Onde estará o Ibovespa no final de 2025?

Para 2025, existe um forte consenso de que será um período de juros elevados, incertezas do cenário fiscal, desaceleração da economia, volatilidade do câmbio e baixa visibilidade do ambiente econômico.
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PorSérgio Goldman - 13/01/2025
3 min de leitura

Estamos naquela época do ano quando é de costume anunciar as previsões do mercado financeiro para o ano seguinte.

No caso da Bolsa Brasileira, nos últimos anos, o jornal Valor Econômico tem publicado artigo com as projeções de bancos e corretoras para o Ibovespa. No início da semana passada, foi publicado o artigo com as expectativas do mercado para o índice no final de 2025.

É verdade que os profissionais de mercado vêm perdendo credibilidade quando o tema é projeções de dados econômicos e de mercado.

Em parte, essa perda de credibilidade advém da falta de humildade de admitir que é muito difícil projetar variáveis econômicas e de mercado. 

Ajudaria muita a reputação de profissionais de mercado se eles expusessem as premissas utilizadas para chegar nos números projetados. Entretanto, poucos fazem isso.

Voltemos ao artigo do Valor Econômico…

Com base nas expectativas de 17 instituições do mercado Brasileiro, a mediana das projeções para o Ibovespa no fim de 2025 foi de 143.200 pontos, que se alcançada, geraria um retorno de 19,1% em relação ao nível ao final de 2024 de 120.283 pontos.

As projeções compiladas variaram de um mínimo de 129.900 pontos e um máximo de 153.000 pontos. 

Primeiro comentário que eu gostaria de fazer é: de 17 instituições pesquisadas, nenhuma delas considerou a possibilidade de o Ibovespa apresentar um desempenho negativo em 2025.

É verdade que, independentemente do cenário macro e microeconômico vigente, se levantarmos as projeções históricas do mercado para o Ibovespa no ano seguinte, é muito difícil encontrarmos uma única instituição com expectativa de queda da Bolsa Brasileira nos 12 meses à frente.

Entretanto, para 2025, existe um forte consenso de que será um período de juros elevados, incertezas do cenário fiscal, desaceleração da economia, volatilidade do câmbio e baixa visibilidade do ambiente econômico.

Será que mesmo assim, nenhuma instituição chegou à conclusão de que o cenário mais provável para final de 2025 é de Ibovespa abaixo do nível do fechamento de 2024?

Gostaria também de fazer uma breve análise sobre qual deveria ser o retorno esperado para o mercado de ações Brasileiro que justificasse um aumento de posições neste momento.

O retorno esperado para o mercado de ações pode ser determinado pela taxa livre de risco no período do investimento somada a um prêmio de risco por se expor ao mercado de ações.

Para um período de 1 ano, considero uma Selic de 14,5% como a taxa livre de risco e para o prêmio de risco, usaria 5,5% já que historicamente, para mercado Brasileiro, a variável ficou entre 5% e 6%.

(na verdade, sugiro incorporar uma margem de segurança de pelo menos 5% na determinação do retorno esperado)

Portanto, um investidor deveria requerer um retorno de no mínimo 25% para decidir investir na Bolsa Brasileira para os próximos 12 meses.

Com isso, com base no fechamento de 2024 de 120.283 pontos, a expectativa para o Ibovespa no final deste ano, incorporando a margem de segurança, deveria ser de pelo menos 150.000.

Um outro comentário precisa ser feito com base no retorno esperado de pelo menos 25% para Bolsa Brasileira em 2025. 

Vamos pensar em uma ação que tenha um beta de 1,0x ou, em outras palavras, seu risco percebido é igual ao risco médio do mercado como um todo. 

Se você está convencido que a melhor estratégia é comprar ações de boas pagadoras de dividendos, não esqueça que apenas o dividend yield não será suficiente para garantir que você atinja o retorno esperado.

Por exemplo, uma ação com dividend yield de 12%, que é um excelente patamar, necessita que o preço da ação suba pelo menos 13% (conta simples sem considerar retorno composto) para atingir o retorno esperado de 25%.


Leia também:
Qual a relevância do ambiente político e institucional para o retorno de investimentos em renda variável no Brasil?

Sobre o colunista

Sergio Goldman é colunista no Blog do Gorila e possui mais de 30 anos de experiência no mercado de capitais da América Latina com foco em Equity Research, Distribuição de Renda Variável e Wealth Management. Possui vasta experiência na venda de produtos de renda variável para investidores institucionais locais e estrangeiros, tendo trabalhado em instituições financeiras como Baring Securities, Bear Stearns, Santander, Unibanco e Safra. Desde junho de 2023 atua com gerenciamento de portfólios na Barra Peixe Investimentos. Entre 2019 e 2023 atuou como gestor do FIA Esh Prospera, e entre 2014 e 2016 contribuiu na coluna Palavra do Gestor do jornal Valor Econômico. Formado em Engenharia Eletrônica pela PUC-RJ, tem mestrado em administração na COPPEAD, escola de negócios da UFRJ.

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