Como disse Cazuza, o tempo não para

Analisando as necessidades da sociedade brasileira como um todo, e da economia em particular, me lembrei do sucesso de Cazuza, de 1988, cujo título era exatamente: “O Tempo Não Para”.
Vou repetir um número que já mencionei em outros artigos: o crescimento médio anual do PIB brasileiro entre 1993 e 2022 foi de apenas 2,4%.
Esse nível de crescimento é muito baixo para ter resultado efetivo na luta contra a miséria e demais problemas sociais.
É mais que urgente chamar a atenção para a necessidade de medidas eficazes, de curto e de longo prazos, em prol do crescimento econômico.
O mercado celebrou o número acima do esperado do PIB do 2T23.
Entretanto, se olharmos a formação bruta de capital fixo, proxy para investimentos, vemos que ela cresceu apenas 0,1% em relação ao trimestre anterior e -2,6% em relação ao 2T22. Definitivamente um desempenho fraco.
Crescimento relevante dos investimentos é condição necessária para o PIB acelerar.
O tempo não para…
O Governo ao assumir dizia que iria apresentar uma agenda agressiva de Parcerias-Público-Privadas (PPP).
Ainda não saíram do papel.
Muito tem se falado do Brasil tendo a oportunidade única de se tornar uma potência da nova economia verde.
Por falar nisso, na semana passada, aconteceu o Brazil Climate Summit em Nova Iorque e a percepção daqueles que lá estiveram foi que investidores estão de olho nas oportunidades que o Brasil oferece em transição energética e economia verde.
No evento, o Boston Consulting Group (BCG) divulgou um relatório intitulado “Unleashing Brazil’s Low Carbon Hydrogen Potencial (Liberando o potencial do hidrogênio de baixo carbono no Brasil) onde reforça a percepção do Brasil ser a terra das oportunidades para o investimento sustentável.
Mas por enquanto, me parece que o fluxo do investimento para o setor ainda permanece tímido.
O que precisa ser feito para acelerar este processo? O que o governo pode fazer para facilitar os investimentos?
O tempo não para…
O mercado financeiro parece que se acostumou com crescimento medíocre.
O mercado, em geral, não vê uma relação direta entre mitigação dos problemas sociais e desempenho dos ativos brasileiros.
Essa é uma visão míope. Vejo pelo menos três vasos comunicantes entre o social e o valor dos ativos locais:
- Aumento do consumo;
- Ganhos de produtividade;
- Maior atração de investimentos.
Para isso acontecer, é necessário que o PIB brasileiro cresça a taxas robustas por um longo período.
E, lembrando Cazuza, o tempo não para.
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Sobre o colunista
Sergio Goldman é colunista no Blog do Gorila e possui mais de 30 anos de experiência no mercado de capitais da América Latina com foco em Equity Research, Distribuição de Renda Variável e Wealth Management. Possui vasta experiência na venda de produtos de renda variável para investidores institucionais locais e estrangeiros, tendo trabalhado em instituições financeiras como Baring Securities, Bear Stearns, Santander, Unibanco e Safra. Desde junho de 2023 atua com gerenciamento de portfólios na Barra Peixe Investimentos. Entre 2019 e 2023 atuou como gestor do FIA Esh Prospera, e entre 2014 e 2016 foi contribuidor da coluna Palavra do Gestor no jornal Valor Econômico. Formado em Engenharia Eletrônica pela PUC do Rio Janeiro, tem mestrado em administração na COPPEAD, escola de negócios da UFRJ.