Existe sempre uma história por trás de uma empresa

Eu adoro histórias e acho que contar a história de uma empresa ajuda a atrair clientes, profissionais e investidores e de forma mais estratégica, e ajuda a torná-la longeva.
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PorSérgio Goldman - 22/01/2025
3 min de leitura

Vocês conhecem o podcast Acquired?

O podcast, criado em 2015, é um dos maiores sucessos no segmento de negócios e investimentos nas principais plataformas desta mídia. Com base em artigo da CNBC, o número de acessos mensais em 2024 foi de aproximadamente 600.000.

Ele é apresentado por 2 gestores de venture capital: Brad Gilbert e David Rosenthal.

O lema do podcast é: “Every company has a story; Acquired tells the stories and strategies of great companies” (Toda empresa tem uma história; Acquired conta as histórias e estratégias de grandes empresas).

O podcast foca em contar histórias de grandes empresas globais. Dentre os temas dos últimos episódios publicados estão: Meta, Microsoft, Starbucks, Hermés, Visa, Novo Nordisk (Ozempic), dentre várias outras.

Minha percepção é que no Brasil conta-se muito pouco a história de suas empresas.

Peguemos a WEG, empresa que hoje é um benchmark de boa gestão, inovação, qualidade e sucesso no mercado financeiro.

Muito desse sucesso tem a ver com a origem da empresa, quem foram seus fundadores e a cultura que eles criaram e perpetuaram.

Mas não me parece que essa história tenha sido contada o suficiente para que o exemplo seja absorvido por mais empresas e mais profissionais.

Eu adoro histórias e acho que contar a história de uma empresa ajuda a atrair clientes, profissionais e investidores e de forma mais estratégica, e ajuda a torná-la longeva.

No mercado financeiro, nos últimos anos, o storytelling se tornou mais relevante, principalmente após o conceituado professor de finanças corporativas Aswath Damadoran ter publicado em 2017 o livro: “Narrative and Numbers: The Value of Stories in Business”.

Quando alguma empresa busca investidores, seja no mundo de private equity ou no mercado de ações, ou mesmo um investidor estratégico, o processo de busca deve começar com a criação da tese de investimento, onde a empresa apresenta sua visão de como pretende criar valor de forma sustentável.

O que seria a tese de investimento se não um processo de storytelling?

Vale colocar que o primeiro passo para se criar uma tese de investimentos é ter demonstrações financeiras que mostrem claramente a evolução da situação financeira e patrimonial da empresa. As demonstrações precisam ser de fácil entendimento, de preferência no formato padrão das empresas de capital aberto.

Será que tua empresa tem uma tese de investimentos? Conheço muita empresa grande e de capital aberto que de fora, não consigo identificar sua tese de investimentos.

O que uma boa tese de investimentos deve ter?

  • Descrição de como a empresa pretende criar valor;
  • Números que suportem a estratégia a ser implementada;
  • Credibilidade e transparência;
  • Deve ser memorável, isto é, o ouvinte deve se lembrar das principais partes da história.

O que a tese de investimentos deve evitar de todas as maneiras?

  • Torná-la uma ficção;
  • Subestimar a inteligência dos seus stakeholders;
  • Deixar espaço para interpretações.

Vale enfatizar que todas as empresas devem se preparar para contar sua história/tese de investimentos, independente de seu estágio de desenvolvimento, tamanho e ser de capital aberto ou não.

E aí, sua empresa tem claro qual a sua tese de investimentos?


Leia também:
Qual a relevância do ambiente político e institucional para o retorno de investimentos em renda variável no Brasil?

Sobre o colunista

Sergio Goldman é colunista no Blog do Gorila e possui mais de 30 anos de experiência no mercado de capitais da América Latina com foco em Equity Research, Distribuição de Renda Variável e Wealth Management. Possui vasta experiência na venda de produtos de renda variável para investidores institucionais locais e estrangeiros, tendo trabalhado em instituições financeiras como Baring Securities, Bear Stearns, Santander, Unibanco e Safra. Desde junho de 2023 atua com gerenciamento de portfólios na Barra Peixe Investimentos. Entre 2019 e 2023 atuou como gestor do FIA Esh Prospera, e entre 2014 e 2016 contribuiu na coluna Palavra do Gestor do jornal Valor Econômico. Formado em Engenharia Eletrônica pela PUC-RJ, tem mestrado em administração na COPPEAD, escola de negócios da UFRJ.

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