O futuro do sistema financeiro: Drex, Open Finance e inclusão digital
O Open Finance e o Drex (Real Digital) são tendências que prometem redesenhar profundamente a maneira como as instituições financeiras operam e como os consumidores interagem no sistema financeiro. Na Innovation Xperience Conference, evento promovido em São Paulo, grandes nomes do mercado se reuniram para discutir os desafios para a evolução positiva desse novo cenário.
Metade do Brasil conhece o Open Finance, mas adesão é baixa
Otávio Damaso, diretor de regulação do Banco Central, destacou que vale colocar o Drex e o Open Finance “numa prateleira diferente do Pix”. O diretor da autarquia analisou que a tecnologia de pagamento instantâneo penetrou em toda a sociedade brasileira e foi muito fácil de escalar, superando, inclusive, as expectativas de crescimento. Trata-se de um benefício muito claro.
Por outro lado, o Open Finance “traz benefícios que muitas vezes você não sabe que foram trazidos por ele”, completou Damaso.
Uma recente pesquisa promovida pelo Consultative Group to Assist the Poor (CGAP) revelou que 66,7% dos brasileiros não querem compartilhar suas informações em troca de benefícios, ainda que uma porção de 45,7% saiba o que é o Open Finance.
O estudo também mostrou que, dentre a parcela de 52,1% que não sabia do que se tratava o sistema, 74% afirmaram que não pretendem aderir ao sistema depois que lhes foi explicado.
Rodrigo Soeiro, CEO da Monnos e líder do Comitê de Payments e Fintechs do Movimento Inovação Digital, analisou que o papel do Banco Central é “abrir caminhos”, mas a missão de “vender” o sistema e aproveitar as oportunidades é dos inovadores. Quer dizer, instituições financeiras e fintechs devem buscar maneiras de usar a educação financeira para aumentar a conscientização sobre as oportunidades presentes no Open Finance.
Juarez Borges Filho, diretor geral do PayPal no Brasil, mencionou duas ações que devem ser tomadas para que o Open Finance cresça. A primeira delas é o combate à desinformação, visto que ainda há muitas dúvidas sobre a segurança do sistema aberto. Borges Filho também pontuou que é preciso fazer com que as pessoas limpem o nome. “O programa Desenrola Brasil vai ajudar bastante”, afirmou. Dados recentes do Serasa mostram que, em setembro, o país contava com 68,39 milhões de inadimplentes.
“Eles vão compartilhar o quê? São questões que vamos ter que olhar ao pensarmos na adoção [do Open Finance]”, afirmou José Mario Ribeiro, CEO da Adiq, avaliando que para o grande número de brasileiros negativados não há vantagem no sistema.
Drex é a primeira CBDC a ser inserida em um sistema financeiro tão sofisticado quanto o brasileiro
Soeiro comentou que outras CBDCs (sigla para moedas digitais emitidas por bancos centrais), como o yuan digital, são usadas como meio de pagamento. No Brasil, essa necessidade já é suprida pelo Pix, pontuou o especialista. Esse cenário faz com que o contexto brasileiro na implementação de uma CBDC seja vanguardista.
Borges Filho acredita que ainda é muito cedo para falar de todos os casos de uso do Drex. “É a primeira vez que uma CBDC vai ser inserida em um sistema financeiro tão sofisticado”, lembrou.
Governança da inovação como recurso para manter a relevância
Em meio a esse ambiente de constante renovação, Ribeiro afirmou que as empresas precisam “tomar cuidado para não perder o bonde”. O CEO da Adiq contou que sua empresa gastou cerca de 70% da força de trabalho para se adequar a atual conjuntura do ecossistema financeiro.
Ribeiro analisou que é mais fácil para empresas novas aderirem a novas tecnologias, pois elas não carregam o peso de “defender o que já existe”. “A transformação digital é o grande tema que a gente deve colocar dentro das nossas empresas para fazer o acompanhamento tecnológico”, aconselhou.
“Você precisa ter celeridade e ter governança para estar se renovando. É o desafio da empresa moderna”, concluiu Damaso.
Leia também:
Banco Central quer criar novos modelos para aumentar a tecnologia no sistema financeiro
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