Atividade de M&A esquentando no Brasil: implicações para empresas e mercado

Vale ter em mente que em operações de aquisição de controle, pode haver prêmios significativos em relação ao preço atual de mercado, em função de: a) incorporação de um prêmio de controle na aquisição e b) desconto do valor de mercado excessivo e sem justificativa com base nos fundamentos da empresa.
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Por Sérgio Goldman - 05/02/2024
3 min de leitura

Dando uma breve passada de olhos na edição de 2/2/24 do jornal Valor Econômico, me deparei com as seguintes notícias:

  • “Dasa avalia alternativas como venda de fatia ou controle, dizem fontes”
  • “À venda, Sigma Lithium avança em projeto de expansão de capacidade”
  • “Gera Capital negocia venda de 30% do grupo Salta (ex-Eleva) por R$ 1 bilhão”
  • “Exclusivo: XP é assessor da fusão entre Arezzo e Soma; detalhes do acordo são debatidos no Soma”
  • “Exclusivo: BTG vai receber oferta vinculante por ativos da InterCement até o fim do mês”

Estamos falando aqui de 5 potenciais operações de M&A (fusões e aquisições) de porte.

Me parece uma forte indicação de que teremos um período propício para a atividade de M&A nos próximos 2 a 3 anos, pelo menos.

A meu ver, os seguintes três fatores são as principais alavancas para que mais operações de M&A aconteçam:

  1. A queda na taxa de juros;
  2. Empresas que tiveram desempenho fraco nos últimos anos decidindo vender negócios pouco rentáveis, ou mesmo vender o controle da empresa por se sentirem despreparadas para lidar com o aumento da competitividade no setor de atuação e,
  3. Baixa visibilidade do cenário macroeconômico faz com que principais acionistas não se sintam confortáveis em manter o controle em vista do risco percebido de que negócio perca valor ao longo do tempo.

O impacto da maior atividade de M&A no mercado de ações se sente de duas maneiras.

  1. Ações de empresas percebidas como possíveis alvos para serem adquiridas podem reagir antecipadamente. Geralmente a reação é positiva, e,
  2. Aumenta a atividade de IPOs e Follow-ons à medida que compradores utilizem equities para financiar suas aquisições.

Sugiro aos investidores em renda variável ficarem de olho em empresas atuando em setores atraentes da economia, e cujas ações tiveram uma forte perda de valor nos últimos 2/3 anos.

Além disso, vale ter em mente que em operações de aquisição de controle, pode haver prêmios significativos em relação ao preço atual de mercado, em função de: a) incorporação de um prêmio de controle na aquisição e b) desconto do valor de mercado excessivo e sem justificativa com base nos fundamentos da empresa.

No caso dos potenciais compradores, a análise de seu envolvimento em operações de M&A deve levar em consideração principalmente os seguintes aspectos:

  1. Como a operação será financiada? Com dívida ou com equity? No caso de uso de dívida, como fica a alavancagem da empresa pós-aquisição?
  2. A operação de M&A agrega valor para a empresa compradora? Não basta comparar o múltiplo implícito no valor da aquisição com o múltiplo da empresa compradora (o mercado faz muito isso. Por exemplo, se o múltiplo da operação é menor que o da compradores, diz-se que a operação agrega valor). Isso é uma análise muito simplista.
  3. Existe fit entre a culturas organizacionais? Culturas muito diferentes e a incapacidade de fazer ambas trabalharem em conjunto é talvez o principal fator que faz operações de M&A fracassarem.

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Sobre o colunista

Sergio Goldman é colunista no Blog do Gorila e possui mais de 30 anos de experiência no mercado de capitais da América Latina com foco em Equity Research, Distribuição de Renda Variável e Wealth Management. Possui vasta experiência na venda de produtos de renda variável para investidores institucionais locais e estrangeiros, tendo trabalhado em instituições financeiras como Baring Securities, Bear Stearns, Santander, Unibanco e Safra. Desde junho de 2023 atua com gerenciamento de portfólios na Barra Peixe Investimentos. Entre 2019 e 2023 atuou como gestor do FIA Esh Prospera, e entre 2014 e 2016 contribuiu na coluna Palavra do Gestor do jornal Valor Econômico. Formado em Engenharia Eletrônica pela PUC-RJ, tem mestrado em administração na COPPEAD, escola de negócios da UFRJ.

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