[Expert XP 2023] Haddad fala da visão da Fazenda para o futuro do Brasil

O ministro falou sobre as divergências entre a Fazenda e o BC, exaltou o arcabouço fiscal e sinalizou a necessidade de reformas tributárias e administrativas.
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Por Ednael Ferreira - 04/09/2023
Atualizado em 13/11/2023
3 min de leitura

Em um contexto de constantes desafios e incertezas, a nomeação de Fernando Haddad como Ministro da Fazenda no final do ano passado foi recebida pelo mercado com cautela e ceticismo. Em novembro, poucas pessoas acreditavam na aprovação da tão aguardada reforma tributária e muitos não sabiam qual seria o perfil do político em seu recente cargo. Algumas ações que o mercado duvidou foram tomadas de lá para cá, como a reoneração dos combustíveis, o que vem demonstrando abertura para diálogo com o mercado.

A extensão desse diálogo aconteceu no último dia da Expert XP 2023, maior feira de investimentos do mundo, onde Haddad se reuniu com Caio Megale, Rafael Furlanetti, Junia Gama e Paulo Gama para falar sobre a visão da Fazenda para o futuro do Brasil. 

Haddad classificou o primeiro semestre com a “nota 9,5”, indicando otimismo para atingir a nota máxima na segunda metade do ano. 

O ministro criticou as desonerações da folha de pagamento dos últimos 10 anos. “Tivemos uma série de políticas que deveriam ter sido revistas há muito tempo”, disse. “Foram desonerações feitas apostando em resultados que não vieram. Não estou julgando se era certo ou errado tentar”, completou, e logo depois acrescentou que o governo deve “revisitar” parte delas. 

Papel do Congresso

Segundo Haddad, o Congresso Nacional terá um papel importante no segundo semestre, e o ano terminará bem se o órgão “somar forças com a área econômica e aprovar medidas na direção correta, afastando pauta-bomba, populismo”, aprovando uma agenda consistente de trabalho. “A bola está no Congresso”, falou. 

Arcabouço fiscal

Ao discorrer, o político esclareceu que sua equipe econômica está dividindo a pauta fiscal em duas partes: a reforma tributária, buscando a neutralidade da carga, e a correção do déficit primário, revisitando o sistema tributário e com a crença de que em 2024 será possível atingir um resultado primário zero. 

Haddad também exaltou os méritos do novo arcabouço, que possui uma “canaleta para correr”. “O crescimento do gasto primário é de 1,7% a mais em 2024 em relação a esse ano, porque é 70% do aumento das receitas”, pontuou.

Contudo, havendo frustração da receita, “vamos ter que trazer 1,7% para menos até o limite mínimo de 0,6%. Havendo surpresa, será possível ampliar a margem, “mas não para além de 2,5%”, explicou. 

Ministério da Fazenda e Banco Central 

Sobre as decisões de corte de juros, Haddad afirmou que é comum que a autoridade fiscal e a monetária tenham diferenças já que cada uma observa a economia a partir de uma perspectiva diferente. Portanto, o político defendeu a promoção do diálogo entre as duas políticas, argumentando que “o fluxo de informações é permanente, justamente em busca do ponto médio entre uma coisa e outra”.

O ministro, que imaginou que o corte poderia ter começado antes, disse também que o Banco Central já pode aumentar o corte da Selic para 0,75 ponto percentual. Acrescentou também que o esforço fiscal parecerá “brincadeira de criança” quando o crescimento vier, além de afirmar olhar “para atividade, arrecadação, FPM, FPE”. 

“Se não tiver fiscal, não adianta a inflação estar baixa, ela vai voltar. É preciso imaginar uma trajetória sustentável”, falou. 

“O milagre está acontecendo neste ano. Com a taxa real de 10%, vamos crescer 3%. Não tem livro de economia que explique o fenômeno que acontece na economia brasileira”, disse.

Precatórios e reformas

Haddad falou também sobre os precatórios. O ministro sugeriu aguardar a decisão do Supremo. “Não vejo espaço para adiar muito”, analisou. Ainda, no âmbito tributário, destacou a reforma como medida essencial para aumentar a produtividade. 

Para concluir, falou sobre a reforma administrativa, que, na sua opinião, deve aperfeiçoar os concursos públicos, que hoje avaliam conhecimentos inutilizados: “O regime probatório é falho, as avaliações são de ‘faz de conta’ e não têm foco nas habilidades dos servidores”. Haddad também sinalizou a necessidade de revisão da promoção por tempo de serviço, pois é preciso “valorizar mais o mérito do que o resultado”.

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