[TAG SUMMIT 2023] Economia em Pauta: as Políticas Econômicas do BC
Após uma redução da taxa de juros maior do que a esperada pelo mercado, o Banco Central atraiu os olhos de investidores e especialistas mais uma vez.
Para encerrar o primeiro dia do TAG Summit 2023, o Diretor de Política Econômica da autarquia, Diogo Abry Guillen, participou de um papo com André Leite, CIO da TAG Investimentos, para falar um pouco sobre o cenário econômico atual, inflação e outros assuntos.
Sobre os preços no país, Guillen comentou que ainda estamos sentindo a recuperação dos preços de energia e de alimentos. O profissional comentou que apesar da inflação de serviço ainda estar em níveis não desejáveis, o ciclo de corte só foi possível de ser iniciado por conta da confiança sobre a dinâmica inflacionária. “Temos sido bastante enfáticos sobre a necessidade de uma política monetária contracionista”, afirmou.
A respeito do câmbio, o Diretor do BC comentou sobre a relação entre câmbio e diferencial de inflação, considerada por meio da teoria da paridade do poder de compra (PPC), mas afirmou que isso não significa não pensar sobre cenários alternativos. Segundo ele, “existem formas que pensamos sobre movimentos cambiais afetando nossa projeção e entendimento da dinâmica inflacionária que não são necessariamente via projeção”.
Questionado por Leite sobre o que esperar da revisão de modelos de inflação nos próximos meses, Guillen afirmou que este é um debate que ainda está em curso, e justificou que a imprecisão nas previsões parte de alguns fatores como as subjetividades de cada setor na pandemia, por exemplo. “Não é necessária uma redefinição ou reparametrização completa do modelo, neste sentido”, afirmou.
Ele complementou que existe uma necessidade de robustez e de olhar diferentes formas para fazer a previsão: “modelos ajudam a organizar o debate, dar um norte e encontrar problemas. É preciso trabalhar na inovação de um modelo, e não jogar ele fora”.
Ainda sobre previsões, Guillen defendeu a Pesquisa Focus, afirmando que além de boa ela é muito completa: “o maior atestado de qualidade da Pesquisa Focus é que ela serve de benchmark – seja para um paper acadêmico que quer mostrar um método bom, ou como sinalização de definição de negociação sindical, por exemplo”.
O Diretor do BC comentou ainda a respeito da pesquisa pré-Copom, mais discursiva, que serve como termômetro para balanço de riscos e entender as expectativas para o cenário, além das próprias decisões do BC. “Tudo isso contribui quando estamos analisando e decidindo, podendo codendo construir uma gama de cenários alternativos e pensar nas suas probabilidades e impactos”, afirmou o profissional.
Por fim, Guillen também ressaltou a importância do corpo técnico da autarquia, afirmando que a discussão a respeito da rotação de dois diretores do BC no final do ano – ambos que votaram por uma redução menor da taxa de juros – não é motivo de preocupação: “o corpo técnico contribui muito no debate, traz os temas, os estudos, ajuda a organizar a cabeça para pensarmos a melhor estratégia”, afirmou.
Este artigo foi útil?