O que é uma empresa moderna em 2024?
Decidi escrever sobre esse tema após ter vivido uma experiência frustrante na semana passada.
Estou desenvolvendo um projeto de contar histórias pouco conhecidas do mundo dos negócios no Brasil. Nas próximas semanas, poderei dar mais detalhes sobre o projeto que acredito irá atrair a atenção de muita gente.
Eu e minhas 2 parceiras no projeto escolhemos uma empresa X e fizemos uma extensa pesquisa sobre ela. Sendo uma empresa fechada, o volume de informação e dados é bem menor do que de uma empresa de capital aberto. Portanto, seria extremamente útil conversarmos com pessoas da empresa, para complementar nossa pesquisa e para tirar dúvidas sobre aspectos que havíamos pesquisado.
Contatamos a agência de comunicação que presta serviço para a empresa e propomos agendar uma reunião ou pelo menos um call. Passadas 2 semanas do nosso pedido, recebemos um retorno: no momento a empresa não poderia nos atender. Mas talvez, no final do ano, poderia haver um espaço para alguém da diretoria conversar conosco.
Nos dias seguintes, refleti bastante sobre essa atitude da empresa. E me veio a ideia de escrever sobre modernidade nas empresas.
Acho importante deixar bem claro no instante zero: na minha visão, a modernidade de uma empresa não tem nada a ver com tempo de existência e muito menos com a idade dos principais tomadores de decisão.
Também acho que o conceito de modernidade gerencial não é um conceito com características únicas, ou, em outras palavras, modernidade para mim muito provavelmente será diferente do que modernidade para outras pessoas.
Para mim, uma empresa para ser considerada moderna deve ter as seguintes práticas e atitudes:
Escutar e se comunicar com seus stakeholders
Coloco essa como a primeira atitude de uma empresa moderna por estar ainda impactado pela decisão da empresa mencionada no início do artigo de não falar conosco.
Walk the talk
Para quem não conhece, a mensagem dessa expressão é: a empresa pratica o que fala. Nos tempos de greenwashing e outros tipos de washing, fazer o que fala é sinal de caráter e caráter é algo bastante moderno.
Uso das melhores e mais modernas ferramentas, práticas e conceitos gerenciais
A gestão da empresa deve estar antenada com o que há de mais moderno em gestão de negócios. Para isso, precisa ter alguns de seus profissionais comprometidos com a busca das melhores práticas de gestão e saber como adaptá-las à realidade do seu negócio.
Inovação precisa estar no centro da estratégia da empresa
Para isso, o tema inovação deve ser liderado por alguém sênior na estrutura da empresa. Inovação também precisa ser discutida no Conselho de Administração. Empresa deve ter uma metodologia definida para medir o retorno dos esforços em inovação.
Empresa deve estar comprometida de com criação sustentável de valor para investidores e demais stakeholders
Criação sustentável de valor deve ser responsabilidade do Conselho. Para a empresa moderna, resultados importam e criação sustentável de valor é a métrica definitiva para se medir resultados alcançados.
A empresa moderna se preocupa de verdade em satisfazer seu cliente.
Acho que o conceito “o cliente está sempre certo” exagerado e ultrapassado. Mas as demandas dos clientes, quando razoáveis, precisam ser atendidas no menor espaço de tempo possível.
Tamanho também não define a modernidade de uma empresa. Muito menos se ela é de capital fechado ou aberto. A modernidade é uma atitude e deve ser buscada. Uma empresa que se mantém moderna tem maiores chances de ser uma empresa longeva.
Infelizmente, analisando empresas por mais de 30 anos, não acredito ser fácil identificar empresas modernas de verdade.
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Sobre o colunista
Sergio Goldman é colunista no Blog do Gorila e possui mais de 30 anos de experiência no mercado de capitais da América Latina com foco em Equity Research, Distribuição de Renda Variável e Wealth Management. Possui vasta experiência na venda de produtos de renda variável para investidores institucionais locais e estrangeiros, tendo trabalhado em instituições financeiras como Baring Securities, Bear Stearns, Santander, Unibanco e Safra. Desde junho de 2023 atua com gerenciamento de portfólios na Barra Peixe Investimentos. Entre 2019 e 2023 atuou como gestor do FIA Esh Prospera, e entre 2014 e 2016 contribuiu na coluna Palavra do Gestor do jornal Valor Econômico. Formado em Engenharia Eletrônica pela PUC-RJ, tem mestrado em administração na COPPEAD, escola de negócios da UFRJ.
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