Inovação é risco e oportunidade
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Ao ligar o computador nesta 2ª feira descubro que os mercados ao redor do mundo estão despencando, por temores que a Deepseek, empresa chinesa de inteligência artificial se torne uma ameaça competitiva para as empresas de IA no ocidente.
No momento que escrevo este artigo, o Nasdaq está em queda de 4,2%, enquanto o S&P e o Dow Jones registram correções de -2,4% e -0,9% respectivamente.
Esse é um exemplo de mercado do poder que a inovação pode ter em criar riscos e oportunidades.
Em sua edição de hoje, o Valor Econômico traz um artigo falando que os gestores de fundos brasileiros consideram que a capacidade de se reinventar é a principal característica que analisam quando avaliam investir em determinada empresa.
Tendo participado de um número grande de reuniões entre agentes de mercado e executivos de empresas listadas, fico surpreso com o interesse de gestores de portfólio por inovação na empresa, talvez o caminho mais eficiente para se reinventar.
Em parte, deveria ser responsabilidade da empresa disseminar sua estratégia e mais importante, seus resultados, com seus esforços de inovação.
Mas mesmo não estando atuando diretamente no mercado de capitais, minha impressão é que pouco se fala sobre inovação em empresas de capital aberto, pelo menos em exposições públicas dos principais executivos das empresas.
Está aí uma oportunidade para as empresas melhorarem sua mensagem para o mercado e, com isso, sendo a mensagem convincente, atrair novos investidores, comprometidos com posições de longo prazo.
Entretanto, é fundamental que a mensagem seja transparente, com resultados já obtidos e com definição de métricas de como a qualidade dos investimentos em inovação serão medidos.
Também é fundamental que a narrativa seja realista. Pior do que não ter uma estratégia de inovação ou mesmo ter e não a comunicar ao mercado, é expor uma narrativa que não convença os interlocutores do comprometimento da empresa com o tema inovação.
Vale lembrar que a disrupção não deve ser o único objetivo de uma estratégia de inovação.
De verdade, a grande maioria das empresas que se declaram “disruptivas” entregam produtos e serviços já presentes no mercado com uma roupagem e/ou abordagem diferente.
A empresa pode inovar através de mudanças em seu processo produtivo, em sua estratégia de relacionamento de clientes, ou mesmo em seu modelo de negócios. E mais eficiente que se dizer “disruptiva” é mostrar resultados para seus clientes e para a própria empresa.
Ainda sobre o tema inovação, gostaria de mencionar dado da pesquisa da PWC, publicada na semana passada, que tem como título: “28º CEO Survey: A Reinvençao Batendo á Porta”.
Com base na pesquisa, 45% dos CEOs brasileiros participantes do levantamento acham que sua empresa não será viável economicamente em 10 anos se não se reinventar. Em 2024, esse percentual era de 41%.
Me parece um percentual bem alto e que oferece um call-to-action bem claro sobre a necessidade de inovar.
Essa pesquisa foi feita com respostas de 4.700 líderes empresariais de 100 países ao redor do mundo.
Não temos o número de executivos Brasileiros que responderam à pesquisa, mas sabemos que: 75% deles representam empresas de capital fechado e 48% trabalham em empresas com faturamento de até US$100 milhões, portanto, estamos falando de médias empresas em sua maioria.
E a mensagem final me parece clara e contundente:
Empresas precisam de inovação com resultados para sobreviver.
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Sobre o colunista
Sergio Goldman é colunista no Blog do Gorila e possui mais de 30 anos de experiência no mercado de capitais da América Latina com foco em Equity Research, Distribuição de Renda Variável e Wealth Management. Possui vasta experiência na venda de produtos de renda variável para investidores institucionais locais e estrangeiros, tendo trabalhado em instituições financeiras como Baring Securities, Bear Stearns, Santander, Unibanco e Safra. Desde junho de 2023 atua com gerenciamento de portfólios na Barra Peixe Investimentos. Entre 2019 e 2023 atuou como gestor do FIA Esh Prospera, e entre 2014 e 2016 contribuiu na coluna Palavra do Gestor do jornal Valor Econômico. Formado em Engenharia Eletrônica pela PUC-RJ, tem mestrado em administração na COPPEAD, escola de negócios da UFRJ.
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