Especialistas discutem as principais transformações na indústria de wealth management em 2024

O Wealth Trends, organizado pelo Gorila, reuniu especialistas do setor para debater sobre os modelos de distribuição emergentes oriundos do novo quadro regulatório.
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PorEdnael Ferreira - 17/05/2024
Atualizado em 17/06/2024
4 min de leitura

Em junho deste ano, o marco regulatório advindo das resoluções CVM 178 e 179 completa um ano. A nova regulação foi um divisor de águas na indústria e está mudando o seu rumo, fomentando a transparência e a competição. 

O Wealth Trends, organizado pelo Gorila, reuniu especialistas do setor para debater sobre os modelos emergentes oriundos do novo quadro regulatório. 

Sob moderação de Diego Ramiro, presidente da ABAI (Associação Brasileira dos Assessores de Investimentos), a conversa contou com Luciane Effting, diretora estatutária no Santander; Maurício Ceará, diretor do Safra Invest no Banco Safra, e Guilherme Assis, CEO do Gorila.  

Os representantes dos dois tradicionais bancos explicaram suas estratégias atuais na indústria de assessoria financeira. Já a presença de Assis no painel incluiu uma visão independente da indústria, enriquecendo o debate com perspectivas diversificadas. 

Resoluções CVM 178 e 179: os desafios da competitividade e da transparência

No mundo das assessorias de investimentos, as resoluções CVM 178 e 179, que entraram em vigor em junho de 2023, estabeleceram uma revolução para a profissão do assessor.  

A primeira estabelece novas diretrizes abrangentes para a atividade de assessoria de investimentos, flexibilizando os tipos de estruturas societárias e criando novas possibilidades tanto para o mercado quanto para os profissionais.

Já a segunda amplia a clareza para os investidores sobre os acordos de remuneração praticados, indo além dos assessores.

Effting considerou que mostrar a remuneração é um passo relevante, embora desafiador. Ela destacou que, para entender os conflitos de interesses e comparar diferentes distribuidores, é essencial ter uma forma padronizada de comparação. “Mas é um passo importante para a educação financeira no Brasil”, acrescentou. 

Ceará complementou que a transparência, além de muito importante para desmistificar o quanto de dinheiro circula no negócio de investimentos, abre também oportunidades para modelos como o de consultoria e favorece também a indústria fee-based. “Tem formas e formas de você precificar a distribuição. Não é tão simples assim, a discussão está em andamento e com um prazo desafiador para implementar. Mas para nós é muito importante e acho que é fundamental para a indústria de forma geral”, afirmou.

Luciane Effting (Santander) e Maurício Ceará (Banco Safra) no Wealth Trends 2024.

Ramiro complementou o ponto levantado por Effting ao destacar a importância de não apenas fornecer informações quantitativas, mas também qualitativas. “Quer confundir, é só jogar mais informação”, disse. 

Ele ressaltou que, além de conhecer os valores e percentuais de remuneração dos profissionais financeiros, os investidores também devem ter acesso a informações sobre a qualidade dos serviços prestados e os potenciais conflitos de interesse envolvidos para que possam tomar decisões mais fundamentadas.

Assis analisou que a tecnologia desempenha um papel fundamental na obtenção e divulgação das informações necessárias. “Toda relação de vendas tem conflitos de interesse. Se você quer diminuir isso, precisa aumentar a competição e a transparência”.

Ao falar de competição, o CEO do Gorila afirmou que a primeira coisa que vem à mente é a experiência do cliente. Ele ressaltou que a competição inevitavelmente resulta em uma experiência melhor para os investidores e os assessores. 

Diego Ramiro (ABAI) e Guilherme Assis (Gorila) no Wealth Trends 2024.

O conceito de experiência do cliente remodelou diversas indústrias e agora se manifesta de maneira tangível no universo dos investimentos, onde o aumento significativo de instituições e produtos demanda uma simplificação para proporcionar uma experiência positiva ao cliente.

Assis ponderou que as mudanças no mercado estão impulsionando uma evolução na experiência, que é promovida por uma combinação entre a agenda regulatória e o avanço tecnológico. 

O futuro da indústria de assessoria de investimento

Diante da abrangência cada vez maior das possibilidades de trabalho do assessor de investimentos, Ramiro questionou os participantes sobre a direção que essa indústria tomará e se há algum gargalo no caminho impedindo mudanças significativas.

Assis avaliou que a discussão de modelos é menos relevante do que a principalidade do cliente. Segundo ele, não há um gargalo específico no momento, a indústria precisa se adaptar a esse período de mudanças intensas e criar a infraestrutura tecnológica necessária para atender às novas demandas. 

Em concordância, Effting e Ceará também acreditam que o setor precisa de tempo para se ajustar ao novo contexto. 

“Quem vai sobreviver é o cara que vai saber responder ao cliente qual investimento fazer quando se está precisando trocar de carro e mandar o filho estudar nos EUA”, disse Ceará. “Acredito que o atendimento de excelência é super importante”, adicionou. 

“O gargalo é uma transformação muito intensa e rápida. E os distribuidores precisam digeri-la até a gente se ajeitar e colher os frutos. Ganha quem se adaptar mais rápido”, concluiu Effting. 

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