11 motivos para estar cauteloso com a bolsa brasileira

Uma expressão pode sumarizar o que esses 11 pontos trazem para a economia e mercado brasileiro: uma baixa visibilidade do cenário macro de médio e longo prazo.
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PorSérgio Goldman - 09/10/2023
3 min de leitura

Navegando pelas mídias sociais, dá para ter uma clara mensagem em relação às perspectivas do mercado de renda variável no Brasil.

Em poucas palavras a mensagem é:

A bolsa está barata pois negocia a um múltiplo PL agregado com desconto de aproximadamente 30% em relação a sua média histórica. Portanto, investidores devem aproveitar a “xepa” e acumular ações brasileiras.

O que essas mensagens não abordam é que desde agosto de 2021, portanto mais de anos, o Ibovespa vem negociando entre 100.000 e 120.000 pontos e a mensagem do desconto em relação à média histórica vem desde o início deste período.

Gostaria de listar as 11 questões que me fazem estar bastante cauteloso com o comportamento dos diversos índices de ações relacionados à Bolsa local:

  1. Expectativas de taxas de crescimento econômico baixas, principalmente quando comparadas a outros mercados emergentes e com o nível de crescimento necessário para reduzir as demandas sociais;
  2. Apesar do início do ciclo de redução da Selic, taxas longas permanecem elevadas;
  3. Arcabouço fiscal recém aprovado já sendo questionado por agentes de mercado e até por membros do próprio Governo;
  4. Expectativas de gastos públicos crescentes;
  5. Para financiar o crescimento dos gastos públicos, Governo terá que aumentar a já bastante alta carga tributária;
  6. Reforma tributária não terá impacto de curto prazo na economia. Portanto é pouco provável que seja indutor de crescimento;
  7. Pouco se discute medidas para aumentar a produtividade da economia, que já não cresce há vários anos;
  8. Passados quase 10 meses desde o início do Governo, ainda não existe clareza em relação a planos para setores tais como saúde, educação e economia verde;
  9. Insegurança jurídica pode afastas investidores locais e estrangeiros de grandes projetos de investimentos;
  10. Cenário geopolítico internacional, que já era fonte de preocupação, se torna ainda mais incerto com os eventos deste final de semana em Israel e,
  11. Cenário de juros, inflação e crescimentos nos EUA vai continuar sendo um fator a gerar volatilidade nos preços de ativos brasileiros.

Uma expressão pode sumarizar o que esses 11 pontos trazem para a economia e mercado brasileiro: uma baixa visibilidade do cenário macro de médio e longo prazo.

Minha cautela em relação à Bolsa não quer dizer que os investidores devam estar fora do mercado de ações.

Minha mensagem é: sejam seletivos, busquem oportunidades em ações com descontos significativos em relação aos seus valores intrínsecos e pensem em manter as posições em pelo menos 3 anos.

Aproveito também para deixar um comentário sobre um outro assunto bastante comentado nas mídias sociais: a comparação de desempenhos Ibovespa versus renda fixa.

Na minha visão, uma carteira de investimentos que seja bem balanceada, precisa ter ambas as classes de ativos.

Com isso, a questão não é ações ou renda fixa, mas sim quanto de ações e quanto de renda fixa.

E repito: no caso de ações sugiro estratégia de stock picking versus uma estratégia passiva.

Leia também:
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Sobre o colunista

Sergio Goldman é colunista no Blog do Gorila e possui mais de 30 anos de experiência no mercado de capitais da América Latina com foco em Equity Research, Distribuição de Renda Variável e Wealth Management. Possui vasta experiência na venda de produtos de renda variável para investidores institucionais locais e estrangeiros, tendo trabalhado em instituições financeiras como Baring Securities, Bear Stearns, Santander, Unibanco e Safra. Desde junho de 2023 atua com gerenciamento de portfólios na Barra Peixe Investimentos. Entre 2019 e 2023 atuou como gestor do FIA Esh Prospera, e entre 2014 e 2016 foi contribuidor da coluna Palavra do Gestor no jornal Valor Econômico. Formado em Engenharia Eletrônica pela PUC do Rio Janeiro, tem mestrado em administração na COPPEAD, escola de negócios da UFRJ.

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