Tendências e insights que estão moldando o mercado de wealth management
Na reta final de 2023, a Vita Investimentos, reconhecida pelo seu papel como multi-family office, sediou o “Vita Partners Day”, com patrocínio do Gorila, um evento dedicado à reunião de parceiros estratégicos. O objetivo foi claro: criar um ambiente propício para o compartilhamento de insights e o fortalecimento das colaborações que sustentam o sucesso financeiro.
No evento, foram compartilhados cases de sucesso – como da IGC Partners, da livraria Megafauna e da editora Fósforo – e discussões com profissionais da própria Vita Investimentos, do BTG Pactual e também do Gorila.
Guilherme Assis, CEO e cofundador do Gorila, e Guilherme Miziara, diretor de Revenues do Gorila, foram recebidos por Ricardo Guimarães, fundador da Vita Investimentos, para falar sobre tendências e insights que estão moldando o mercado de investimentos.
Em uma análise sobre o atual estado do mercado, surge a pergunta crucial: em que estágio nos encontramos e para onde estamos nos dirigindo?
Assis analisa que nos últimos anos presenciamos disrupções marcantes em setores como mídia, educação e varejo. Nessas transformações uma constante emerge: “no final do dia, toda competição acontece na experiência”, afirma. Esse fenômeno, que remodelou essas indústrias, agora se manifesta de maneira tangível no universo dos investimentos, onde o aumento significativo de instituições e produtos demanda uma simplificação para proporcionar uma experiência positiva ao cliente.
O amadurecimento desse mercado está intrinsecamente ligado à tecnologia. Assis defende que ela não apenas possibilita, mas também impulsiona a simplificação necessária para oferecer uma experiência de qualidade aos investidores.
Entretanto, ao compararmos os mercados de multi family office do Brasil e dos Estados Unidos, identificamos uma disparidade de ferramentas disponíveis, com destaque para as inúmeras opções que ainda não estão acessíveis ao mercado nacional.
Ao abordar a situação atual, Assis, que também é membro do conselho e sócio fundador do Iporanga Ventures, destaca que, na América Latina, poucas empresas de tecnologia incorporam altos padrões. Dentre o seleto grupo, Assis destaca o Mercado Livre e o Nubank, apontando que esse último se diferencia no setor financeiro devido à construção de seu próprio core banking, focado na experiência do usuário desde o início da operação.
O CEO do Gorila reflete que o diferencial crítico de ter uma abordagem verdadeiramente centrada na experiência do cliente é uma característica notável nos Estados Unidos, onde várias empresas já adotaram esse posicionamento. A presença de um mercado maduro com empresas focadas em proporcionar experiências excepcionais destaca a importância de incorporar esses princípios na estratégia das empresas do setor de multi-family office no Brasil. A busca pela autenticidade na entrega de uma experiência positiva ao cliente continua a ser um fator crucial para a inovação e a excelência no cenário financeiro nacional.
Nesse sentido, ao explorar a prática da implementação da tecnologia na indústria de wealth management, Miziara enfatiza o notável crescimento da indústria de wealth management em escala mundial e destaca a importância de estar em sintonia com a evolução regulatória. Ele ilustra sua perspectiva ao fazer uma analogia com a indústria de pagamentos, na qual, em 2013, o Banco Central assumiu o papel de regulador, catalisando avanços significativos no setor.
Hoje, Miziara destaca o Open Finance como elemento regulatório fundamental que impulsiona a implementação da tecnologia na indústria de wealth management. O sistema financeiro aberto não apenas catalisa a inovação, mas também abre portas para uma integração mais eficiente de tecnologias, promovendo uma experiência mais transparente e acessível.
No contexto brasileiro, Assis nota que o fato da dinâmica do setor não ser tão acelerada quanto nos Estados Unidos pode ser transformado em uma vantagem. Superando as barreiras existentes, as empresas brasileiras têm a oportunidade de se destacar em um ambiente onde a competição é menos acirrada.
Apesar disso, Assis defende que as regulamentações desempenham um papel crucial: o de movimentar o mercado. Ele sugere que os marcos regulatórios podem servir como meios para superar a inércia e criar um ambiente mais propício à competição e à inovação no cenário de wealth management no Brasil.
O CEO do Gorila também trouxe à tona a importância da reflexão sobre o papel da Inteligência Artificial (IA) no setor de wealth management. No contexto específico do Gorila, Assis compartilhou que a empresa está trabalhando ativamente para implementar mais camadas de IA em sua solução de cotização de portfólio, o GorilaCORE. A capacidade de iterar e adaptar-se às necessidades emergentes do usuário permanece no centro dessas melhorias.
No entanto, Assis enfatiza que, apesar dos avanços na IA, ela não é vista como uma substituição ao elemento humano. O business de wealth management, segundo ele, é inerentemente um negócio centrado nas relações interpessoais. Essa abordagem equilibrada destaca a complementaridade entre a tecnologia avançada e o capital humano, evidenciando que, no coração do wealth management, permanece um negócio de pessoas.
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