[ABCVM Summit] Confira os destaques da 1ª edição

Com a presença de grandes nomes do mercado de capitais, a primeira edição do ABCVM Summit – evento promovido pela Associação Brasileira de Consultores de Valores Mobiliários – trouxe discussões relevantes para os consultores e para o mercado como um todo. Confira abaixo os principais destaques:

O Futuro das atribuições no mercado de capitais

No primeiro painel do evento, a discussão se deu em torno da evolução dos papéis e atribuições no mercado de investimentos.

Francisco D’Orto Neto, diretor de Educação e Certificação na APIMEC Brasil, afirmou que o mercado de capitais passa por um bom momento com o fortalecimento das instituições, destacando a importância das certificações. O argumento foi reforçado por Clairton Belem, diretor executivo da Planejar: “o mercado foi exigindo uma melhor qualificação dos seus profissionais, e a maneira mais eficiente que entendemos isso foi através das certificações”.

Tatiana Itikawa, superintendente de representação de mercados na ANBIMA, afirmou que hoje as atividades têm fronteiras muito próximas, citando as regulações recentes como reflexos da maturidade do mercado, e reforçou que o foco maior deve ser sempre a transparência com o investidor. Francisco Amarante, superintendente da ABAI, reforçou que é essa mesma transparência que vai ditar o sucesso do mercado e fazer com que cada papel seja compreendido pelo investidor.

Segundo a presidente da ABCVM, Cristiane Reis, essa compreensão do investidor pode representar uma virada de chave: “depois que o investidor conhece a atribuição de cada um, não tem problema nenhum em pagar por isso”, afirmou. Amarante complementou dizendo que o único protagonista do mercado financeiro e de capitais é o próprio investidor, e deixou um recado final: “é importante trabalhar a relação, e não a transação”.

Diversificação, tema relevante para grandes gestores

O segundo painel do evento trouxe gestores de grandes casas para discutir o papel da diversificação nas estratégias de investimento e também o alinhamento de interesses com os investidores.

Emerson Codogno, sócio-fundador e gestor na Genoa Capital, afirmou que os sócios da gestora têm uma parcela relevante do patrimônio investido nos próprios fundos, o que garante um alinhamento com o cliente: “estou fazendo com o dinheiro do investidor exatamente o que estou fazendo com o meu dinheiro”.

A respeito da diversificação, Carlos Woelz, sócio-fundador e diretor na Kapitalo Investimentos, afirmou que acredita na internacionalização dos investimentos se feita de maneira devagar e olhando resultados: “diversificar é fácil no papel, mas na prática é uma luta diária”.

O argumento foi sustentado pelo sócio-fundador e Portfolio Manager da Absolute Investimentos, Fabiano Rios, que afirmou que o acesso a produtos de fora é muito mais restrito do que aqui no Brasil: “no final, o cliente brasileiro, quando bem assessorado, tem condição de ter um portfólio diversificado com ativos no Brasil muito melhor do que lá fora”.

Comparando Horizontes: Perspectivas Econômicas do Brasil e do Exterior

No terceiro e último painel do ABCVM Summit, os profissionais se juntaram para discutir as perspectivas econômicas do Brasil e do mundo no futuro próximo.

Felipe Sichel, Economista-sênior na Porto Asset, afirmou que estamos em um momento de volatilidade da politica monetária em economias desenvolvidas, o que traz uma preocupação para as economias emergentes. Sobre o momento atual, ele citou uma frase de Jerome Powell no Congresso de Jackson Hole: “estamos navegando no mar da economia global sob um céu muito nublado, e tentando enxergar as estrelas”.

Sobre o cenário nacional, apesar das dúvidas, existe também certo otimismo. Para Vagner Quito, sócio na 4 Tax Group, o governo está tentando fazer de alguma maneira com que as coisas andem: “existia um receio de que o país iria desandar e ser uma nova Venezuela, e isso felizmente não está acontecendo”, afirmou, citando o novo arcabouço fiscal e a proposta de reforma tributária.

Felipe Salto, economista-chefe e sócio da Warren Brasil, complementou dizendo-se cético em relação à reforma tributária: “precisaria ser muito melhorada no Senado”. Ele também destacou a correlação da economia brasileira com o exterior: “quando o Fed dá um espirro, nossa taxa de câmbio movimenta com volatilidade brutal”.

O argumento foi reforçado por Vitor Scarlet, estrategista macro e analista político na XP Investimentos, que teve o papel de resumir o cenário. O profissional afirmo que vivemos um momento de muita incerteza, mas que devemos estar sempre de olho no exterior: “a gente costuma dar muito peso para Brasil, mas temos que olhar o cenário internacional. Porque quando não estamos fazendo bobagem por aqui, seguimos diretamente o que acontece lá fora”, concluiu.

Um novo momento para os consultores

Para Arthur Mello, sócio da Vita Investimentos – uma das patrocinadoras master do ABCVM Summit – o evento acompanha o momento de crescimento dos consultores no Brasil, e ajuda a solidificar o discurso da categoria: “o movimento de compreensão do valor da profissão pelo cliente final ainda é muito incipiente, então é muito importante mostrar este crescimento através de trocas e discussões”.

Sobre o papel dos consultores, ele reforçou uma frase de Francisco Amarante: “foco no relacionamento e não na transação”. Segundo ele, esse é um bom tagline do que é o trabalho do consultor, que – mais do que entender a transação de curto prazo – precisa entender e estar alinhado com os objetivos do cliente, para assim representar bem seu papel.