Melhores ações agosto 2022: altas e baixas

A perspectiva de queda de juros beneficiou varejistas e empresas de tecnologia como Via e Magalu. Veja as piores e melhores ações de agosto de 2022.
Atualizado em 15/12/2022
9 min de leitura

Com ganhos de 6,16%, o Ibovespa fechou o mês de agosto no positivo. O principal impulsionador para o cenário mais tranquilo foi a perspectiva de queda de juros no Brasil. 

Foi um período de alívio: de modo geral, poucas empresas tiveram quedas expressivas, enquanto companhias que vinham “comendo poeira” se destacaram.

Quer entender o resultado das piores e melhores ações de agosto de 2022? Continue lendo o artigo!

Melhores ações agosto 2022: maiores altas do Ibovespa

AltasAtivoEmpresaVariação (%)
1POSI3Positivo72,45%
2MGLU3Magazine Luiza65,50%
3AZUL4Azul39,47%
4LWSA3Locaweb37,22%
5VIIA3Via Varejo34,17%

Fonte: GorilaFLOW.

1 – Positivo (POSI3)

As ações da Positivo (POSI3) tiveram a maior alta de agosto, subindo 72,45%. A empresa de tecnologia animou o mercado após a divulgação de seus resultados. No 2TRI22, o lucro líquido ajustado atingido foi de R$ 90,489 milhões, resultado 75,6% maior que o do mesmo período em 2021. Para este ano, a companhia pretende faturar R$ 6,5 bilhões.

A perspectiva de crescimento, em parte, é fundamentada no setor público em um ano eleitoral. A Positivo venceu a licitação para fornecer 225 mil urnas eletrônicas para o pleito de 2022. No primeiro semestre, o faturamento foi de R$ 836,4 milhões com esse contrato.

Além disso, no último balanço semestral da companhia, a parte de soluções de pagamento ganhou força, correspondendo a R$ 131,07 milhões.

De modo geral, a empresa vem se beneficiando por sua diversificação em outros negócios para compensar a desaceleração do varejo, ao mesmo tempo que, em agosto, se beneficiou com a perspectiva para o fim do ciclo de aperto monetário.

Os papéis da Positivo (POSI3) lideraram agosto, com alta de 72,45%

Leia também:
Resultados do 2T22: análise geral e 12 destaques

2 – Magazine Luiza (MGLU3)

A Magazine Luiza (MGLU3) cresceu 65,50%, ficando em segundo lugar no ranking das melhores ações de agosto de 2022. O resultado é uma continuidade da alta de 10,23% de julho. 

No mês, a empresa divulgou seus resultados do 2TRI22, onde o prejuízo veio acima do esperado. Foram R$ 135 milhões negativos no total. Porém, a valorização tem a ver com a percepção do mercado para o fim da alta de juros que vem punindo duramente o setor varejista que a companhia atua. 

Os papéis da Magazine Luiza, que vinham perdendo valor, ensaiaram recuperação em agosto.

3 – Azul (AZUL4)

Em terceiro lugar, alçando voo de 39,47%, está a Azul (AZUL4) no ranking de melhores ações de agosto. Assim como a Positivo, a alta está relacionada ao bom desempenho operacional apresentado pela companhia. 

O maior destaque do balanço do último trimestre foi a margem Ebitda, que superou o esperado pelo mercado. No fluxo positivo de caixa, a companhia aérea somou cerca de R$ 800 milhões. 

De acordo com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), a empresa teve a maior participação no mercado doméstico de passageiros em 2021. No total, foram 22,8 milhões de pessoas transportadas. Assim, analistas enxergam a Azul com bastante força no mercado e veem uma boa perspectiva de crescimento no longo prazo.

A Azul obteve alta de 39,47% em agosto. 

4 – Locaweb (LWSA3)

Seguindo a tendência das empresas de crescimento que valorizaram em agosto, está a Locaweb (LWSA3). Assim como as outras, sua alta de 37,22% foi impulsionada pela sinalização de fim do ciclo de alta de juros no Brasil.

Mas, além dos juros, os resultados do balanço do segundo trimestre de 2022 também contribuíram para o crescimento. A receita líquida da Locaweb subiu 53,3% em comparação ao segundo trimestre do ano passado. 

Os resultados do 2TRI22 da Locaweb contribuíram para que ela figurasse posição nas melhores ações de agosto de 2022.

5 – Via (VIIA3)

A Via (VIIA3) surfou junto à Magazine Luiza em agosto e cresceu 34,17% no acumulado do período. Os motivos foram os mesmos: perspectiva de fim do ciclo de aperto monetário.

Alguns analistas afirmam que houve uma mudança de perspectivas dos investidores no mês em questão. Mesmo que empresas como Via e Magazine Luiza não tenham apresentado bons resultados, o mercado resolveu trocar os papéis ligados a commodities por empresas de setores mais descontados, como as varejistas. 

A perspectiva de fim do aperto monetário favoreceu empresas do varejo como a Via. 

Piores ações agosto 2022: maiores baixas do Ibovespa

BaixasAtivoEmpresaVariação %
1BRKM5Braskem-17,39%
2IRBR3IRB -14,14%
3SUZB3Suzano-8,06%
4VIVT3Telefônica Brasil-7,85%
5NTCO3Natura-7,57%

Fonte: GorilaFLOW

1 – Braskem (BRKM5)

Encabeçando as baixas de agosto e fortemente descolada do desempenho da maior parte das empresas do índice Bovespa, as ações preferenciais da Braskem (BRKM5) recuaram 17,39% no mês, puxadas principalmente pela desvalorização das commodities.

No dia 10/08, após o fechamento de mercado, a Braskem divulgou seu balanço corporativo referente ao segundo trimestre, revertendo o lucro de R$ 7,4 bilhões verificado no mesmo período do ano passado e registrando prejuízo de R$ 1,4 bilhão, abaixo das projeções do mercado. As ações da petroquímica recuaram 3,66% no pregão seguinte à divulgação e entraram em trajetória de queda desde então. 

As baixas também ocorrem após alguns produtos da companhia serem afetados pela redução dos impostos sobre importação, ocorrida no começo do mês, e pela incerteza sobre a venda da participação da Petrobras e da Novonor na Braskem, que aumentou a volatilidade dos papéis da empresa no período.

As ações da Braskem operaram em território negativo ao longo de todo o mês de agosto.

2 – IRB – Brasil Resseguros (IRBR3)

Somados às ações da Braskem, os papéis da seguradora IRB (IRBR3) foram os únicos que registraram queda superior a 10%, ocupando a segunda colocação entre as maiores baixas do mês. 

A IRB, que busca uma reestruturação de suas operações desde o escândalo contábil de 2020, tombou 14,14% em agosto, impactada pela necessidade de levantar capital a fim de se enquadrar nas exigências da SUSEP, agência reguladora do setor. 

Desde o final do trimestre, a empresa busca realizar uma oferta pública de ações, após constatar a insuficiência de R$ 613,8 milhões no patrimônio líquido ajustado quando comparado ao capital mínimo exigido é de R$ 730 milhões para a cobertura de provisões técnicas e liquidez regulatória.

No dia 15/08, frente a divulgação dos resultados corporativos da companhia, as ações despencaram mais de 9%, após a empresa reportar prejuízo de R$ 373,3 milhões, 80,4% acima do prejuízo registrado em 2021.

Os ativos da resseguradora entraram em espiral negativa após a comunicação dos resultados corporativos da companhia.

3 – Suzano (SUZB3)

Os papéis da Suzano figuraram em terceiro lugar entre os piores desempenhos de agosto, repercutindo a suavização da cotação das commodities do setor, além da perspectiva de aumento da oferta de celulose para 2023 e 2024.

As ações da companhia se mantiveram em baixa ao longo de todo o mês, após a empresa comunicar queda de 98% no lucro líquido do segundo trimestre, ainda no final de julho. Ao final de agosto, o clima na bolsa se intensificou, com o corte no preço alvo das ações, de R$ 80 para R$ 56, e a mudança de classificação para underperform, pelo Bradesco BBI no dia 24/08.

Os papéis da Suzano tombaram 8,06% em agosto.

4 – Telefônica Brasil (VIVT3)

A Telefônica Brasil não obteve um bom desempenho na bolsa de valores em agosto, obtendo o 4º pior resultado do Ibovespa. As ações da companhia recuaram 7,85% no mês, dando sequência ao fraco desempenho observado no final de julho, após a publicação do balanço corporativo da empresa.

As ações da Vivo registraram a 4ª pior queda de agosto, apesar dos resultados da empresa de telefonia não decepcionarem o mercado.

5 – Natura (NTCO3)

Apesar da recuperação de grande parte das varejistas em agosto, após um primeiro semestre pouco favorável, a Natura não acompanhou o bom desempenho do setor e recuou 7,57% no mês.

Diante da queda das receitas no segundo trimestre, principalmente da The Body Shop e da Natura LatAm, a Natura reportou prejuízo líquido de R$ 766,7 milhões, revertendo o lucro do mesmo período do ano passado.

No pregão seguinte à divulgação dos resultados, no dia 11/08, as ações da companhia despencaram mais de 10%.

Os papéis da Natura apresentaram alta volatilidade em agosto.

Contexto de agosto

O mês de agosto, positivo para a bolsa de valores brasileira, foi marcado por vários eventos econômicos e corporativos, tanto no âmbito nacional quanto internacional.

Temporada de Balanços

A temporada de balanços corporativos, referente ao segundo trimestre de 2022, ganhou tração em agosto, com grandes empresas, tanto brasileiras quanto internacionais, reportando seus resultados ao longo do mês. Boa parte dos desempenhos observados nesse artigo foram impactados pela divulgação dos balanços das empresas, que, de maneira geral, foram vistos como positivos pelo mercado. 

Para saber mais, leia:
Resultados do 2T22: análise geral e 12 destaques

Política Monetária Brasileira

Em linha com as expectativas do mercado, o Banco Central do Brasil elevou em 50 bps a taxa Selic na reunião de agosto, para o patamar de 13,75% a.a.. Apesar de não afirmar que o ciclo de aperto monetário chegou ao fim, a autarquia deixou em aberto se uma última elevação residual seria necessária a depender dos dados disponíveis até a próxima reunião.

Em vista a desaceleração da inflação de julho e agosto, os analistas passaram a apostar que o BC não deve efetuar novas elevações da taxa Selic, enquanto as expectativas para o IPCA de 2022 seguem em queda. 

Inflação

O IPCA de julho, divulgado na metade de agosto, apresentou a primeira deflação mensal em mais de dois anos. No mês, o índice recuou 0,68%, abaixo ainda das projeções de mercado, enquanto acumula alta de 10,07% em 12 meses. O resultado foi a maior variação negativa da série histórica desde 1980, puxado principalmente pela redução dos custos da energia elétrica e dos combustíveis, após a aprovação da PEC dos Combustíveis no congresso.

O IPCA-15, referente ao mês de agosto, também apresentou deflação, seguindo a suavização do preço da gasolina. 

Para entender melhor como tem se comportado a inflação no ano, leia:
Inflação 2022: por dentro da alta generalizada dos preços

Eleições

Ainda, o mês contou com o início oficial das campanhas eleitorais, com maior destaque para a corrida presidencial, o que tem trazido grande volatilidade para a bolsa brasileira.

Conflito de Taiwan

No cenário internacional, o começo do mês foi conturbado pela visita da presidente da Câmara norte-americana a Taiwan, que abriu um novo capítulo nas tensões geopolíticas entre os Estados Unidos e a China. O evento repercutiu nas principais bolsas mundiais, já sensibilizadas pelo maior pessimismo para a atividade global. 

Crise energética na Europa

A novela da crise energética europeia permaneceu ditando o rumo das bolsas do continente ao longo do mês de agosto. Novas manutenções dos gasodutos russos, unidas à onda de calor verificada na região, levaram o preço do gás natural a atingir recordes na série histórica em agosto, contribuindo para a disparada da inflação na região.

Os mercados do bloco econômico não reagiram bem à escalada dos preços, visto que a atuação mais agressiva do Banco Central Europeu (BCE), amplamente defendida por membros da autarquia, aumenta os riscos de recessão nas principais economias já fragilizadas da região.  

Aperto monetário americano

Enquanto parte do mercado passou a apostar em uma elevação mais branda da taxa de juros americana após a inflação ao consumidor de julho registrar sinais de desaceleração, os diversos membros do Federal Reserve se pronunciaram ao longo de agosto, reforçando a necessidade de uma atuação ainda energética da autoridade monetária, a fim de controlar a inflação e manter as expectativas do mercado ancoradas.O final do mês contou com a realização do Simpósio de Jackson Hole, evento que reúne autoridades monetárias de todo o mundo para discutir e anunciar medidas de política monetária. O evento dispôs da aguardada participação do presidente do Fed, Jerome Powell, que acirrou o tom contra a inflação, refletindo na derrocada dos ativos de Nova York.

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