Brasil precisa crescer mais e de forma consistente

O diretor da S&P para América Latina declarou que o Brasil precisa crescer mais e de forma consistente para retomar o tão almejado grau de investimentos.
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PorSérgio Goldman - 26/06/2023
3 min de leitura

Na semana passada, na gravação de um evento organizado pelo Itaú, o diretor da S&P para América Latina declarou que o Brasil precisa crescer mais e de forma consistente para retomar o tão almejado grau de investimentos.

Lembrando que a S&P é uma das três principais empresas de ratings soberanos. Recentemente ela revisou sua perspectiva para o rating brasileiro de estável para positiva.

Entretanto, o próprio diretor da S&P deixou claro que, a partir da mudança de perspectiva, o caminho até a mudança efetiva de rating será longo.

Os agentes de mercado continuam com uma visão cautelosa para o crescimento do PIB brasileiro nos próximos anos.

Apesar das diversas críticas recebidas pelo baixo índice de acertos do relatório Focus do Banco Central, vou usar os números lá apresentados para desenvolver meu argumento:

  • A expectativa de consenso de mercado para o crescimento em 2023 vem subindo; nas últimas 4 semanas, saiu de 1,26% para os atuais 2,18%.
  • A expectativa de consenso para o crescimento médio no período de 2024 a 2026 é de 1,65%. 
  • Se considerarmos os 4 anos de projeção (2023 a 2026), o crescimento anual médio é de 1,79%.

Para aqueles que queiram argumentar que as expectativas no Relatório Focus dificilmente convergem para os dados reais, contra-argumento que: a) as expectativas mostram o que o mercado pensa neste momento e b) é pouco provável que no curto prazo vejamos um aumento forte para as expectativas de crescimento do PIB.

Neste ponto do artigo, vale reforçar as palavras do diretor da S&P: para retomar o grau de investimentos, Brasil precisa: 

  1. crescer mais e,
  2. crescer mais de forma consistente.

Desde que o Plano Real foi lançado em 1994, o crescimento médio do PIB do país foi de aproximadamente 2,4% e não foi de maneira alguma um crescimento consistente; pelo contrário, foi uma trajetória de PIB bastante volátil.

Aparentemente, a estratégia do atual governo para acelerar o crescimento da economia brasileira possui as seguintes alavancas:

  • Aprovação do arcabouço fiscal;
  • Aprovação da Reforma Tributária;
  • Redução da Taxa Selic;

Sou cético em relação à capacidade de apenas estas três alavancas serem capazes de colocar o país em trajetória de crescimento maior e consistente.

Em relação à Reforma Tributária, temos ainda pouca visibilidade quanto a:

  1. versão final que será aprovada, 
  2. se e quando será aprovada e, 
  3. quais os impactos efetivos sobre a economia.  

Sem querer ser estraga prazeres, gostaria muito de ver o Governo apresentar uma estratégia crível para fazer o PIB brasileiro crescer de forma consistente a taxas elevadas nos próximos 5 a 10 anos.

Dado o nível medíocre de crescimento nos últimos 30 anos, me parece que a sociedade brasileira, incluindo-se aí a maioria dos agentes de mercado, se acostumaram com patamares medíocres de crescimento. 

Leia também:
Brasil continua com mega desafio em competitividade
Panorama da indústria brasileira de fundos em maio de 2023

Sobre o colunista

Sergio Goldman é colunista no Blog do Gorila e possui 30 anos de experiência no mercado de capitais da América Latina com foco em Equity Research, Distribuição de Renda Variável e Wealth Management. Possui vasta experiência na venda de produtos de renda variável para investidores institucionais locais e estrangeiros, tendo trabalhado em instituições financeiras como Baring Securities, Bear Stearns, Santander, Unibanco e Safra. Desde 2019 atua como gestor do FIA Esh Prospera. Entre 2014 e 2016 foi contribuidor da coluna Palavra do Gestor no jornal Valor Econômico. Formado em Engenharia Eletrônica pela PUC do Rio Janeiro, tendo mestrado em administração na COPPEAD, escola de negócios da UFRJ.

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