Sobre Inflação e Taxa de Juros — O Brasileiro responderia “less is more”

Mostramos de forma simples e fácil a relação entre a taxa de juros e a inflação. Depois apresentamos o Banco Central do Brasil e seu funcionamento.
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Por Gorila - 20/09/2017
Atualizado em 08/09/2022
4 min de leitura

Inflação e taxa de juros… vamos falar um pouquinho sobre isso?

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A expressão “o Brasil possui taxas de juros abusivas é um grande trauma na economia. Outro é a temida inflação, basta lembrar que durante a primeira metade da década de 90 a inflação bateu 1300% ao ano – isso mesmo, é como se um plano de internet que custasse R$ 100 em janeiro terminasse o ano custando R$ 1,400!!! Claro que ninguém gosta de viver com uma inflação alta e taxas de juros abusivas. Por isso, vamos mostrar de forma simples e fácil a mais utilizada relação entre a taxa de juros e a inflação. Depois, vamos nos aprofundar suavemente na análise ao conhecer um pouco do Banco Central do Brasil e seu funcionamento.

Quando não temos dinheiro o suficiente para comprar algo, podemos recorrer aos empréstimos, financiamentos e afins. Sempre precisamos nos certificar que conseguiremos pagar a dívida no futuro, lembrando que os juros cobrados é uma parte essencial dessa conta. Muitas vezes, não consumimos simplesmente por causa dos “juros abusivos”. Agora, imagine que se por alguma razão esses juros “abusivos” caíssem para um nível “aceitável”: onde a chance de você comprar aquele bem ou serviço aumenta consideravelmente. Como existem muitas pessoas que também resolveriam comprar algo com taxas de juros aceitáveis, o resultado seria lojas cheias, consumidores felizes e comerciantes felizes!

Fim de papo? Sabemos que não é bem assim, pois o comerciante invariavelmente irá subir os preços de seus produtos quando perceber sua loja cheia (oferta e demanda). O inverso ocorre se uma taxa de juros aceitável se tornar alta demais: as lojas ficarão vazias e restará ao comerciante baixar os preços. Bingo! Entendemos a relação entre a taxa de juros e a inflação: quando a taxa de juros cai, esperamos um aumento de preços e quando os juros sobem, os preços devem cair.

E como que o BCB (Banco Central do Brasil) entra nessa discussão? A missão do BCB, de acordo com o seu site (BCB, 2017a), é de “assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e um sistema financeiro sólido e eficiente”. A expressão “assegurar a estabilidade do poder de compra” pode ser lida como “manter a inflação sob controle”, mostrando que o BCB tem papel importante na nossa discussão. Uma busca nas atribuições do BCB nos leva a “definir, por meio de voto, a meta para a Taxa Selic e seu eventual viés, observado o disposto no § 2º deste artigo” (BCB, 2017b).

A “meta da Taxa Selic” é aquela taxa que sempre ouvimos nos noticiários como “Banco Central eleva/reduz a taxa de juros…”. A mensagem aqui é que o BCB tem poder direto apenas sobre a Taxa Selic e não sobre a inflação, ou seja, o BCB define a Selic de acordo com a direção de preços pretendida.

Podemos dizer que o BCB reduz a taxa Selic quando deseja subir os preços e aumenta a taxa quando deseja reduzi-los? De forma simples e fácil: SIM!

Mas vamos nos aprofundar um pouco no tema para não passarmos vergonha nas redes sociais.

O primeiro passo é diferenciar a taxa de juros e o aumento de preços de nosso exemplo com a taxa Selic e o aumento de preços analisado pelo BCB. A taxa Selic definida pelo Banco Central (BCB, 2017d) serve como uma espécie de balizador para as outras taxas de juros da economia, ou seja, a queda na Selic permite uma queda nos custos de empréstimos e financiamentos como visto no nosso exemplo. Da mesma forma que uma alta da Selic aumentará esses custos. Pesquise a diferença entre taxa Selic e taxa de juros do cartão de crédito para verificar que, infelizmente para nós consumidores, elas não são iguais.

A inflação analisada pelo BCB é um índice publicado mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) chamado de Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O IBGE define uma “cesta básica de consumo”, que caracteriza a população média do Brasil e colhe diariamente os preços desses produtos em várias cidades do país (IBGE, 2017). Do conjunto desses dados diários e de várias localidades que o IPCA é calculado todo mês. E essa generalização explica muito da diferença entra o IPCA e a inflação de preços que cada um enfrenta, especialmente sentida em períodos onde ouvimos nos noticiários que “houve queda do IPCA”, coisa que parece não acontecer no nosso dia-a-dia.

Uma última definição necessária para entendermos melhor o funcionamento do BCB é o de “meta de inflação”, cuja ideia é de que há um nível ótimo de inflação para as economias – bem, alguns já podem estar se perguntando “mas existe inflação boa?”. O Banco Central utiliza uma “meta de inflação” de forma oficial desde 1999, através do Decreto 3.088 de 21 de junho (Brasil, 2017), cuja regra primordial é, de maneira coloquial, “manter o IPCA dentro de uma meta de inflação pública e pré-estabelecida”.

Agora estamos com os elementos na mão para nos aprofundarmos, de forma suave, no funcionamento do BCB: taxa Selic, IPCA e meta de inflação. Concluímos anteriormente que “o BCB reduz a taxa Selic quando deseja subir os preços e aumenta a taxa quando deseja reduzir os preços”. Agora somos capazes de dizer quando o BCB quer baixar ou subir os preços.

Se o IPCA estiver abaixo da meta de inflação, então o esperado é que o BCB reduza a taxa Selic. Se o IPCA estiver acima da meta, o comportamento esperado do BCB é o de aumento na Selic.

Ufa!!! Menos de 1000 palavras para explicar de forma simples a mais utilizada relação de taxa de juros e inflação, além de um pitaco do funcionamento do Banco Central do Brasil!

 

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