Do hype à adoção institucional: tokenização ganha corpo entre gestores

No Gorila Wealth Trends, especialistas apontam avanço da tokenização no país, apesar dos desafios regulatórios.
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PorEdnael Ferreira - 25/04/2025
Atualizado em 30/04/2025
3 min de leitura

Um dos temas discutidos na segunda edição do Gorila Wealth Trends foi a tokenização – o painel “Transformações: Tokenização e Ativos Digitais em Pauta” mostrou como a tecnologia já está moldando o presente dos investimentos. Fabrício Tota (Diretor de Novos Negócios no MB), Jorge Borges (Head of Sales & Strategic Business Development na Fireblocks), Rodrigo Carvalho (Sócio Fundador na CBA Advogados) e Frederico Padilha (CPO no Gorila) traçaram um panorama técnico e regulatório sobre o tema.

Além da promessa de mais eficiência e transparência na distribuição de ativos, o debate mostrou que a regulação ainda impõe limites, mas o Brasil já se destaca internacionalmente, com casos práticos, avanços jurídicos e interlocução ativa com os órgãos reguladores.

A tokenização, explicaram, é uma nova interface baseada em blockchain que promete reduzir custos operacionais, ampliar o escopo de ativos e facilitar a distribuição – e isso já tem se comprovado na prática.

No Brasil, o MB (Mercado Bitcoin) tem emitido ativos como precatórios e cotas de consórcio tokenizados desde 2013, com aval da CVM, destacou Tota. A regulamentação avançou mais recentemente com a Resolução 88, que ampliou o entendimento sobre valores mobiliários tokenizados. Hoje, todo ativo emitido pelo MB já é um security token, disse.

O país hoje ocupa uma posição de destaque no cenário da tokenização. O Banco Central foi designado como regulador do mercado, enquanto a CVM se manifesta sobre os tokens considerados valores mobiliários, lembrou Carvalho. Além disso, a CVM criou um sandbox regulatório para testar o uso da tecnologia em um ambiente controlado, o que demonstra o interesse e visão de valor na inovação, apontou o advogado. 

Apesar disso, não existe hoje uma regulação específica para a tokenização. Contudo, a comparação internacional mostra caminhos possíveis. Casos como o da União Europeia, com o MiCA (regulação para mercados em criptoativos), e de Singapura, com seus ambientes regulatórios experimentais, ajudam a balizar as próximas etapas, ilustrou Carvalho.

Tota também mencionou a experiência do MB em Portugal e analisou que o Brasil tem uma posição à frente do nível global. Mesmo com juros altos no mercado local, o MB distribuiu R$ 400 milhões em ativos tokenizados só em 2024. E, lá fora, o destaque tem sido a emissão de treasuries tokenizados, mencionou. Para o diretor do MB a percepção é clara: o Brasil tem uma das regulações mais maduras do mundo nessa frente.

Segundo Carvalho, a demanda também mudou de perfil. Se antes os pedidos vinham de entusiastas querendo tokenizar “qualquer coisa”, hoje partem de instituições financeiras, securitizadoras e gestoras – o mercado tradicional. O desafio, segundo os painelistas, é adaptar esses produtos ao arcabouço regulatório ainda em transformação. A tecnologia deixou de ser o problema, “agora o gargalo é jurídico”, acrescentou.

Do lado do investidor, a tração é evidente. “Se o cliente não está fazendo com você, está fazendo em outro lugar”, disse Tota. A tokenização já entrou no radar de grandes gestoras e está acessível ao investidor final. O papel do advisor, agora, é ser o guia nesse novo território, finalizou.

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