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“O objetivo final do analista é desenvolver convicção de que o consenso em relação a um evento importante está errado. A partir daí, ele deve ser capaz de comunicar porque ele acredita estar correto (e o consenso errado) e medir o impacto da sua opinião sobre o valuation…”
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Por Sérgio Goldman - 29/01/2024
3 min de leitura

Em uma entrevista para o site de investimentos norte americano Motley Fool, o gestor de renda variável da Oakmark Funds William Nygren, perguntado sobre qual o papel fundamental de um analista de equity research, respondeu:

“Frequentemente, analistas jovens mostram que acreditam que o principal papel do analista de equity research é demonstrar quanto eles sabem sobre uma empresa e construir um modelo de projeção perfeito. Eu acho que nunca vi um modelo de projeção me levar a ter uma ideia de investimento vencedora.

Eu vejo que o objetivo final do analista é desenvolver convicção de que o consenso em relação a um evento importante está errado. A partir daí, ele deve ser capaz de comunicar porque ele acredita estar correto (e o consenso errado) e medir o impacto da sua opinião sobre o valuation…”

Esses dois parágrafos são uma aula para alguém buscando desenvolver carreira em equity research e em gestão de recursos.

A busca por ideias fundamentadas que sejam anti-consensuais é a maneira como eu me vejo agregando valor para os leitores dos meus artigos.

Vou aproveitar este espaço para pontuar algumas questões nas quais o consenso pode estar errado ou no melhor dos casos, a análise que dá suporte a ele (consenso) está incompleta:

O equilíbrio fiscal e a carga tributária

Mercado acredita que entregar um resultado primário zerado é suficiente para os agentes da economia ficarem confortáveis com o resultado fiscal.

Entretanto, não se leva em consideração os impactos negativos que a excessiva carga tributária, necessária para atingir o resultado primário equilibrado, exerce sobre o ambiente de negócios.

Portanto, acredito que equilíbrio fiscal sem redução da carga tributária não é sustentável.

Taxa Selic, juros longos e juros ao consumidor

Muitos players acreditam fortemente que a queda da taxa Selic será importante alavanca para uma alta do mercado de ações.

Acredito que, para a Bolsa, as taxas longas são mais relevantes. Portanto o investidor deve estar atento ao comportamento das taxas do Tesouro Nacional para títulos de pelo menos 10 anos.

A queda da taxa de juros é muito importante para melhorar o resultado das empresas. É importante notar que as taxas para o consumidor não caíram de forma expressiva desde o início do ciclo de queda da Selic.

Portanto, é muito simplista a afirmação que teremos bolsa para cima porque a Selic está caindo.

Dividendos

Investir para receber dividendos é quase que um fetiche para o investidor brasileiro.

Entretanto, dificilmente, o investidor conseguirá superar o retorno requerido para investir no mercado de ações apenas com dividendos.

Portanto, sem ganhos de capital, o investimento em ações não será atraente vis a vis o risco incorrido.

A Bolsa está barata?

Nove entre dez comentaristas de investimentos falam que a Bolsa Brasileira está muito barata.

Os dois principais argumentos são:

  1. Indicador P/L está 20/25% abaixo da sua média histórica e,
  2. Selic em queda é bom para investir em ações.

Aqui eu argumento que várias ações brasileiras realmente parecem baratas. Mas os argumentos acima apresentados são muito rasos.

É necessária uma análise mais detalhada para chegarmos a qualquer decisão quanto ao valuation do mercado de ações no Brasil.

Leia também:
Juros nos EUA é fator-chave para desempenho de curto prazo das ações brasileiras

Sobre o colunista

Sergio Goldman é colunista no Blog do Gorila e possui mais de 30 anos de experiência no mercado de capitais da América Latina com foco em Equity Research, Distribuição de Renda Variável e Wealth Management. Possui vasta experiência na venda de produtos de renda variável para investidores institucionais locais e estrangeiros, tendo trabalhado em instituições financeiras como Baring Securities, Bear Stearns, Santander, Unibanco e Safra. Desde junho de 2023 atua com gerenciamento de portfólios na Barra Peixe Investimentos. Entre 2019 e 2023 atuou como gestor do FIA Esh Prospera, e entre 2014 e 2016 contribuiu na coluna Palavra do Gestor do jornal Valor Econômico. Formado em Engenharia Eletrônica pela PUC-RJ, tem mestrado em administração na COPPEAD, escola de negócios da UFRJ.

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