Criadoras de valor, safra 2023

No Brasil, se a empresa não é uma grande empresa ou uma startup de tecnologia, ela não existe.
Foto de perfil do autor
PorSérgio Goldman - 13/05/2024
3 min de leitura

Anualmente, há 26 anos, o Boston Consulting Group (BCG), renomada empresa de consultoria em gestão, publica sua pesquisa sobre as empresas globais que mais criaram valor no ano em questão.

Recentemente, o BCG divulgou os mais recentes resultados da pesquisa deste ano.

Aqui, uma explicação se faz necessária:

O BCG define criação de valor como sendo o retorno total para o acionista acumulado em um período de 5 anos. Na publicação recente, o período considerado foi de 2019 a 2023.

Retorno total para o acionista, ou TSR em inglês, é definido como variação no preço das ações mais o retorno com dividendos e/ou recompra de ações.

No período de 2019 a 2023, a mediana dos TSRs das empresas analisadas foi de 12% ao ano, que se compara com a mediana de 7% no período de 2018 a 2022.

No agregado setorial, hardware para tecnologia teve o melhor desempenho com mediana de TSR de 27% ao ano.

Em seguida, tivemos 3 setores identificados com a “velha economia”:

  • Mineração com TSR de 20% ao ano;
  • Materiais de construção com TSR de 19% ao ano e
  • Máquinas e equipamentos com TSR de 18% ao ano.

Em termos de empresas, o grande destaque foi NVIDIA com TSR média de 71,7% ao ano no período analisado, seguida de longe pela Tesla com TSR de 62,1% ao ano.

Na tabela abaixo, apresento uma lista de large caps conhecidas, para ilustração.

Importante notar que a contribuição dos dividendos para o TSR total é pequena, reforçando que o retorno esperado ao se investir em ações é muito mais dependente da variação no preço da ação do que da distribuição de dividendos.

Para o BCG, a fim de manter o nível recente de TSR, empresas precisão convencer o mercado de suas estratégias para manter crescimento rentável.

A empresa de consultoria chama a atenção para necessidade de as empresas investirem de forma eficiente em projetos de inovação e sustentabilidade.

Gostaria de chamar a atenção para a seguinte sentença, tirada de texto do BCG:

“Em muitos casos, inovações reais serão essenciais para permitir que empresas naveguem nas flutuações do mercado e mantenham o entusiasmo dos investidores no longo prazo”.

O uso da TSR para cálculo de criação de valor só é possível para empresas de capital aberto, dado que é necessário computar a variação no preço da ação.

Para empresas não listadas a saída é comparar o retorno sobre o capital investido (ROIC) contra o custo de capital médio ponderado (ou comparar o retorno sobre o patrimônio líquido contra o custo do capital próprio).

Retornos consistentes acima do custo de capital mostrarão que a empresa em questão está criando valor sustentável para acionistas.

Leia também:
O misterioso mundo das pequenas e médias empresas

Sobre o colunista

Sergio Goldman é colunista no Blog do Gorila e possui mais de 30 anos de experiência no mercado de capitais da América Latina com foco em Equity Research, Distribuição de Renda Variável e Wealth Management. Possui vasta experiência na venda de produtos de renda variável para investidores institucionais locais e estrangeiros, tendo trabalhado em instituições financeiras como Baring Securities, Bear Stearns, Santander, Unibanco e Safra. Desde junho de 2023 atua com gerenciamento de portfólios na Barra Peixe Investimentos. Entre 2019 e 2023 atuou como gestor do FIA Esh Prospera, e entre 2014 e 2016 contribuiu na coluna Palavra do Gestor do jornal Valor Econômico. Formado em Engenharia Eletrônica pela PUC-RJ, tem mestrado em administração na COPPEAD, escola de negócios da UFRJ.

Compartilhe

Este artigo foi útil?

Artigos Relacionados

Compartilhe