PMEs não devem ser tratadas como “café com leite”

Minha percepção é que aqui no Brasil, com exceção das empresas tecnológicas, PMEs (pequenas e médias empresas) são consideradas “café com leite” por boa parte dos agentes econômicos e, em muitos casos, até por elas mesmas.
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PorSérgio Goldman - 01/07/2024
3 min de leitura

Não sei se considerar uma pessoa “café com leite” é uma expressão que ainda é usada.

Na minha época, significava alguém cuja presença ou opinião não deveria ser considerada.

Minha percepção é que aqui no Brasil, com exceção das empresas tecnológicas, PMEs (pequenas e médias empresas) são consideradas “café com leite” por boa parte dos agentes econômicos e, em muitos casos, até por elas mesmas.

Só que não…

Recentemente fiz uma pesquisa no Google (ainda não me acostumei a migrar minhas pesquisas para ferramentas de IA), escrevendo: creativity and innovation in small and midsized companies (SMEs).

Apareceu uma série de resultados, incluindo artigos acadêmicos e não acadêmicos, além de notícias de diversas fontes.

A mesma pesquisa em português (criatividade e inovação em PMEs) traz menos conteúdo. Este número é ainda menor se buscarmos conteúdos produzidos nos últimos 3 anos.

5 sugestões para PMEs brasileiras

Tenho cinco fortes sugestões para gestores, acionistas e investidores de PMEs:

  1. Pensem grande;
  2. Se organizem para utilizar as mesmas ferramentas de gestão utilizadas pelos líderes dos seus setores;
  3. Utilizem as métricas corretas para medir resultados financeiros. Exemplo: ROIC, geração de fluxo de caixa livre e cálculo de Economic Value Added (EVA);
  4. Foquem em estratégia de diferenciação;
  5. Se tornem empresas centradas em criatividade e inovação;
  6. Sejam comprometidas com a criação de valor sustentável para todos os stakeholders e,
  7. Criem um Conselho Consultivo cuja composição traga as competências necessárias para entregar o objetivo de criação de valor sustentável;  

Sempre que faço esse tipo de comentário vem alguém que contra-argumenta com o fator limitação de recursos; tanto recursos financeiros quanto recursos gerenciais, principalmente falta de gente.

Então quer dizer que pequenas e médias empresas estão fadadas a estagnar e nunca se tornar ameaças para as empresas incumbentes?

Eu não acredito nisso.

Não só não acredito como acho que hoje no Brasil, as melhores oportunidades de investimento em renda variável estão em empresas não-listadas.

E aqui não falo apenas em startups.

Existe um grupo de empresas não tecnológicas que tem totais condições de serem excelentes oportunidades de investimentos para investidores com perfil adequado para se expor a esse tipo de ativo.

Do ponto de vista social é importante que mais e mais PMEs sobrevivam e cresçam dada a importância que o segmento tem como fonte de empregos. Para o mercado de capitais brasileiro, mercado excessivamente concentrado, o sucesso de mais e mais PMEs significa um aumento de empresas propensas a listar suas ações na B3.

Leia também:
Como as empresas brasileiras se preparam para as incertezas do futuro?

Sobre o colunista

Sergio Goldman é colunista no Blog do Gorila e possui mais de 30 anos de experiência no mercado de capitais da América Latina com foco em Equity Research, Distribuição de Renda Variável e Wealth Management. Possui vasta experiência na venda de produtos de renda variável para investidores institucionais locais e estrangeiros, tendo trabalhado em instituições financeiras como Baring Securities, Bear Stearns, Santander, Unibanco e Safra. Desde junho de 2023 atua com gerenciamento de portfólios na Barra Peixe Investimentos. Entre 2019 e 2023 atuou como gestor do FIA Esh Prospera, e entre 2014 e 2016 contribuiu na coluna Palavra do Gestor do jornal Valor Econômico. Formado em Engenharia Eletrônica pela PUC-RJ, tem mestrado em administração na COPPEAD, escola de negócios da UFRJ.

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