Taxa de câmbio: o que é e como ela define o preço do dólar

Taxa de câmbio é o preço de uma moeda estrangeira em reais. Entenda como ela é calculada e como o mercado estabelece o valor do dólar.
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PorEdnael Ferreira - 26/10/2021
Atualizado em 27/07/2022
8 min de leitura

Você já deve ter ouvido falar da taxa de câmbio e da cotação do dólar nos noticiários. Mas você sabe o que esses termos significam e qual o impacto deles na economia?

Compreender esses conceitos é fundamental para entender como o cenário econômico está afetando sua vida e seus investimentos.

Acompanhe o artigo, pois vamos te explicar tudo de um jeito simples!

O que é taxa de câmbio?

A taxa de câmbio é o preço de uma unidade monetária em relação a outra unidade monetária. A palavra “câmbio” vem do latim “cambiare”, que significa “trocar”. Nesse caso, ela representa o valor de troca de duas moedas. 

De forma mais simples, ela nos diz quanto vale uma moeda quando comparada a outra moeda

Por exemplo, se o dólar estiver cotado a R$ 5,50, esse é o valor do câmbio da moeda estadunidense no Brasil. Isso porque será preciso R$ 5,50 para comprar U$ 1.

Por que usamos o dólar como principal moeda internacional?

Quando o assunto é câmbio, o dólar é a moeda usada como referência. Contudo, a taxa câmbio vale para comparação entre o real e qualquer outra moeda estrangeira, como euro, libra esterlina, peso argentino, iene etc.

O protagonismo do dólar americano na economia mundial se deu após a desarticulação do sistema monetário que lastreava o valor das moedas no ouro.

 Após uma série de eventos históricos (ligados às duas grandes guerras), surgiu o acordo de Bretton Woods. Em 1944, dentre outras políticas, ele estabeleceu o dólar americano como moeda padrão para transações internacionais.

Como a taxa de câmbio é definida?

A taxa de câmbio de qualquer país se define pela lei da oferta e demanda

Isso significa que a quantidade de pessoas comprando reais e vendendo dólares ou comprando dólares e vendendo reais vai determinar se o valor do dólar sobe ou desce. 

Em resumo, a dinâmica é a seguinte: 

Quando o dólar está em queda, tem mais gente vendendo a moeda e comprando reais. Já quando ele está subindo, é porque tem muita gente vendendo real e comprando dólar.

Confuso? Calma aí que vamos te explicar! Mas primeiro precisamos entender quem são os principais compradores da moeda estadunidense.

 O comércio de dólar e o fluxo cambial

Diariamente, as pessoas compram e vendem dólares. Essa movimentação é chamada fluxo cambial

O fluxo cambial é composto por várias categorias de transações. As três principais são:

1 – Transações comerciais: são as importações e exportações de produtos e serviços.

2 – Transações financeiras: como, por exemplo, empréstimos internacionais, investimentos de empresas estrangeiras no Brasil, etc. 

3 – Transações de reservas: compras e vendas do Banco Central para formação de reserva cambial e outros fins. A reserva cambial funciona como seguro para o país garantir o cumprimento das suas obrigações no exterior.

No Brasil, o preço da taxa de câmbio dessas operações é estabelecido livremente entre as partes. Ou seja, não há um valor fixo, são os compradores/vendedores e o agente autorizado pelo Banco Central que combinam o preço. Entretanto, o mercado de câmbio usa a taxa PTAX como referência para operar.

A taxa PTAX

A taxa PTAX é calculada e divulgada diariamente pelo Banco Central e representa quanto o dólar está valendo em determinado dia. 

A maioria das transações é feita entre bancos ou pessoas e empresas ligadas a instituições financeiras. Essa galera precisa registrar o volume e as taxas das transações no Sisbacen, o sistema de informações do Banco Central.

O Banco Central consulta esse registro 4 vezes por dia e verifica a cotação usada pelos dealers (bancos selecionados entre os autorizados a operar câmbio). 

Então, é feita uma média simples com as cotações enviadas pelos dealers selecionados. Essa média é divulgada a cada consulta através de um boletim oficial. Depois da última atualização, é publicado um quinto boletim com a média das 4 consultas. A média do último boletim é a taxa PTAX, também chamada de dólar PTAX.

Não confunda os conceitos por aí!

Além do dólar PTAX, existe o dólar comercial. Ele é a cotação, de fato, entre o real e o dólar. Em outras palavras, o dólar comercial representa a cotação que está sendo praticada no mercado, entre o vendedor e o comprador. 

Já o dólar PTAX tem sua média calculada a partir da cotação do dólar comercial em 4 períodos diferentes do dia.

Fora isso, também podemos encontrar o dólar turismo. Ao contrário do dólar comercial, ele não diz respeito à cotação do mercado, mas sim à moeda física negociada nas casas de câmbio. Lá, ela é comprada, principalmente, por pessoas que estão de viagem.

O valor do real ante o dólar é definido pela lei da oferta e demanda. (Foto: twenty20photos / Envato)

Políticas cambiais

As políticas cambiais são formas de definir o valor do câmbio. Dessa forma, elas definem a relação econômica do país com o resto do mundo. 

 Existem, basicamente, três formas de se fazer isso:

  • Política de câmbio fixo: a fixação da taxa de câmbio é responsabilidade das autoridades financeiras. Nesse modelo, o Banco Central da nação define a taxa e interfere no mercado comprando e vendendo dólares para garantir sua estabilidade. Além disso, a taxa sempre permanece 1 moeda local por 1 dólar (ou qualquer outra moeda estrangeira).
  • Política de câmbio flutuante: a taxa de câmbio é fixada através da oferta e demanda dos dólares no mercado. 
  • Política de câmbio híbrido: também conhecida como câmbio sujo ou câmbio administrado, é a política onde o mercado regula a taxa, mas o governo intervém sempre que necessário. Esse é o regime adotado no nosso país, pois o Banco Central intervem em momentos de movimentações bruscas.

Qual a melhor política cambial?

Não há consenso sobre qual é a melhor política cambial, porém a maioria dos países prefere o câmbio flutuante ou o câmbio híbrido. Esses dois regimes permitem que o mercado faça o gerenciamento ideal com base na realidade econômica.

O câmbio fixo, por sua vez, sofre críticas por inibir a ação dos mercados e isso pode distorcer negativamente a percepção da economia.

Variação cambial: valorização e desvalorização do dólar

A variação cambial é a oscilação de valor entre as moedas comparadas. Nesse sentido, a moeda local pode se valorizar ou desvalorizar.

A valorização cambial acontece quando  precisamos de menos reais para comprar dólares. Por exemplo:

  • No ano 1, R$ 1 equivalia a U$ 1.
  • No ano 2, R$ 0,80 equivalia a U$ 1.

Houve valorização do real de um ano para o outro no cenário hipotético.

Já a desvalorização ocorre quando é necessário mais reais para comprar menos dólares. Por exemplo:

  • No ano 1, R$ 1,20 equivalia a U$ 1.
  • No ano 2, R$ 1,80 equivalia a U$ 1.

O real está desvalorizado de um ano para o outro no exemplo acima.

Fatores que influenciam a variação do câmbio

Alguns dos fatores que influenciam na variação cambial são:

  • Liquidez internacional: a quantidade de dólares disponíveis no mundo para investimentos afeta a oferta e demanda no Brasil.
  • Cenário econômico mundial: crises no mundo todo, como a ocasionada pela Covid-19, podem mexer com os mercados. Fora isso, as decisões econômicas de países com economia forte como Estados Unidos e China afetam toda a cadeia.
  • Balança comercial: diz respeito ao volume de importações e exportações do país. Quanto maior a importação, mais dólares entram no país e mais valorizado fica o real.
  • Taxa de juros: pode ser utilizada para segurar o capital estrangeiro no nosso país. Com os juros altos, investimentos de renda fixa têm maior rentabilidade. A rentabilidade mais elevada atrai investidores estrangeiros. 
  • Cenário interno: o grau de instabilidade política e econômica do país também influencia. Quanto maior a instabilidade, menos atraídos os investidores se sentem e, por consequência, menos dólares ficam disponíveis. Inversamente, se há estabilidade, há mais chances de entrada de capital externo. 
  • Intervenção do Banco Central: como já apontamos, o Banco Central do Brasil pode intervir no mercado de câmbio comprando e vendendo dólares a fim de influenciá-lo.

Leia também:
Entenda a  relação entre a taxa de juros e a inflação

A importância da taxa de câmbio para os investimentos

A taxa de câmbio é como um termômetro, por isso é uma medida muito sensível para o mercado. Ela dá indicadores de como está a saúde econômica. Por isso, afeta diretamente a vida de investidores e seus negócios, ainda que eles não estejam ligados ao exterior.

Como a taxa de câmbio influencia nos preços de produtos que o Brasil exporta e importa, toda a economia  sofre com sua subida ou descida. 

O câmbio forte é uma arma poderosa para segurar os preços, por exemplo. O real valorizado reduz o preço de produtos importados. Esses produtos podem ser aqueles que chegam no consumidor final ou máquinas industriais que, por estarem mais baratas, vão reduzir o custo de produção local.

É possível prever a taxa de câmbio?

A previsão da taxa de câmbio é um dos grandes desafios da economia. Muitos estudos já foram feitos e modelos de projeções criados, mas nenhum deles conseguiu alcançar sucesso de forma satisfatória.

Basicamente, a dificuldade de previsão está associada ao comportamento independente da taxa de câmbio em relação às principais variáveis da economia. 

Portanto, enquanto os economistas quebram a cabeça para resolver isso, o investidor deve contornar os problemas gerados pela falta de previsibilidade. Uma boa solução para isso é a diversificação de carteira com foco internacional. Ao se expor em vários mercados diferentes, a crise local pode ser minimizada com ganhos no exterior, e vice-versa.

Leia também:
Diversificação de investimentos no exterior: aprenda a montar sua carteira
Ibovespa Futuro: o que é, como funciona e para que serve?

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Para não sofrer com uma eventual queda da taxa de câmbio no Brasil, é possível ter uma parte dos investimentos no exterior. E o Gorila existe para te dar uma visão global da sua carteira, juntando os ativos nacionais e internacionais em um único lugar. 

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*Texto escrito sob supervisão de Álvara Bianca

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