Inovação é fator crítico de sucesso em criação sustentável de valor

Sempre que possível, ao me reunir com empresas de capital aberto, gosto de conversar sobre inovação. Minha impressão é que esforços estruturados para inserir o tema na estratégia da empresa são recentes e, portanto, as empresas ainda estão na fase do aprendizado sobre estrutura, como medir resultados, quanto e como investir etc.
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PorSérgio Goldman - 30/09/2024
3 min de leitura

Semana passada escrevi neste espaço um artigo sobre empresas modernas e um dos fatores que precisa estar presente em uma empresa para ela ser considerada moderna é ter um comprometimento efetivo com inovação.

Sempre que possível, ao me reunir com empresas de capital aberto, gosto de conversar sobre inovação. Minha impressão é que esforços estruturados para inserir o tema na estratégia da empresa são recentes e, portanto, as empresas ainda estão na fase do aprendizado sobre estrutura, como medir resultados, quanto e como investir etc.

Na 5ª feira da semana passada, a Suíça World Intellectual Property Organization (WIPO), publicou seu ranking anual de inovação por país, o Global Innovation Index (GII).

Até agora pelo menos, os resultados tiveram pouquíssima cobertura da mídia especializada, mas acho relevante dar uma olhada na posição do Brasil.

De um total de 133 países incluídos no ranking, o Brasil ficou na 50ª posição geral, na 6ª posição entre países de renda semelhante e no 1º lugar entre países da América Latina e Caribe.

A posição do Brasil no ranking geral vinha melhorando lentamente desde 2020 quanto estava no 62º lugar, chegando ao 49º lugar em 2023. Este ano registrou uma pequena alta para o 50º lugar.

O GII é criado a partir da posição de cada país em 7 áreas:

  1. Instituições: meio ambiente institucional, regulatório, e de negócios;
  2. Capital humano e pesquisa: educação, educação terciária (universidades), pesquisa & desenvolvimento;
  3. Infraestrutura: tecnologias para informação e comunicação, sustentabilidade do meio ambiente, infraestrutura geral;
  4. Sofisticação do mercado: crédito, investimentos, escala de mercado etc.
  5. Sofisticação de negócios: pessoal alocado a posições ligadas ao conhecimento, desempenho em inovação e criação de conhecimento;
  6. Outputs de conhecimento e tecnologia: criação, impacto e difusão de conhecimento;
  7. Outputs criativos: ativos intangíveis, produtos e bens ligados a criatividade, criatividade online.

Cada uma dessas áreas possui uma série de indicadores que são medidos e que, ao serem consolidados, geram um número de pontos que irão definir a posição do país.

As melhores posições do Brasil foram em sofisticação de negócios, 39ª posição, e em outputs criativos, 42ª posição.

As piores foram em instituições, 103ª posição, e capital humano e pesquisa, 57ª posição.

Nos demais fatores, o Brasil ficou próximo ao seu ranking geral, isto é, perto da 50ª posição.

Os 6 líderes gerais do ranking foram, em ordem decrescente: Suíça, Suécia, Estados Unidos, Singapura, Reino Unido e Coreia do Sul.

A excelente posição da Coreia no tema inovação é bastante relevante pois revela a importância da educação para se construir uma sociedade que inova.

Quando aqui no Brasil nós pensamos em um benchmark para educação, a experiência da Coréia é sempre mencionada.

O score da Coreia foi de 60,9, não muito mais baixo que o da líder Suíça que foi de 67,5 pontos, mas quase o dobro do score do Brasil que foi de 32,7.

Olhando a abertura do desempenho da Coreia, vemos que o país ficou na primeira posição em capital humano e pesquisa, na 2ª posição em outputs criativos e na 5ª posição geral em sofisticação de negócios.

Sua pior posição foi em instituições, 24ª.

Concluindo, alguns pontos merecem ser enfatizados:

  • A Coreia do Sul é de fato o benchmark a ser considerado;
  • A sociedade brasileira precisa se comprometer em melhorar consideravelmente seus esforços em inovação;
  • Sem inovação, muitas empresas hoje relevantes, irão perder espaço e eventualmente podem desaparecer;
  • Empresas precisam se esforçar para comunicar sua estratégia de inovação para o mercado;
  • Players do mercado de ações devem alocar mais esforços para entender como as empresas estão investindo em inovação e quais os outputs esperados.

Leia também:
O que é uma empresa moderna em 2024?

Sobre o colunista

Sergio Goldman é colunista no Blog do Gorila e possui mais de 30 anos de experiência no mercado de capitais da América Latina com foco em Equity Research, Distribuição de Renda Variável e Wealth Management. Possui vasta experiência na venda de produtos de renda variável para investidores institucionais locais e estrangeiros, tendo trabalhado em instituições financeiras como Baring Securities, Bear Stearns, Santander, Unibanco e Safra. Desde junho de 2023 atua com gerenciamento de portfólios na Barra Peixe Investimentos. Entre 2019 e 2023 atuou como gestor do FIA Esh Prospera, e entre 2014 e 2016 contribuiu na coluna Palavra do Gestor do jornal Valor Econômico. Formado em Engenharia Eletrônica pela PUC-RJ, tem mestrado em administração na COPPEAD, escola de negócios da UFRJ.

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