Não devemos negligenciar as médias empresas

Será que a aprovação final da reforma tributária terá impacto relevante sobre o valor das empresas brasileiras?
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PorSérgio Goldman - 22/07/2024
3 min de leitura

Elas não se encontram nas manchetes dos jornais.

Mas, no agregado, são bastante relevantes para as economias globais, principalmente em mercados emergentes.

Estou falando aqui das médias empresas.

No Brasil, é curioso notar que grandes empresas e startups de tecnologia recebem grande atenção dos veículos de mídia.

Já as médias empresas nem tanto.

Estudo da prestigiosa empresa de consultoria McKinsey traz 6 passos para que médias empresas consigam atingir seu potencial de crescimento e rentabilidade.

O artigo começa definindo o que, para a McKinsey, é uma média empresa; são aquelas com faturamento entre US$200 milhões a US$2 bilhões.

Claro que em alguns mercados, como o Brasil por exemplo, o intervalo de faturamento dever ser diferente. Para mim, a média empresa no Brasil é aquela com faturamento de R$50 a R$500 milhões.

Um dado importante trazido pelo artigo da McKinsey: a nível global, as médias empresas são responsáveis por 40% da força de trabalho e 33% do PIB.

Em mercados emergentes, médias empresas chegam a representar 50% do PIB.

Os 6 passos sugeridos pela McKinsey para a transformação das médias empresas são:

  1. Definir objetivos audaciosos, mas atingíveis;
  2. Investir em talento antes que a empresa precise;
  3. Cultivar a mentalidade de dono entre os principais executivos;
  4. Priorizar as iniciativas no processo de transformação;
  5. Implementar processos de tomada de decisão baseada em fatos;
  6. Conseguir atingir ou até ultrapassar grandes empresas do setor usando analytics e inteligência artificial.

Eu tenho um grande interesse em conhecer cada vez mais as médias empresas brasileiras.

Esse artigo da McKinsey veio corroborar muita coisa do que eu penso.

Lendo os 6 passos sugeridos eu vejo algumas mensagens que não estão ditas explicitamente, mas que precisam ser reforçadas.

A primeira é: ter ambição, mas manter os pés no chão.

A segunda tem a ver com o investir em talento: eu expandiria para investir em conhecimento. Por que uma empresa média não pode ter acesso ao mesmo conhecimento que a grande empresa tem?

A terceira me veio à mente ao ler os quinto e sexto passos: médias empresas (e pequenas também) precisam utilizar as mais modernas ferramentas de gestão disponíveis.

Quanto mais competitivo for o mercado de atuação, mais importante será o uso de modernas ferramentas de gestão.

Muitos falam que implementar uma moderna estrutura de gestão é caro para médias empresas.

Será?

Não teria tanta certeza e o retorno sobre o investimento mais que compensa o investimento em qualidade de gestão.

Como bem colocado no artigo, na arena da competição, as médias empresas possuem desvantagens estruturais tais como recursos limitados, desafios para acesso a capital, tendência a concentração geográfica ou por segmento e capacitação tecnológica menos desenvolvida.

Por outro lado, tem também algumas vantagens: maior agilidade na tomada de decisão, conhecimento profundo do mercado e dos clientes e maior comprometimento de longo prazo dos funcionários.

Como diz um dos jornalistas da ESPN especializado em futebol americano:

“Temos um jogo”

Em outras palavras: aplicando gestão moderna e ambiciosa é viável para médias empresas se tornarem players de relevância em seus setores.

Leia também:
O impacto da reforma tributária sobre o valor das empresas brasileiras

Sobre o colunista

Sergio Goldman é colunista no Blog do Gorila e possui mais de 30 anos de experiência no mercado de capitais da América Latina com foco em Equity Research, Distribuição de Renda Variável e Wealth Management. Possui vasta experiência na venda de produtos de renda variável para investidores institucionais locais e estrangeiros, tendo trabalhado em instituições financeiras como Baring Securities, Bear Stearns, Santander, Unibanco e Safra. Desde junho de 2023 atua com gerenciamento de portfólios na Barra Peixe Investimentos. Entre 2019 e 2023 atuou como gestor do FIA Esh Prospera, e entre 2014 e 2016 contribuiu na coluna Palavra do Gestor do jornal Valor Econômico. Formado em Engenharia Eletrônica pela PUC-RJ, tem mestrado em administração na COPPEAD, escola de negócios da UFRJ.

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