPEAD, escola de negócios da UFRJ.

Compartilhe

Este artigo foi útil?

Vá direto ao assunto

Inscreva-se na nossa newsletter e receba nossa curadoria com as últimas notícias, inovações e tendências que estão moldando o mercado de investimentos no Brasil.
Ao enviar o formulário, você declara que conhece os nossos Termos de Uso e Política de Privacidade.

Compartilhe

Vá direto ao assunto

Inscreva-se na nossa newsletter e receba nossa curadoria com as últimas notícias, inovações e tendências que estão moldando o mercado de investimentos no Brasil.
Ao enviar o formulário, você declara que conhece os nossos Termos de Uso e Política de Privacidade.