O que são commodities? Veja como funciona e como investir nesse mercado

Um novo boom de produtos primários vem aí? Descubra o que são commodities, como se lucra com esses ativos e tire sua conclusão!
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PorEdnael Ferreira - 16/11/2021
Atualizado em 27/07/2022
9 min de leitura

Grãos, gado, energia, metais e dinheiro. Você sabe o que essas coisas têm em comum? Todas são commodities. Mas o que são commodities?

A palavra commodity vem do inglês e significa “mercadoria”. Ela foi incorporada ao mercado financeiro e nesse universo faz alusão aos produtos de origem primária que servem de matérias-primas.

São indispensáveis para a sobrevivência humana e evolução socioeconômica.

Acompanhe o artigo para entender o que são commodities, seus tipos e ciclos, como são negociadas, como investir nesse ativo e mais!

O que são commodities? 

As commodities são produtos básicos globais. Elas possuem qualidade uniforme e são comercializadas com nenhuma ou pouca alteração de suas características iniciais. Também são duráveis e produzidas em grande escala. Além disso, servem de matéria-prima para fabricação de outros produtos. 

Achou complicado? Vamos te explicar cada uma dessas características essenciais para identificar uma commodity de um jeito fácil:

São produtos básicos globais

As commodities possuem importância fundamental para o funcionamento da economia, tanto ao nível regional quanto ao nível global. Esses produtos são comercializados nas bolsas do mundo inteiro. 

Isso quer dizer que oscilações em seus preços afetam a atividade industrial e o comércio também. 

A crise do petróleo de 1973, por exemplo, fez o preço dos barris aumentar em até 400%. O movimento provocou recessão nos Estados Unidos e na Europa e desestabilizou a economia mundial.

Possuem qualidade uniforme

Isso significa que uma commodity é um produto padronizado, ou seja, tem suas características praticamente iguais a outro produto do mesmo tipo. Assim, uma commodity não se diferencia de local para local e nem de produtor para produtor. 

A soja plantada no Brasil tem as mesmas características da colhida nos Estados Unidos. Do mesmo modo, o ferro extraído no nosso país, tem as mesmas qualidades do extraído na China. Logo, não há diferenciação de “marcas”.

São duráveis e produzidas em grande escala

As commodities não estragam rápido. Podem ser armazenadas por determinado tempo sem perder qualidade. Fora isso, a sua produção e comercialização é sempre feita em grande escala. 

São comercializados com nenhuma ou pouca alteração

As commodities são, basicamente, matérias-primas. Por isso, são comercializadas do jeito que são encontradas na natureza, sem sofrer processos de industrialização, ou com o mínimo de industrialização possível. 

A soja, por exemplo, é vendida como é colhida, sendo, então, uma commodity comercializada in natura. Na fábrica, esse grão pode ser esmagado e transformado em farelo e no óleo de soja. Esses também são considerados commodities porque seus processos de industrialização foram mínimos. 

Servem de matéria-prima para fabricação de outros produtos

Commodities possuem pouco valor agregado por si só. Elas são mais importantes por servirem como matéria-prima para produção de outros produtos que possuem mais valor.

Dessa forma, a maioria dos produtos que consumimos só são possíveis pela existência das commodities. 

Se paramos para analisar um café da manhã como o da imagem abaixo, perceberemos a quantidade de commodities envolvidas no processo. O suco e o café vêm da laranja e do grão de café, que são commodities. O açúcar que adoça essas bebidas também é. O trigo que vai no pão, igualmente, é commodity. 

As commodities são matérias-primas da maioria dos produtos que utilizamos no cotidiano (Foto: adam121 / Envato).

Tipos de commodities

Veja as  principais categorias de commodities e alguns exemplos:

  • Financeiras: dólar, euro, real, e outras moedas, além de títulos públicos.
  • Energéticas: energia elétrica etc.
  • Agrícolas: etanol, milho, suco de laranja, café, açúcar, trigo etc. 
  • Ambientais: água, créditos de carbono etc.
  • Minerais: ferro, minério de ferro, ouro, petróleo, gás natural etc.
  • Químicas: soda cáustica, ácido sulfúrico, sulfato de sódio etc. 

Como o preço das commodities é definido?

Depois de entender o que são commodities, você deve estar se perguntando: se tanto faz quem produz e não há nada que a torne diferente, com se dá o valor de uma commodity?

O preço das commodities se define através da lei da oferta e demanda estipulada, geralmente, pelas grandes bolsas de valores. 

Sucintamente, a dinâmica funciona assim: quando a demanda por uma commodity está alta, o preço dela aumenta e os produtores ganham mais. Em contrapartida, se a demanda é baixa, os produtores precisam reduzir seus preços para conseguir vender. 

Fora isso, a principal referência mundial para formulação dos preços das commodities é a bolsa de Chicago, a Chicago Board Of Trade (CBOT). É lá que se concentra o maior volume de negociação desses produtos. Outros fortes nomes são  Euronext LIFFE (ELMC), Bolsa de Metais de Londres (LME) e Bolsa Mercantil de Nova York (NYMEX).

Contudo, outras variáveis entram na conta na hora da precificação. Há um preço base, mas os custos logísticos e de produção, tarefas portuárias e prêmio de exportação são somados no valor final. 

Junto a isso, eventos climáticos, políticos e econômicos podem impactar o preço dos produtores. Se o clima se altera e estraga plantações de milho, por exemplo, haverá menos espigas para no mercado e uma alta demanda, então os produtores terão que aumentar o preço.

Como as commodities são negociadas?

As commodities são negociadas através de contratos futuros. Eles são um tipo de contrato derivativo, isso é, que têm seu valor atrelado ao preço de outro ativo. Esse outro ativo é comumente chamado ativo subjacente. 

No caso dos contratos futuros, o vendedor e o comprador fazem um acordo e estabelecem o preço de liquidação do ativo subjacente numa data futura. 

Existem várias classes de ativos subjacentes aos quais um contrato futuro pode ser atrelado, uma delas é a das commodities. 

Logo, as commodities são negociadas através de contratos que definem seu preço no momento de negociação e o valor é pago no momento de liquidação do documento.

Para entender mais, leia também:
O que é e como funciona o mercado futuro?
Derivativos: entenda tudo sobre esse Mercado

No Brasil, essa negociação é realizada na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F). Ela faz parte da B3, junto à bolsa de valores (Bovespa) e a CETIP (Central de Custódia e Liquidação de Títulos).

Mas por que as commodities são vendidas em uma data futura?

Os contratos futuros servem para dar proteção (hedge) aos produtores e compradores ante a volatilidade dos preços. 

Imagine um produtor de café. Ele tem os custos e despesas, além da época de colheita e venda do grão. A conta precisa fechar no final: a venda tem que cobrir seus gastos e gerar lucros. Para isso ocorrer, ele precisa vender o café por um determinado preço.

A grande preocupação do produtor é que ele não sabe qual será a cotação da saca de café daqui a um ano, por exemplo. Suponhamos que ele obterá lucro vendendo a saca a R$ 100. No futuro, se a saca estiver valendo mais que isso, ele terá mais lucro. Contudo, se estiver valendo menos, ele perderá dinheiro. 

Na outra ponta, há um comprador: um fabricante de pó de café. A preocupação do comprador é a mesma do produtor: ele precisa comprar a saca a R$ 100, pois está comprometendo as despesas da indústria e necessita que o preço seja esse para obter lucro. 

Os interesses das duas partes se encontram se a saca for negociada a R$ 100, certo? É justamente para isso que serve o contrato futuro. Com esse acordo, independente do preço do café daqui a um ano, a operação vai fechar a R$ 100/saca.

Leia também:
Mini Dólar: o que é e como operar contratos futuros com a moeda

Os contratos futuros protegem os produtores e compradores de commodities da variação de preço ao longo do tempo. (Foto: stevanovicigor / Envato)

Ciclo das commodities

Outro conceito fundamental para entender o que são commodities são os ciclos desses produtos. Basicamente essa ideia compreende a oscilação generalizada dos preços dessas matérias-primas. 

Ao longo do tempo, ciclos de commodities vão sucedendo um ao outro trazendo períodos de alta e baixa dos preços alternadamente e no mundo inteiro. 

O aumento acima do comum do valor desses produtos é chamado boom de commodities e acontece, sobretudo, pelo aumento expressivo da demanda por matérias-primas desse tipo.

Nos últimos cinquenta anos, houve dois booms. O primeiro foi nos anos 1970, com alta do petróleo que indicamos no início do texto. O segundo foi entre 2001 e 2014, com o processo de urbanização e crescimento acelerado da China, que necessitou de muitas commodities para fomentar a indústria. 

No gráfico, é possível ver que as maiores altas estão então entre os anos 70 e 80 e depois entre 2001 e 2014, com emergente elevação em 2020.  Elaboração: Revista Veja.

A pandemia da Covid-19 e o novo boom das commodities

Um dos principais temas que vem estampando os cadernos de economia nos últimos meses é o do novo superciclo das commodities. Ele estaria se iniciando agora com o advento da pandemia causada pelo novo coronavírus. 

Em um primeiro momento, com o choque inicial da Covid, as commodities sofreram queda. Entretanto, depois dessa fase, o que se tem visto é uma crescente valorização dos produtos.

O movimento acontece pela implantação de programas de retomada econômica das principais potências do planeta que buscam aquecer suas economias com urgência.

Alguns especialistas afirmam que esse momento é o início de um novo superciclo. Mas as opiniões não são unânimes: outros estudiosos do mercado ponderam que, apesar de um novo ciclo de alta estar começando, não haverá nenhum boom.

De qualquer forma, extraordinário ou não, o cenário é positivo. O que podemos fazer agora é acompanhar as movimentações do mercado para ver quem tem a previsão mais precisa.

As commodities no Brasil

Depois de entender o que são commodities, vamos ver qual a importância desses produtos para economia nacional.

O Brasil tem grande relevância no mercado de commodities, sobretudo quando se trata dos produtos do agronegócio.

Cerca de 65% das exportações brasileiras são de matérias-primas. Os nossos principais produtos que vão para o exterior são: 

  1. Soja;
  2. Minério de ferro;
  3. Petróleo;
  4. Açúcar;
  5. Carne bovina;
  6. Celulose;
  7. Milho.

Fonte: Warren, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Portanto, a performance da nossa economia está diretamente vinculada às commodities agrícolas. Somente em 2020, o agronegócio movimentou R$ 2 trilhões, o que representa 26,6% do PIB do país. O setor emprega um a cada três trabalhadores da agropecuária, comércio, serviços e indústria. Fora isso, ele responde por 48% das exportações do país.

E não para por aí: por ano, a produção chega a 257,8 milhões de toneladas de grãos; 214 milhões de cabeças de gado; 5,7 bilhões de aves e 37 milhões de suínos. Com destaque entre os produtores de soja, café, laranja e açúcar, o país atende a mais de 800 milhões de pessoas no planeta. 

A economia brasileira é tem forte base nas commodities (Foto: AtlasComposer / Envato)

Como investir em commodities

Você pode investir em commodities adquirindo contratos futuros. Eles não são baratos, porém alguns deles podem ser adquiridos com o valor correspondente à margem de garantia.

Isso significa que existem contratos que podem ser comprados sem que haja desembolso do seu valor total. Nesse caso, uma quantia que cubra a porcentagem de variação diária da commodity é suficiente para embolsar o ativo. Essa quantia pode corresponder a dinheiro ou a outras classes de ativos.

A B3 estabelece um limite para oscilação de preço para cada tipo de contrato. Alguns deles são:

  • Açúcar = 6,5%
  • Boi gordo = 3,5%
  • Café = 9%
  • Etanol = 6%
  • Milho = 5%
  • Soja = 5%

Dessa forma, é possível negociar um contrato futuro de café de R$ 200.000,00 por R$ 9.800,00 (pois 9% de 200.000 = 9.800).

Pensando no exemplo acima, se houvesse valorização de 5% no contrato, o investidor teria lucro de R$ 10.000. Da mesma forma, se houvesse queda de 5%, o investidor perderia esse valor.

Essa técnica de operar com mais dinheiro do que se tem se chama alavancagem.

Leia também:
Alavancagem no mercado financeiro

Mas atenção: investir em contratos futuros de commodities envolve alto risco, porque para se dar bem com esse tipo de investimento é necessário ter conhecimento de diversas variáveis. Assim, esse ativo é indicado para investidores experientes e de perfil arrojado

Investindo em commodities através da Bolsa de Valores

Também é possível investir indiretamente por meio de empresas cujas operações dependem de commodities.

É claro que toda companhia depende de commodities no final das contas, porém existem aquelas que estão em setores mais estratégicos nesse sentido. 

Alguns exemplos são empresas de energia, mineração e do agronegócio. Opções não faltam, um terço da bolsa brasileira é composto por companhias desse tipo.

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*Texto escrito sob supervisão de Álvara Bianca.

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