Lideranças de fintechs discutem sobre IA e Open Finance no Fintech Summit 2024
No último dia 8 de março, a plataforma de inovação Distrito, em co-realização com o BTG Pactual e o boostlab, realizou o Fintech Summit 2024. O evento foi uma imersão sobre o estado atual do mercado financeiro para corporações, investidores e startups. Leia o resumo das principais discussões do evento.
Panorama de fintechs na América Latina
As fintechs estão desempenhando um papel cada vez mais importante na América Latina, com mais de 3 mil delas ativas na região. O Brasil, em particular, se destaca como um centro de investimentos e negociações nesse setor.
Embora os investimentos em fintechs possam ter sofrido uma queda devido à alta dos juros, o ano de 2023 trouxe um retorno à estabilidade. Após atingir o seu ponto máximo em cinco anos, a taxa básica de juros no Brasil começou a diminuir, indicando a possibilidade de um aumento mais substancial nos investimentos em startups em 2024, conforme aponta um estudo conduzido pela LatAm Intersect PR e pela Fintech Nexus.
Um aspecto notável, apresentado por Gustavo Gierun, CEO da Distrito, é o crescimento das startups de crédito, que representam 27% das negociações nos últimos 4 anos. Embora o investimento nessas startups tenha desacelerado devido à presença de muitas empresas já consolidadas, está em ascensão o investimento em soluções para automatizar a análise de dados relacionados ao crédito, especialmente através da Inteligência Artificial (IA), mantendo assim a categoria relevante.
Serviços digitais, como bancos e contas digitais, lideram em termos de ticket-médio, com uma média de US$ 35 milhões. Além disso, startups que fornecem tecnologia, como as de Banking as a Service (BaaS), estão ganhando destaque no mercado.
O impacto da inteligência artificial nos serviços financeiros
Outro destaque do Fintech Summit 2024 foi a aplicação da IA nos serviços financeiros. No evento foi discutido como, apesar de os bancos possuírem uma quantidade significativa de dados sobre os clientes, a regulamentação rigorosa muitas vezes limita sua utilização dessas informações. No entanto, a combinação de IA generativa com precisão e segurança está abrindo novas possibilidades.
A IA já está sendo aplicada em diversas áreas, desde agentes conversacionais para suporte em call centers até a automação de tarefas específicas no core banking. A capacidade de personalização de conteúdo gerado por IA em escala está revolucionando o marketing, enquanto a síntese de dados estruturados e não estruturados está melhorando a avaliação de crédito.
Fabio Camara, fundador e CEO da FCamara, enfatizou a necessidade de os líderes de TI adotarem uma abordagem mais flexível em relação à implementação de IA. O executivo acredita que esses líderes não devem assumir uma postura de controle da tecnologia em suas instituições, mas sim de incentivo à inovação por meio da promoção de liberdade aos liderados.
Leonardo Santos, CEO e Cofundador da Semantix, destacou que o mercado de IA no Brasil deve atingir R$ 200 bilhões até 2026, com impacto significativo em setores como estruturação de software e fintechs.
Avanço do Open Finance
A implementação do Open Finance enfrenta desafios significativos devido à baixa adesão dos clientes. Muitos consumidores ainda têm preocupações com a segurança e a privacidade de seus dados financeiros, o que limita sua disposição em compartilhá-los entre diferentes instituições.
Além disso, a falta de conscientização sobre os benefícios do Open Finance e a resistência à mudança em relação aos hábitos bancários tradicionais também contribuem para essa baixa adesão. Bruno Chan, co-fundador e CEO da Klavi, chamou a atenção para o fato de que quase 80% das pessoas que dão consentimento para o Open Finance acabam não renovando esse consentimento: “isso significa que ou os consumidores não estão entendendo o benefício, ou a outra ponta não está sabendo explicar”, afirmou.
A regulamentação também foi identificada como um desafio, com os participantes destacando a necessidade de uma abordagem mais ágil para acompanhar o ritmo das mudanças no setor. Segundo Leonardo Santos, CEO da Semantix, a regulamentação sobre a IA – pauta quente e no radar do Banco Central – é fundamental para mitigar riscos e facilitar a adequação.
Para Fernando Steler, CEO da DeLend, o principal obstáculo para o sucesso do Open Finance é o mindset ultrapassado, que não acompanha a inovação tecnológica. Ao fazer a comparação com o PIX, o executivo comentou que a tecnologia de pagamento deu certo justamente por ser simples: “você vai à praia e compra uma água de côco com PIX. O Open Finance não, você precisa ter produto, framework, etc”, afirmou.
Mas, apesar da baixa adesão, o Open Finance já apresenta perspectivas positivas: segundo Rafaela Helbing, CEO da data rudder – plataforma especializada em prevenção de fraudes –, a abertura e compartilhamento dos dados, combinadas às novas resoluções e à Inteligência Artificial, também podem facilitar e dar mais clareza na hora de identificar e reduzir indícios de fraudes.
Ainda nas perspectivas para o futuro próximo, Steler também tem uma visão otimista e diz não ter dúvidas que a adesão ao Open Finance deve aumentar: “Afinal, o que o cliente quer? Ele quer menores taxas, maior aprovação. A hora que acertar o mindset, isso com certeza vai pegar”, concluiu.
Este artigo foi útil?