A competência mais importante para se destacar no mundo dos investimentos

Se me perguntarem qual a competência mais importante no mercado financeiro, respondo sem pestanejar: pensamento crítico.
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PorSérgio Goldman - 25/09/2023
3 min de leitura

Claro que profissionais bem-sucedidos no mercado financeiro possuem um repertório extenso de competências.

Claro que saber como aplicar as melhores práticas e ferramentas que aprendemos de diversas fontes é importante.

A capacidade de vender ideias e passar credibilidade está entre as principais qualidades dos profissionais que se destacam.

Mas se me perguntarem qual a competência mais importante, eu respondo sem pestanejar:

PENSAMENTO CRÍTICO

As ideias sobre pensamento crítico vêm desde a Grécia antiga; primeiro com Sócrates que questionava se todas as mensagens que vinham de líderes estavam necessariamente corretas, e seguiram com seus discípulos, Platão e Aristóteles.

Uma das definições que eu vi sobre o assunto é:

“… pensamento crítico é a habilidade de pensar e ter ideias independentes e abrangentes, baseando essas ideias em evidências factuais”. 

A quantidade de livros e outros materiais sobre pensamento crítico é bastante extensa. Aqueles interessados no tema não podem reclamar.

Por que isso é tão importante no mercado financeiro? Por alguns motivos, dentre eles:

  1. A quantidade de informação a que, se tem acesso é gigantesca. Muita coisa boa, mas também muito lixo. É preciso saber separar o joio do trigo;
  2. A única maneira que se tem de gerar retornos consistentemente acima do mercado é pensando de forma diferente da maioria. Questione sempre os consensos;
  3. No mercado financeiro, a principal diferença entre um profissional sênior de um mais junior é que o primeiro tem a coragem de tomar decisões que muitas vezes não estão de acordo com as chamadas melhores práticas e,
  4. Infelizmente, hoje em dia, existe uma oferta enorme de produtos e serviços visando atrair investidores. Questionar é fundamental para reduzir as chances de estar sendo enganado.

Aproveito para dar alguns exemplos de situações em que o pensamento crítico precisa ser colocado em prática:

  • Você pergunta para um analista o motivo dele estar usando determinada premissa na modelagem das demonstrações financeiras. A resposta é: porque a empresa me falou. Resposta errada. Tudo que a empresa te fala precisa ser checado antes de ser usado.
  • Vários agentes de mercado vêm repetindo nas mídias sociais e relatórios que a Bolsa está barata. O principal argumento é que o PL atual está com desconto de 30% em relação à média histórica. A questão que precisa ser levantada é: porque necessariamente o futuro irá repetir o passado. Além disso, como o cálculo correto do índice PL deve usar as projeções do mercado para o lucro líquido das empresas (e não dados históricos como muitos usam), quem garante que as projeções estão corretas?
  • Também temos escutado bastante que, com o início do ciclo de redução da taxa Selic, começará um processo de migração de recursos da renda fixa para renda variável. Se formos pesquisar nos dados da ANBIMA, veremos que em setembro até o dia 18, houve uma saída acumulada de R$2,7 bilhões dos fundos de ações e de R$2,8 bilhões dos fundos multimercados. Portanto, a migração de renda fixa para renda variável não depende apenas do início do ciclo de redução da Selic. 

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Sobre o colunista

Sergio Goldman é colunista no Blog do Gorila e possui mais de 30 anos de experiência no mercado de capitais da América Latina com foco em Equity Research, Distribuição de Renda Variável e Wealth Management. Possui vasta experiência na venda de produtos de renda variável para investidores institucionais locais e estrangeiros, tendo trabalhado em instituições financeiras como Baring Securities, Bear Stearns, Santander, Unibanco e Safra. Desde junho de 2023 atua com gerenciamento de portfólios na Barra Peixe Investimentos. Entre 2019 e 2023 atuou como gestor do FIA Esh Prospera, e entre 2014 e 2016 foi contribuidor da coluna Palavra do Gestor no jornal Valor Econômico. Formado em Engenharia Eletrônica pela PUC do Rio Janeiro, tem mestrado em administração na COPPEAD, escola de negócios da UFRJ.

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