[TAG SUMMIT 2023] Crédito Privado: Acesso Exclusivo

O mercado de crédito privado também foi tema de destaque no TAG Summit 2023. Com mediação de Osley Oliveira, diretor financeiro e de investimentos da Syngenta Previ, o painel “Crédito Privado: Acesso Exclusivo” trouxe três gestores para discutir o momento atual do segmento: André Fadul (Safra), Arturo Profili (Capitânia Investimentos) e Marcelo Urbano Dias (Augme Capital). Confira os destaques abaixo.

O primeiro semestre de 2023 foi marcado por eventos impactantes para o setor de crédito privado, e diversos fundos sofreram as consequências da crise da Americanas (AMER3) e a recuperação judicial da Light (LIGT3).

Para Profili, apesar de já haver um certo risco, o caso da Americanas foi surpreendente – uma vez que a arquitetura montada internamente foi muito sofisticada. Faduh complementou que é um caso que merece um escrutínio, visto que ainda é muito superficial a situação de quem está sendo acusado até o momento.

O gestor do Banco Safra defendeu que o mercado – e principalmente os gestores de crédito – não podem pagar por isso. “Naturalmente na nossa profissão você acaba tendo um confronto maior dado o prazo, nome e até mesmo quem está validando. O grande aprendizado é principalmente o de pressionar mais a parte de estruturação e distribuição do que está sendo colocado no mercado”, afirmou.

Questionado a respeito da empresa historicamente ter sido avaliada como Triple A antes da crise, Urbano complementou que apesar de ler os relatórios, o rating não deve nunca ser um fator principal na hora de alocar.

Os especialistas também foram questionados se o primeiro semestre foi visto como uma oportunidade. Faduh comentou que apesar de terem tido uma oportunidade – em um momento onde o Safra passava por um processo de fusão – também avaliaram o risco, dado o humor do mercado. “Geralmente o mercado acaba cobrando muito quando está num boom market. E não é porque se aproveitou bem o primeiro semestre que se deve encher a mão e carregar no risco”, ponderou.

Profili contou que a Capitânia teve que reduzir gradativamente posições que tinha, mas que parte dos fundos teve conforto para sofisticar as alocações no meio da crise: “Sim, aproveitamos oportunidades. Mas hoje, quanto mais longo o passivo, mais eu vou ter condições de comprar coisas interessantes em momentos pouco triviais”. 

Já Urbano comentou que com cerca de R$ 3 bi sob gestão – sendo menos de metade disso em ativos líquidos -, os fundos não têm uma liquidez muito óbvia. E mesmo com um capital um pouco mais “paciente”, tomaram bastante resgate.

Questionados sobre a saúde financeira das empresas atualmente, os especialistas afirmaram que a situação está melhor para o setor de corporate do que para as pequenas e médias. “Se eu fosse comparar, eu diria que mesmo com os juros altos que temos hoje, o cenário de crédito ainda está melhor do que a gente viu em 2015” afirmou Urbano, referindo-se ao ano em que a crise política e o cenário externo afetaram muito o mercado de crédito.

Por fim, a respeito do novo cenário com o início do ciclo de afrouxamento de juros, os gestores trouxeram suas perspectivas para o crédito privado. 

Profili comentou que vê o cenário com boas perspectivas, uma vez que o número de grupos econômicos que estão adentrando os mercados de capitais só cresce, e “isso permite a diversificação de carteira de ativos dos fundos”. 

Faduh reforçou a visão otimista do gestor da Capitânia, afirmando que é um momento importante para amadurecer. “O crescimento vem não só da parte técnica, mas também em termos de comportamento”, afirmou, complementando que é importante sempre alinhar as expectativas com o mandato. “A cobrança em cima do gestor é fundamental, o questionamento faz parte do aprendizado. E é isso que te faz estar mais preparado tanto nos bons quanto nos maus momentos”, concluiu.