Conceitos modernos de Finanças Corporativas: importância e necessidade para empresas de todos os tamanhos

Este é o meu 100º artigo na plataforma Gorila, e decidi abordar temas de finanças corporativas, inspirando-me no livro “The Making of Modern Corporate Finance”. Destaco quatro áreas-chave da gestão empresarial: decisões de investimento, fontes de financiamento, gestão de riscos e governança corporativa. Também compartilho algumas proposições importantes sobre finanças, como a importância de aumentar a produtividade a longo prazo e o valor da ética e reputação nas empresas.
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PorSérgio Goldman - 24/02/2025
4 min de leitura

Este é o meu 100º artigo semanal na plataforma Gorila. Pensei em abordar um tema que está presente no meu dia a dia desde 1989.

Stock picking, valuation e decisões de investimentos são atividades raiz de finanças corporativas. Mas os agentes de mercado pouco falam sobre seus conceitos.

Para escrever este artigo, bastante importante para mim já que não é todo dia que se escreve 100 artigos semanais em um veículo específico, me inspirei em um livro que acaba de ser publicado nos EUA:

“The Making of Modern Corporate Finance: A History of the Ideas and How They Help Build the Wealth of Nations” ou

“A Criação das Finanças Corporativas Modernas: Uma História das Idéias e de Como Elas Ajudaram a Construir a Riqueza das Nações”

Seu autor é Donald H. Chew Jr., Phd em Literatura Inglesa e Norte Americana pela Universidade de Rochester, foi um dos fundadores da empresa de consultoria Stern Stewart, criadora do EVA, e é editor do Journal of Applied Corporate Finance desde sua criação em 1981.

Antes de falar um pouco sobre as ideias do livro vale chamar a atenção para a formação do autor: Phd em literatura que se tornou um craque nas finanças corporativas.

Essa aparente contradição de formação versus carreira é comum em mercados desenvolvidos. Quanto a Baring Securities se estabeleceu no Brasil em 1992, um dos 3 analistas era um inglês que coincidentemente também era formado em Literatura Inglesa.

Vamos falar do livro. Recebi ele na semana passada. Não o li, apenas folheei. Mas isso foi suficiente para cruzar com ideias bem interessantes.

No primeiro capítulo, o autor procura definir o que é finanças corporativas. 

Parece trivial, mas muitas vezes ao mencionar o termo sinto que meu interlocutor não entende o que envolve finanças corporativas.

Para Donald H. Chew Jr. finanças corporativas possibilitam a abordagem de 4 temas fundamentais para a gestão de qualquer empresa:

1- A decisão de investimentos da empresa

Quais os planos de investimentos da empresa e quanto de capital ela precisará levantar? como a empresa avalia suas oportunidades de investimentos?

2- Quais as melhores fontes de financiamento que a empresa tem acesso?

Novos investimentos devem ser financiados por dívida ou por equity? Como está a estrutura de capital da empresa; ela está adequada para suportar os planos de investimentos? Qual a política de distribuição de resultados da empresa?

3- Gestão de risco corporativo

Quais os riscos que a empresa incorre ao implementar seu plano de negócios? Qual o limite de risco que a empresa está disposta a aceitar na execução da sua estratégia corporativa?

4- Governança corporativa e comunicação com investidores e demais stakeholders

Como a empresa deve se preparar para garantir que todos estejam alinhados com os objetivos estratégicos determinados pelo Conselho de Administração? A empresa está preparada para comunicar objetivos estratégicos e desempenho ao longo do tempo internamente e para investidores e demais stakeholders externos?

Acho que esses 4 temas se aplicam a qualquer empresa, independentemente de tamanho e estágio de evolução. 

Ao longo de seus 13 capítulos o livro aborda vários pensadores e suas ideias sobre finanças das empresas; de Merton Miller e a Teoria do Valor da Escola de Chicago até a Stern Stewart e o conceito do Economic Value Added (EVA).

Gostaria de concluir esse artigo listando algumas das proposições que os estudos e pesquisas em finanças corporativas trazem e que muitas vezes são diferentes do que as mídias tradicionais relatam sobre o funcionamento dos mercados de capitais e das empresas:

  1. A principal missão social de uma empresa é, no longo prazo, aumentar sua produtividade e criar valor para seus stakeholders;
  2. Ao contrário do senso comum, nem todo crescimento é bom e nem toda dívida é ruim;
  3. Empresas bem administradas conseguem aumentar seu valor de mercado atraindo investidores de longo prazo mais sofisticados;
  4. A Teoria dos Mercados Eficientes não diz que o mercado está sempre certo e muito menos que não é possível entregar resultados melhores que a média do mercado. O que a Teoria diz é que os preços de mercado são uma estimativa sem viés dos valores futuros das ações e,
  5. Reputação e ética nas organizações têm muito valor.

Leia também:
Inovação é risco e oportunidade

Sobre o colunista

Sergio Goldman é colunista no Blog do Gorila e possui mais de 30 anos de experiência no mercado de capitais da América Latina com foco em Equity Research, Distribuição de Renda Variável e Wealth Management. Possui vasta experiência na venda de produtos de renda variável para investidores institucionais locais e estrangeiros, tendo trabalhado em instituições financeiras como Baring Securities, Bear Stearns, Santander, Unibanco e Safra. Desde junho de 2023 atua com gerenciamento de portfólios na Barra Peixe Investimentos. Entre 2019 e 2023 atuou como gestor do FIA Esh Prospera, e entre 2014 e 2016 contribuiu na coluna Palavra do Gestor do jornal Valor Econômico. Formado em Engenharia Eletrônica pela PUC-RJ, tem mestrado em administração na COPPEAD, escola de negócios da UFRJ.

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