A importância do aconselhamento independente

Hoje, se alguém me perguntar qual o atributo mais importante que devemos buscar em um conselheiro, eu respondo sem pestanejar: independência.
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PorSérgio Goldman - 20/08/2024
3 min de leitura

O mercado financeiro e a economia real estão cheios de “conselheiros” profissionais.

Consultores, assessores, conselheiros de administração, conselheiros consultivos, além de outras, são algumas das funções que os profissionais do aconselhamento executam.

Eu já estive dos dois lados da mesa: já fui/sou conselheiro e já usei/uso aconselhamentos.

Hoje, se alguém me perguntar qual o atributo mais importante que devemos buscar em um conselheiro, eu respondo sem pestanejar:

INDEPENDÊNCIA

Para mim, o conceito de independência possui 3 derivações:

1. Independência como a única maneira de garantir que a agenda do conselheiro é a mesma que a agenda do aconselhado.

Parece óbvio, mas nem sempre acontece. Não estaria trazendo novidade alguma ao dizer que muitas vezes a solução proposta pelo conselheiro visa atender não só os interesses do cliente, mas também do próprio conselheiro.

2. Independência de opinião.

Importante que o conselheiro não seja alguém que apenas traga ideias e/ou soluções consensuais.

Conselheiros de verdade tem opinião própria mesmo que o trabalho de convencimento seja árduo. São exatamente as ideias não consensuais aqueles que terão maior impacto sobre os negócios do cliente.

Aqui vale chamar a atenção do conselheiro de administração ou consultivo.

Conhecemos diversas situações nas quais os controladores das empresas não gostam e não querem ser contrariados.

Essa situação faz com que alguns conselheiros prefiram manter uma atitude de concordar com tudo e não trazer posições diferentes ou contraditórias.

Mas qual o valor de um conselheiro que apenas diga amém a qualquer ideia trazida pelo controlador da empresa?

3. Independência estrutural

O conselheiro independente é o responsável único pela execução do serviço. Ele pode montar uma equipe com diferentes competências para executar um serviço. Mas, perante a quem o contratou, ele é o responsável. Isso cria uma relação de confiança que irá tornar a execução do serviço mais ágil e criará as fundações de uma relação de longo prazo entre conselheiro e cliente.

Que tipo de situação a escolha de aconselhamento independente pode evitar?

Para muitos, as situações de potencial conflito de agenda são conhecidas.

Talvez a mais conhecida seja a recomendação de produtos de investimentos que não estejam de acordo com o perfil do investidor.

Outra conhecida é a precificação de um IPO a um preço próximo ou mesmo acima do valor intrínseco da ação.

Em geral, isso leva a fortes correções do preço da ação após os primeiros resultados da empresa já listada. Negativo para quem investiu no IPO, mas negativo também para os principais administradores da empresa que terão que gerenciar as expectativas do mercado se e quando as ações corrigirem.

Duas situações de conflito por falta de independência pouco discutidas são:

Consultores políticos com viés partidário: dificilmente conseguirão evitar que suas opiniões sejam isentas de seus vieses e,

Conselheiros de administração que queiram manter o cargo a qualquer preço: neste caso evitarão qualquer tipo de bola dividida mesmo que esteja sendo discutido algo que vá ser prejudicial a algum ou alguns grupos de stakeholders.

Leia também:
O Valor Presente das Oportunidades de Crescimento

Sobre o colunista

Sergio Goldman é colunista no Blog do Gorila e possui mais de 30 anos de experiência no mercado de capitais da América Latina com foco em Equity Research, Distribuição de Renda Variável e Wealth Management. Possui vasta experiência na venda de produtos de renda variável para investidores institucionais locais e estrangeiros, tendo trabalhado em instituições financeiras como Baring Securities, Bear Stearns, Santander, Unibanco e Safra. Desde junho de 2023 atua com gerenciamento de portfólios na Barra Peixe Investimentos. Entre 2019 e 2023 atuou como gestor do FIA Esh Prospera, e entre 2014 e 2016 contribuiu na coluna Palavra do Gestor do jornal Valor Econômico. Formado em Engenharia Eletrônica pela PUC-RJ, tem mestrado em administração na COPPEAD, escola de negócios da UFRJ.

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