[TAG SUMMIT 2023] Avistando Terra Firme?
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O segundo dia do TAG Summit 2023 segue com mais discussões de alto nível. No segundo painel – que traz o mesmo nome desta edição do evento como questionamento – Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual e ex-secretário do tesouro, conversou com André Leite e Livio Ribeiro sobre para onde devemos olhar no cenário atual para avistar terra firme.
A respeito do cenário global, questionado sobre o papel dos Bancos Centrais no controle da inflação, Mansueto afirmou que os BCs de outros países foram muito lenientes com a inflação, criticando a postura do Fed de interromper o aumento da taxa de juros com a perspectiva de retomá-lo.
“Tanto nos EUA quanto na Europa, os Bancos Centrais fizeram um trabalho ruim com mensagens dúbias, mas todo mundo teve um pouco de sorte”, afirmou o economista. Para ele, no caso do Brasil é diferente pois o ciclo começou antes: “a boa notícia é que o ciclo de inflação vem melhorando, o que permitiu iniciar antes o ciclo de corte de juros”, afirmou.
Sobre a situação fiscal, o economista-chefe do BTG afirmou que também temos uma vantagem por aqui: “a situação fiscal no Brasil é desafiadora, mas pelo menos aqui a gente estuda o debate de ajuste fiscal, o que não acontece nos Estados Unidos”. Mansueto afirmou que hoje o país norte-americano tem um problema fiscal que antes não tinha, e é preciso pensar como equacionar esta questão.
Questionado sobre o período geopolítico atual – em que os gastos militares devem subir – Mansueto afirmou que vários países hoje têm a necessidade de discutir a possibilidade de aumentar a carga tributária: “estamos em um novo mundo em que o nível de endividamento é muito mais do que 10 anos atrás, para todos os governos, e este gasto adicional vai gerar um problema de financiamento”.
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Sobre a reforma tributária no Brasil – mais especificamente a proposta do IVA – o ex-secretário do Tesouro se diz otimista, uma vez que o processo é muito gradual, o que ainda possibilita um “ajuste fino”. “A grande maioria dos economistas espera que o resultado líquido seja positivo, com uma solução muito grande de simplificação”.
Para Mansueto, o grande desafio a curto prazo para o Brasil será encontrar uma fórmula para as previsões do governo de sair do déficit primário. “Hoje o mercado não espera que o governo consiga cumprir o que se propôs”, afirmou.
Questionado sobre as perspectivas para a economia local, Mansueto ponderou que é muito mais difícil olhar mais pra frente do que no curto prazo. O economista-chefe do BTG Pactual afirmou que no longo prazo teremos que lidar com duas questões principais: a queda na população (e, consequentemente, na oferta de mão de obra) e a produtividade que será necessária para compensar essa questão.
Já a curto prazo, o objetivo principal do país deve ser a redução do juro real e também uma organização interna para poder atrair mais indústrias: “um país como o Brasil pode se beneficiar muito do contexto geopolítico se conseguir avançar mais nas reformas estruturais e dar mais previsibilidade”, concluiu.
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