Conheça a origem da Bolsa de Valores

Criada em 1531, a Bolsa da Antuérpia, na Bélgica, é considerada a primeira bolsa de valores oficial; já no Brasil, o embrião da B3 surgiu em 1890.
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PorAlvara Bianca - 26/04/2019
Atualizado em 27/07/2022
5 min de leitura

A origem da Bolsa de Valores vai bem mais longe do que você pode imaginar. As primeiras bolsas surgiram em meados do século XV e até o século XVII as funções se resumiam à compra e venda de moedas, letras de câmbio e metais preciosos.

Nessa época, o co­mércio de papéis deixou de ser reali­zado ao ar livre, nas ruas e calçadas, e passou a ter uma sede própria. Foi num edifício de propriedade da fa­mília Van der Buerse, em Bruges, em 1285, que um conjunto de pes­soas influentes, como mercadores, armadores e agentes de câmbio se reuniam periodicamente para fazer operações financeiras entre si.

É interessante que a palavra bolsa, no sentido comercial e financeiro tem origem no fim do século XIII do nome da família de nobres belgas, os Van der Burse, cujo brasão de armas eram três bolsas.

Como as casas em Bruges não tinham números, elas eram conhecidas pelo dese­nho que traziam. Por isso, a casa era conhecida como a casa das bolsas. Assim, por extensão, em todas as regiões os locais onde se realizavam transa­ções comerciais começaram a ser chamados de Bolsa.

Primeira Bolsa

Criada em 1531, a Bolsa da Antuérpia, na Bélgica, é considerada a primeira bolsa oficial e era baseada na negociação de empréstimos. Porém, a primeira ação comercializada em uma bolsa de valores que se tem registro pertenceu à Companhia Holandesa das Índias Orientais e foi negociada em 1602, na Bolsa de Amsterdã.

Para assegurar uma maior proteção da sua economia, a Inglaterra, em 1571, criou a Bolsa de Londres (Royal Exchange). Já nos Estados Unidos, foi só em 1792 que surgiu a Bolsa de Nova York.

Bolha das tulipas

As famosas tulipas holandesas, símbolo do país, foram responsáveis pela primeira bolha financeira. Tudo começou no ano de 1593, quando o botânico Carolus Clusius trouxe à Holanda alguns bulbos de tulipa vindos de Constantinopla – hoje conhecida como Istambul, na Turquia – para plantar em seu jardim. Muito raras em Amsterdam, as tulipas logo despertaram atenção dos seus vizinhos, que simplesmente começaram a roubar bulbos para revendê-los.

No século XVII tamanha foi a fixação dos holandeses que acabou resultando em especuladores comprando bulbos da planta para então revender a preços exorbitantes. Em um único mês os preços das tulipas chegavam a aumentar mais de 20 vezes. Vale dizer que muitas pessoas, inclusive, chegaram a trocar todos seus bens por um único bulbo da planta. 

Entretanto, um dos principais problemas do mercado de tulipas era a sazonalidade da planta. Elas demoram entre 7 e 12 anos para florescerem após serem plantados. Isso limitava muito a venda da planta. 

E para contornar esse obstáculo, os especuladores holandeses passaram a vender contratos de tulipas, algo bem semelhante ao que conhecemos hoje como contratos futuros que são negociados na bolsa de valores. 

A bolha da tulipa estourou no inverno de 1636-1637, quando um comprador da cidade de Haarlem não conseguiu honrar seu contrato de compra das tulipas holandesas. Isso ocasionou um pânico generalizado no mercado de tulipas, fazendo com que os preços da planta despencassem em poucos dias. O valor de cada tulipa caiu para um centésimo do que era. 

O governo holandês tentou intervir, oferecendo 10% do valor original de cada um dos contratos emitidos para honrá-los. Porém, isso só fez o mercado despencar ainda mais. O resultado da primeira bolha do mercado financeiro mundial foi uma forte depressão econômica, que demorou anos para ser superada.

Criação da Bolsa de Valores no Brasil

Sabia que a Bolsa já tem mais de 100 anos no Brasil? O então Ministro da Fazenda Alves Branco iniciou, em 1843, uma política econômica de caráter fiscal para suprir financeiramente a estrutura do Estado, criando assim a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro para a negociação dos títulos públicos. Já em 23 de agosto de 1890, o presidente Emílio Rangel Pestana fundou a Bolsa Livre, que foi o embrião da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

Até meados da década de 1960, eram 27 bolsas de valores em todo o Brasil, sendo que o grande mercado de ações se concentrava na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ). Porém, por conta dos efeitos da crise econômica de 1970, com o crash durante o governo militar, a BVRJ começou a perder espaço gradativamente para a Bovespa.

Foi no ano 2000 que São Paulo e Rio de Janeiro comandaram um acordo de integração das nove bolsas de valores brasileiras ativas: Bovespa, Bolsa do Rio, de Minas-Espírito Santo-Brasília, do Extremo Sul, de Santos, da Bahia-Sergipe-Alagoas, de Pernambuco, da Paraíba, do Paraná e a Bolsa Regional.

A partir disso, as ações de companhias abertas e os títulos privados seriam todos negociados na Bovespa. A Bolsa do Rio, por sua vez, ficaria encarregada do mercado eletrônico de títulos públicos.

Em 26 de março de 2008 a Bovespa anunciou oficialmente o início do processo de fusão com a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F). A Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros, nome da nova instituição que surgiu com a fusão, se tornou uma das maiores do mundo em valor de mercado na época.

Modernização da Bolsa de Valores

Ao longo do tempo, a imagem que marcou a cabeça de muitos investidores era o tradicional pregão viva-voz com toda a gritaria no saguão da bolsa com a negociação de compra e venda das ações.  

A partir de 2009, a B3 passou por um processo de modernização. Com isso, o operador que atendia o telefone para executar a ação acabou perdendo o lugar e a tarefa hoje em dia é feita por meio de terminais instalados nas corretoras de valores.

Importância

Operando sob a supervisão da Comissão de Valores Mobiliários – CVM, a B3 –  Brasil, Bolsa, Balcão é o principal mercado de negociação de ações das empresas existentes no Brasil.  Além disso, em 2017, era a quinta maior bolsa de mercado de capitais e financeiro do mundo.

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