Profissionais de investimentos esperam expansão significativa do modelo de fee-based e já começaram a fazer ajustes

Pesquisa do Gorila revela que a CVM 179 já está motivando treinamentos internos e favorece o modelo de fee fixo nas assessorias, mas traz desafios na comunicação com os clientes.
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PorEdnael Ferreira - 09/12/2024
Atualizado em 11/12/2024
3 min de leitura

A Resolução CVM 179 reformulou as regras exigindo mais transparência para a remuneração das assessorias de investimentos. Para desenhar um panorama das reações do mercado à nova regulamentação, o Gorila realizou uma pesquisa que investigou como os escritórios têm reagido a essas mudanças. Os resultados indicam que as assessorias têm priorizado melhorias na comunicação e treinamentos para se adaptar à norma, além de uma tendência de expansão do modelo de fee fixo (fee-based) nos próximos anos.

O questionário foi respondido por 33 profissionais de investimentos, com diferentes modelos de atuação. Entre os entrevistados, 20 atuam em escritórios com modelo predominante de assessoria comissionada, sendo 3 no BTG e 17 na XP. Outros 11 respondentes possuem a consultoria de valores mobiliários como modelo e 2 têm foco em carteiras administradas. 

Apelidada de “resolução da transparência”, a Resolução CVM 179 entrou em vigor em 1° de novembro e passou a exigir a divulgação da remuneração de assessorias de investimentos como forma de aumentar a transparência para os investidores e esclarecer potenciais conflitos de interesses.

A nova resolução aumenta a conscientização dos clientes sobre os custos operacionais, mas alguns profissionais estão preocupados com a possível confusão pela sobrecarga de informações

A pesquisa revelou que a consequência mais esperada com a implementação da CVM 179 é a maior conscientização dos clientes sobre custos e taxas, destacada por 61% dos participantes.

Além disso, 30% dos respondentes apontaram a necessidade de adaptação para modelos de remuneração mais alinhados com os interesses de clientes e escritórios, com destaque para o fee-based.

Outros 21% destacaram o fortalecimento da confiança na relação com os clientes devido à maior clareza nas informações de remuneração.

No entanto, 12% alertaram para o risco de confusão e sobrecarga de informações, especialmente considerando a complexidade das taxas e modelos. Sem uma comunicação clara e didática por parte dos escritórios, há o perigo de que as informações, em vez de empoderar o investidor, acabem gerando dúvidas e insegurança na hora de tomar decisões – sobretudo no caso de clientes menos experientes.

As respostas, coletadas com a possibilidade de múltipla escolha, reforçam tanto os avanços quanto os desafios trazidos pela nova regulamentação.

Melhoria na comunicação e treinamentos são as principais medidas adotadas pelas assessorias de investimentos

Uma parte considerável do mercado de assessoria opera atualmente com base no modelo comissionado. Diante desse fato, a pesquisa buscou entender como os escritórios adotaram ou planejam adotar medidas para se adequar à nova realidade regulatória.

Entre as ações mais mencionadas, destacam-se a implementação de comunicação proativa com os clientes sobre os novos modelos de remuneração e transparência, assinalada por 40% dos assessores de investimentos respondentes.

Essa medida visa esclarecer as mudanças e garantir que os clientes compreendam os ajustes no mercado. A mesma quantidade de profissionais indicou também que estão investindo em treinamento de assessores e profissionais, com o objetivo de garantir a conformidade e o alinhamento das equipes com as novas diretrizes. Outras ações incluem o estudo de mudanças para adotar modelos de atuação baseados em fee fixo, citado por 20% respondentes, com a intenção de reduzir potenciais conflitos de interesse, e a integração de sistemas e ferramentas para facilitar o cálculo e a apresentação de taxas e comissões aos clientes, mencionada por 10% dos assessores. Uma parcela menor de profissionais não observou mudanças significativas em sua rotina ou operação.

Profissionais projetam crescimento substancial do modelo de fee fixo

A transição dos modelos de remuneração no Brasil enfrenta desafios consideráveis. O formato comissionado, enraizado na cultura do setor financeiro, é amplamente aceito por profissionais e investidores. Enquanto muitos profissionais valorizam a flexibilidade que ele proporciona, investidores estão familiarizados com esse formato, que é amplamente difundido

A pesquisa revelou que, embora ainda em estágio inicial, o modelo de fee fixo tem potencial para crescer nas assessorias de investimentos. Dos 20 assessores entrevistados, 70% projetam uma redução da participação do modelo comissionado nos próximos 5 anos.

Em relação ao fee fixo, 40% dos respondentes afirmaram não utilizar esse modelo, 50% o consideram incipiente em sua operação e apenas 10% indicaram que ele representa uma parte significativa de sua remuneração.Entre os que já adotam o fee fixo, 92% esperam aumentar sua participação nos próximos 5 anos, evidenciando uma tendência de expansão.

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