A agenda esquecida permanece esquecida

Na semana passada, foi divulgado o mais recente ranking de competitividade global medido pela escola de negócios suíça IMD, junto com parceiros locais. O Brasil ficou na 62ª posição de um total de 67 países. Atrás do Brasil, apenas Peru, Nigéria, Gana, Argentina e Venezuela. A posição brasileira vem se deteriorando desde 2020, quando estava na 56ª posição.
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PorSérgio Goldman - 02/09/2024
3 min de leitura

A mídia especializada concentra suas atenções em um único tema: a macroeconomia.

Os formadores de opinião em economia e negócios fingem que se o país resolver a questão do desequilíbrio fiscal, a questão do crescimento sustentável no país estará solucionada.

Mas existe um desafio tão premente quanto o desafio fiscal. É o desafio da falta de competitividade da economia brasileira.

Na semana passada, foi divulgado o mais recente ranking de competitividade global medido pela escola de negócios suíça IMD, junto com parceiros locais.  

O Brasil ficou na 62ª posição de um total de 67 países. Atrás do Brasil, apenas Peru, Nigéria, Gana, Argentina e Venezuela. A posição brasileira vem se deteriorando desde 2020, quando estava na 56ª posição.

O ranking analisa a posição de cada país em 4 pilares:

Desempenho da economia: houve uma melhora quando analisamos seu ranking entre 2020, quando estava na 56ª posição, e 2024 quando ficou na 38ª posição;

Eficiência do governo: aqui se encontra o grande desafio para o aumento da competitividade. A posição do país no ranking era 61ª em 2020 e piorou para 65ª em 2024. Neste pilar o Brasil está à frente apenas de Venezuela e Argentina;

Eficiência do ambiente de negócios: Forte piora da 47ª posição em 2020 para 61ª em 2024;

Infraestrutura: Também houve deterioração na posição da 53ª posição em 2020 para 58ª posição em 2024.

É urgente que o tema competitividade da economia entre na agenda, com prioridade tão relevante quanto a prioridade dada à macroeconomia.

No Brasil, a Fundação Dom Cabral (FDC) é responsável pelo levantamento e análise dos dados. No perfil do país apresentado no relatório disponibilizado, a FDC aponta 5 desafios principais para o país:

  1. Melhorar substancialmente o acesso da população à educação de qualidade;
  2. Aprimorar e treinar a força de trabalho para lidar com mudanças tecnológicas;
  3. Melhorar a infraestrutura e logística para aumentar o crescimento e a resiliência da economia;
  4. Equidade e inclusão e,
  5. Capacitar as organizações para serem capazes de gerar inovações de ponta;

Com relação a estes desafios, tenho alguns comentários:

A. São desafios crônicos que vêm sendo discutidos há pelo menos 20 anos. Melhorar a educação, desafio abordado nos pontos 1 e 2 acima, necessidade de investir em infraestrutura e redução de desigualdades são temas que muito se fala e pouco resultado relevante é apresentado.

B. Precisamos de aumento da competição nos mercados locais. Se as empresas brasileiras são pouco expostas à competidores internacionais no seu mercado doméstico, como elas se capacitarão a competir na arena global?

C. O terceiro comentário é sobre inovação, que a FDC coloca como um desafio para as empresas brasileiras. Precisamos de maior comprometimento com resultados. Muito se fala de inovação e disrupção, mas pouco resultado relevante é apresentado. Daí a necessidade de se aprimorar a gestão como um todo para que inovação seja considerado core para empresas de qualquer tamanho no Brasil.

Leia também:
A importância do aconselhamento independente

Sobre o colunista

Sergio Goldman é colunista no Blog do Gorila e possui mais de 30 anos de experiência no mercado de capitais da América Latina com foco em Equity Research, Distribuição de Renda Variável e Wealth Management. Possui vasta experiência na venda de produtos de renda variável para investidores institucionais locais e estrangeiros, tendo trabalhado em instituições financeiras como Baring Securities, Bear Stearns, Santander, Unibanco e Safra. Desde junho de 2023 atua com gerenciamento de portfólios na Barra Peixe Investimentos. Entre 2019 e 2023 atuou como gestor do FIA Esh Prospera, e entre 2014 e 2016 contribuiu na coluna Palavra do Gestor do jornal Valor Econômico. Formado em Engenharia Eletrônica pela PUC-RJ, tem mestrado em administração na COPPEAD, escola de negócios da UFRJ.

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