Brasil continua com mega desafio em competitividade

Acaba de sair o ranking global de competitividade conduzido pela escola de negócios suíça IMD.
O Brasil continua mal na foto.
Dentre um total de 64 países incluídos no ranking, estamos no sexagésimo lugar;
Em 2019, estávamos na 59ª posição; subimos para 56ª posição em 2020 e voltamos a cair para 60ª em 2023.
Estamos a frente dos seguintes países apenas: África do Sul, Mongólia, Argentina e Venezuela.
Pior do que o resultado em si, é a falta de repercussão que esses números têm sobre a sociedade brasileira.
Tenho defendido que uma agenda visando melhora de produtividade e competitividade é tão relevante quanto a agenda macro, que domina as atenções dos formadores de opinião no Brasil.
O cálculo do ranking do IMD é dividido em 4 subgrupos que listo abaixo com as respectivas posições do Brasil em cada um no ranking de 2023:
- Desempenho da economia: posição do Brasil, 41º lugar;
- Eficiência do governo: Brasil em 62º lugar;
- Eficiência dos negócios: Brasil em 61º lugar e,
- Infraestrutura: Brasil em 55º lugar.
Portanto, o Brasil está em posições desconfortáveis em todos os subgrupos.
Falando em produtividade, um dos fatores do subgrupo de Eficiência dos Negócios, ficamos na 63ª posição ou penúltimo lugar.
Em educação, parte do subgrupo Infraestrutura, Brasil ficou na última posição.
Se queremos caminhar na direção de termos um ambiente macro mais saudável para as empresas, precisamos, como sociedade, implementar uma agenda agressiva de aumento da competitividade.
É um projeto de alguns anos, mas que deveria incluir, por exemplo:
- Reforma Administrativa;
- Redução de carga tributária;
- Abertura comercial;
- Melhoria da qualidade do investimento em educação contemplando não só a educação básica, mas também a capacitação da força de trabalho atual;
- Redução da insegurança jurídica;
- Aumento da competitividade no setor privado.
Vale lembrar aos investidores em Bolsa no Brasil, principalmente para aqueles com visão de médio/longo prazo, que essa pesquisa traz notícias preocupantes, quando analisamos a competição de diversos países emergentes pelos recursos dos investidores estrangeiros.
Segue o ranking de alguns dos países que disputam com o Brasil a atenção dos investidores globais, tanto investidores em portfólio quanto investidores estratégicos:
- China, 21ª posição no ranking de 2023;
- Índia, 40ª posição;
- Malásia, 27ª posição;
- Tailândia, 30ª posição;
- México, 56ª posição;
- Chile, 44ª posição;
- Indonésia, 44ª posição.
Conclusão: somos competitivos na América Latina onde apenas o Chile de destaca (mas nem tanto). Em relação aos emergentes da Ásia, estamos muito atrás no tema competitividade.
Se você investidor em Bolsa no Brasil acha que esse tema não interfere no nosso mercado, sugiro pelo menos questionar os seus conceitos.
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Sobre o colunista
Sergio Goldman é colunista no Blog do Gorila e possui 30 anos de experiência no mercado de capitais da América Latina com foco em Equity Research, Distribuição de Renda Variável e Wealth Management. Possui vasta experiência na venda de produtos de renda variável para investidores institucionais locais e estrangeiros, tendo trabalhado em instituições financeiras como Baring Securities, Bear Stearns, Santander, Unibanco e Safra. Desde 2019 atua como gestor do FIA Esh Prospera. Entre 2014 e 2016 foi contribuidor da coluna Palavra do Gestor no jornal Valor Econômico. Formado em Engenharia Eletrônica pela PUC do Rio Janeiro, tendo mestrado em administração na COPPEAD, escola de negócios da UFRJ.
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