Os benefícios da privatização

Sou a favor de se privatizar o máximo de empresas controladas pelo setor público; sejam elas controladas pelo governo federal, estados ou municípios.
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PorSérgio Goldman - 13/06/2023
3 min de leitura

Sou a favor de se privatizar o máximo de empresas controladas pelo setor público; sejam elas controladas pelo governo federal, estados ou municípios.

Mas estou falando também de se transferir a gestão de determinados serviços para o setor privado, seja através de concessões ou mesmo através de parcerias-público-privado, as chamadas PPPs.

O atual governo sempre deixou claro que não apoia privatizações. Portanto, o mercado não deve ter esperança de que alguma empresa federal seja privatizada nos próximos quatro anos.

Por outro lado, desde que o resultado da última eleição presidencial foi confirmado, membros da equipe de governo vêm falando sobre o lançamento de um programa agressivo de PPPs visando melhorar a qualidade do serviço público e, portanto, reduzir as enormes demandas sociais existentes no país.

A expectativa com relação ao novo programa de PPPs continua. 

Até agora, nada de concreto foi anunciado.

Voltando ao tema privatizações, gostaria de dividir com vocês porque sou totalmente a favor.

Primeiramente, deixem-me definir aqui o que deve ser considerado uma privatização:

Privatização acontece quando o controle de determinada empresa deixa as mãos do setor público e a empresa passa a ser controlada por um ente (ou entes) privado.

Portanto, se um governo, ou empresa controlada por um governo, decide reduzir sua participação em uma empresa (por exemplo de 70% para 51%), mas mantém o controle, isso NÃO é privatização.

A decisão de se privatizar ou não uma empresa estatal é uma decisão de alocação de capital. Vejo pouca gente analisar o tema privatização com ótica de alocação de capital.

No setor privado, o que acontece quando uma empresa tem ativos valiosos, mas também tem uma dívida que causa diversos problemas e pode até levar esta empresa à insolvência?

A empresa bem administrada irá vender parte dos seus ativos para reduzir sua alavancagem excessiva.

O mesmo deve ser considerado para o setor público. Sabemos que no Brasil o setor público tem alavancagem elevada, o que causa diversos problemas tais como a alta taxa de juros.

Por isso, independentemente de a estatal dar lucro ou prejuízo (outro tema bastante discutido de forma distorcida), faz todo sentido vender empresas e reduzir a alavancagem.

Um outro motivo para se privatizar empresas estatais é possibilitar que essas empresas implementem programas de ganho de produtividade que acabarão criando valor não só para as empresas, mas também para seus stakeholders.

Faz sentido investir em empresas privatizáveis?

Sim, faz bastante sentido. E por quê?

Na grande maioria dos casos, haverá uma melhoria nos processos de gestão e uma redução de custos e despesas. Mas isso é um processo que pode levar alguns anos.

Com isso há melhoria de margens, aumento do retorno sobre capital investido e criação de valor ao longo do tempo.

Hoje no mercado temos Sabesp e Copel cujos processos de privatização já começaram e as operações devem ocorrer nos próximos 12 a 15 meses.

Em Minas Gerais, existe a possibilidade de o governo decidir pelas privatizações de Cemig e Copasa, mas não há garantia já que isso irá depender do poder legislativo.

Gosto de incluir Eletrobras como ainda sendo um player de privatização dado que os ganhos de produtividade e melhorias de gestão e processos ainda estão no início.

Com relação à possibilidade da empresa ser reestatizada, acho pouco provável, mas toda vez que o assunto aparecer vai gerar impacto negativo sobre o preço das ações. 

Leia também:
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Sobre o colunista

Sergio Goldman é colunista no Blog do Gorila e possui 30 anos de experiência no mercado de capitais da América Latina com foco em Equity Research, Distribuição de Renda Variável e Wealth Management. Possui vasta experiência na venda de produtos de renda variável para investidores institucionais locais e estrangeiros, tendo trabalhado em instituições financeiras como Baring Securities, Bear Stearns, Santander, Unibanco e Safra. Desde 2019 atua como gestor do FIA Esh Prospera. Entre 2014 e 2016 foi contribuidor da coluna Palavra do Gestor no jornal Valor Econômico. Formado em Engenharia Eletrônica pela PUC do Rio Janeiro, tendo mestrado em administração na COPPEAD, escola de negócios da UFRJ.

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