Sua empresa está preparada para os desafios futuros?

Algumas perguntas devem ser respondidas pela gestão das companhias para nos certificarmos de que o tema future-readiness está no radar.
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PorSérgio Goldman - 11/04/2023
4 min de leitura

Em um mundo de rápidas transformações, é ainda mais fundamental que empresas estejam preparadas para abordar e vencer seus desafios futuros.

Isso se aplica a empresas de qualquer tamanho; acredito inclusive que, quanto menor a empresa, mais relevante se torna estar preparada para o que vem pela frente.

Com isso em mente, discute-se nos principais centros globais de conhecimento em negócios o conceito de future-ready, empresas preparadas para o futuro.

Duas referências em pesquisa nesta área são o MIT (sempre ele) e a escola Suíça de negócios IMD (Institute for Management Development).

Vale aqui mencionar um livro e um centro de pesquisa em future-readiness ligados a essas 2 escolas de negócio:

  • O título do livro é Future Ready: The 4 Pathways to Capturing Digital Value publicado em outubro de 2022, portanto, bastante recente. O livro foi escrito por 3 professores e pesquisadores do Center for Information Systems Research ligado ao MIT Sloan School of Management, a saber: Stephanie L. Woerner, Peter Weill e Ina M. Sebastian;
  • O centro de pesquisa é o Center for Future Readiness , ligado à IMD, prestigiosa escola de negócios na Suíça. O diretor responsável pelo centro é o professor Howard Yu. Além de outras coisas, o centro de pesquisas desenvolveu o Readiness Index que mede o grau que empresas incumbentes estão preparadas para fazer o salto para uma nova fronteira do conhecimento.

Posso estar enganado, mas não vejo no Brasil discussões mais aprofundadas sobre empresas preparadas para lidar com o futuro.

O conceito deveria ser um dos principais temas de pesquisa aplicada, conjugando esforços de centro acadêmicos e o setor privado.

Eu particularmente tenho enorme interesse no tema, dado que acredito que investir em ações é buscar antecipar como será o desempenho de uma empresa nos curto, médio e longo prazos.

Recentemente, circulei um ebook cujo título é Questionário de Stock Picking. Nele eu listo uma série de questões que devem ser abordadas por analistas e gestores antes de se decidir por investir em determinada ação.

Algumas dessas questões estão relacionadas ao tema future-readiness.

Gostaria de chamar a atenção para as seguintes 4 questões:

  1. O C-suite da empresa é visionário?
    Muito difícil responder essa pergunta sem conversas profundas com os principais diretores da empresa. Mesmo conversando diretamente, muitas vezes eles/elas preferem não discutir o futuro, justificando essa posição por não querer passar informações para a concorrência. Apesar dessas limitações, empresas com management preocupado não apenas com o próximo trimestre mas sim com os próximos anos, devem ser melhor avaliadas;
  2. Quão alto é o risco de disrupção no setor de atuação da empresa?
    Negligenciar o risco de disrupção em qualquer setor é um dos principais erros estratégicos que a gestão de uma empresa pode cometer. Setores com qualidade baixa de produtos e serviços, e no Brasil existem vários, estarão mais propensos a entrada de um novo player que desbanque os incumbentes.
  3. Como a empresa aborda o tema inovação?
    Converso com várias empresas de capital aberto e em todas essas conversas procuro saber como a empresa está lidando com o tema inovação. Não quero parecer injusto, mas minha percepção é que as empresas ainda estão engatinhando no tema. O mínimo que eu gostaria de ver respondido é: a) como está estruturada a área de inovação; qual a senioridade do responsável; para quem ele/ela reporta; b) qual tem sido o montante investido em inovação; qual o orçamento para o futuro? c) KPIs da área e, d) existe algum membro do Conselho de Administração com background extenso em inovação?
  4. O Conselho de Administração está comprometido com a criação de valor sustentável?
    Parece óbvio que criação de valor é um tema relevante para qualquer empresa. É tão relevante que precisa ser discutido no órgão máximo da gestão do negócio. Uma das principais funções de um Conselho de Administração é orientar a empresa para o caminho da longevidade. Sem criação de valor sustentável não dá para se garantir longevidade. 

Leia também:
Sobre o crescimento econômico no Brasil: Como disse Einstein, insanidade é fazer sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes…

O arcabouço fiscal e seus impactos sobre o mercado de ações

Sobre o colunista

Sergio Goldman é colunista no Blog do Gorila e possui 30 anos de experiência no mercado de capitais da América Latina com foco em Equity Research, Distribuição de Renda Variável e Wealth Management. Possui vasta experiência na venda de produtos de renda variável para investidores institucionais locais e estrangeiros, tendo trabalhado em instituições financeiras como Baring Securities, Bear Stearns, Santander, Unibanco e Safra. Desde 2019 atua como gestor do FIA Esh Prospera. Entre 2014 e 2016 foi contribuidor da coluna Palavra do Gestor no jornal Valor Econômico. Formado em Engenharia Eletrônica pela PUC do Rio Janeiro, tendo mestrado em administração na COPPEAD, escola de negócios da UFRJ.

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