[TAG SUMMIT 2023] Geopolítica e a influência nos mercados

No TAG Summit 2023, o painel “Geopolítica e a Influência nos Mercados” contou com a participação de Catherine Kress, Head of Geopolitical Research & Strategy da BlackRock, e Filipe Nasser, diplomata do Itamaraty. O papo foi mediado por Lívio Ribeiro, sócio da BRCG e pesquisador associado na FGV IBRE.
Foto de perfil do autor
PorEdnael Ferreira - 08/08/2023
Atualizado em 13/11/2023
3 min de leitura

No TAG Summit 2023, o painel “Geopolítica e a Influência nos Mercados” contou com a participação de Catherine Kress, Head of Geopolitical Research & Strategy da BlackRock, e Filipe Nasser, diplomata do Itamaraty. O papo contou com a mediação de Lívio Ribeiro, sócio da BRCG e pesquisador associado na FGV IBRE.

Os participantes chamaram a atenção para a  dinâmica entre os Estados Unidos e a China, que está em um momento de transição onde os contornos ainda estão sendo delineados. Onde exatamente esse novo equilíbrio será estabelecido é uma questão que intriga observadores globais, uma vez que está claro que essa redefinição vem acompanhada de custos e desafios significativos.

Kress afirmou que os dois protagonistas desse cenário estão envolvidos em uma complexa interação onde estão sendo definidos os pontos de cooperação e competição, com áreas de destaque, como tecnologia e a busca por superioridade militar sendo pontos de atrito, por exemplo.

O Brasil, enquanto economia emergente e rica em recursos naturais, desempenha papel estratégico na disputa entre as duas superpotências. A Head de Geopolítica da BlackRock acredita que o Brasil deve manter o equilíbrio nas cadeias de produção e atentar-se às “linhas vermelhas” que não devem ser ultrapassadas para evitar atritos com os países em questão. Um exemplo de uma dessas linhas é o caso de Taiwan, segundo Kress. 

Em contrapartida, Nasser acredita num futuro onde a geopolítica é multipolar. O diplomata disse que talvez o país não deva pender para nenhum lado. “Somos membros orgulhosos do ocidente, mas temos relações fortes com Pequim”, afirmou. Nasser ainda indicou outros players com os quais o Brasil deve fortalecer laços, como a União Europeia e Índia. Ele defende que a nova ordem mundial fará os polos colaborarem de forma responsável, respeitando o direito internacional. 

Nasser destacou os fenômenos geopolíticos ocorridos entre os mandatos de Lula, atual presidente da República. Dentre eles, ressaltou o aumento das temperaturas e o surgimento de movimentos extremistas (local e internacionalmente). O representante internacional analisou que o Brasil se omitiu do mundo nos últimos anos, rompendo tradições diplomáticas e perdendo de atuar em meio a esse cenário. 

Por conta disso, Nasser comunicou que a prioridade do governo atual é “recuperar a credibilidade do Brasil”, retomando as tradições diplomáticas e honrando o compromisso com o multilateralismo. Ainda, reforçou a necessidade de honrar o regionalismo através de iniciativas como a COP 30 e a integração da América Latina. “O governo atual se vê como player global e quer manter relações e canais abertos para promover empresas nacionais no exterior e também para o bem das relações geopolíticas”, completou. 

Ao analisar o cenário internacional, Kress elencou a relação entre EUA e China, crise na Ucrânia, risco de invasão da China em Taiwan e aumento das tensões da Coreia do Norte como principais ameaças. Nasser listou a fome e pobreza. 

Na condução do painel, Lívio Ribeiro separou um momento para que os palestrantes fizessem perguntas um ao outro.  

A especialista em geopolítica perguntou da posição do Brasil em relação ao conflito na Ucrânia. O diplomata explicou que a posição do Brasil é mal compreendida. Ele afirma que não há neutralidade, pois isso implica em indiferença em relação ao resultado da guerra. Nasser afirmou que o Brasil condena a violação da soberania ucraniana e a invasão russa e disse que nosso país espera fazer parte da solução através do poder diplomático que pode pressionar as partes a voltarem à mesa de negociação. 

Ao questionar Kress, Nasser perguntou sobre a visão subvalorizada que o cenário externo tem do Brasil. Ela, por sua vez, afirmou que o país não é subvalorizado, e sim visto como mercado emergente com grandes oportunidades de investimento. Entretanto, em virtude dos últimos acontecimentos, o que ocorre é uma concorrência com a Ásia, também emergente, além da invasão da Ucrânia que joga os holofotes na Europa. Em suma, a especialista diz que outras prioridades surgiram por causa do cenário político. 

Compartilhe

Vá direto ao assunto

Inscreva-se na nossa newsletter e receba nossa curadoria com as últimas notícias, inovações e tendências que estão moldando o mercado de investimentos no Brasil.
Ao enviar o formulário, você declara que conhece os nossos Termos de Uso e Política de Privacidade.

Compartilhe

Vá direto ao assunto

Inscreva-se na nossa newsletter e receba nossa curadoria com as últimas notícias, inovações e tendências que estão moldando o mercado de investimentos no Brasil.
Ao enviar o formulário, você declara que conhece os nossos Termos de Uso e Política de Privacidade.